Aumento na temperatura muda comportamento de produtores pelo segundo ano consecutivo, mas estado se mantém no topo da produção nacional. Responsável por mais de 40% da produção de inhame do país, ES antecipa a colheita por causa do calor. Espírito Santo
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A cultura do inhame no Espírito Santo se destaca pela geração de novas oportunidades de negócios, além de emprego e renda para as famílias rurais. O estado é líder nacional na produção do tubérculo, responsável por 44% do que é colhido no Brasil. No último ano, a produção foi de aproximadamente 98,5 mil toneladas. A colheita costumava começar em maio e seguir até outubro, mas o processo foi antecipado devido as altas temperaturas.
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Cerca de 30 municípios produzem inhame capixaba. Alfredo Chaves, no Sul do Espírito Santo, lidera com 28,4% da produção, seguido por Laranja da Terra (27,8%) e Marechal Floriano (9,8%).
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O produtor rural Jandir Gratieri, detentor da marca ‘O Rei do Inhame’, tem o cultivo na família, transmitido de geração em geração. Seu bisavô, Francesco Eugenio Gratieri, chegou à região em 1983, e encontrou os inhames nativos das Américas.
ES produz mais de 40% de inhame do país e colheita é antecipada por causa do calor
Nas terras da família, que ficam em São Bento de Urânia, em Alfredo Chaves, são seis hectares plantados com o tubérculo. Em três deles, a colheita já está sendo feita. Para ele, época de colheita é sinônimo de muito trabalho.
“A rotina é levantar 4h, 4h30, quando passa disso o dia já não rende. A mão de obra é familiar, braçal. A mulher da gente que acompanha, e agora tem a estagiária que nos ajuda”, falou o produtor rural.
A estagiária a qual ele se refere é a Kennya Litting. A estudante está no terceiro ano do ensino médio, integrado ao curso de técnico em agropecuária, e estuda na Escola Família Agrícola de Olivânia, em Anchieta, também no Sul do estado.
A jovem buscou a propriedade justamente por ser referência na produção do tubérculo.
“Eu já aprendi muita coisa, coisas que eu nem imaginava sobre as novas culturas do inhame, culturas antigas que eu nem sabia que existiam e, principalmente, a diferença do inhame para o cará. Para fazer o estágio aqui, eu tenho que fazer um relatório e é muito difícil achar referências corretas”, falou a estudante.
Responsável por mais de 40% da produção de inhame do país, ES antecipa a colheita por causa do calor.
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Além de produtor, Jandir é pesquisador e diretor-executivo da Associação dos Produtores de Inhame. Ele explica que a colheita costumava começar no mês de maio e seguir até outubro. Mas, pelo segundo ano consecutivo, o processo precisou ser antecipado, começando em março.
O motivo são as mudanças climáticas que afetam o mundo inteiro e, na região, fizeram com que as temperaturas amenas perdessem espaço para o calor, ocasionando no desenvolvimento mais rápido do inhame.
O risco era de que a produção ficasse perdida, se a colheita não fosse antecipada.
“A planta é muito inteligente, quando ela sente que tá num período que vai entrar seca, ela já sente, então tem que formar rapidamente a parte do tubérculo e a copa porque quando entrar um intempérie, já estará pronta. Hoje, o inhame passando dos oito meses já começa a deteriorar e a perder água. Então, se o produto antecipou, você tem que antecipar. Ou então ele vai ficando aguado e para o comércio fica péssimo”, explicou.
No campo, Jandir segue com as pesquisas de melhoramento da cultura.
“A gente avalia o comportamento da planta, como foi a produtividade, o vigor, se a colheita foi híbrida e se não foi. Também consideramos se planta tem perfil de plantio de produção ou plantio de florescimento, ou seja, se é necessário a ela estar aqui para as futuras gerações, por ser rígida e tolerante a pragas e doenças e aguentar as intepéries”, pontuou.
O produtor rural Jandir Gratieri, detentor da marca ‘O Rei do Inhame’, tem o cultivo na família, transmitido de geração em geração.
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O trabalho de produtores como o Jandir faz São Bento de Urânia ser responsável por 80% da produção do município de Alfredo Chaves. A maioria vem da agricultura familiar.
Apesar dos impactos das mudanças climáticas e graças a adaptação dos produtores, a safra de 2024 também deve terminar antes do previsto e promete ser boa.
Jandir já conseguiu colher 3 mil caixas de 20 quilos cada, e espera conseguir outras duas mil até agosto.
“50% do que a gente colher vai para o Rio de Janeiro, 40% vai para Belo Horizonte e o restante é consumido no mercado capixaba. Realmente os tubérculos estão bem nutridos, nós estamos acima da média da produção nacional que é de 15 toneladas por hectare e a nossa é 35”, disse Jandir.
Uso de tecnologia
Responsável por mais de 40% da produção de inhame do país, ES antecipa a colheita por causa do calor.
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Além do conhecimento e pesquisa sobre as características do produto, o uso de tecnologias agrícolas avançadas, como sistemas de irrigação eficientes, práticas de manejo integrado de pragas e variedades melhoradas geneticamente têm aumentado a produtividade e a qualidade do inhame capixaba.
“O inhame é mais um assunto que dá mérito ao protagonismo do Espírito Santo na produção agrícola. Entre os mais de três mil estabelecimentos rurais que produzem a raiz no Estado, 88% são da agricultura familiar. A produção estadual abastece principalmente o mercado interno, mas também avançamos no comércio exterior. No ano passado, o inhame capixaba chegou a 19 países, sendo Estados Unidos e Reino Unido os principais consumidores”, ressaltou o secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Enio Bergoli.
Responsável por mais de 40% da produção de inhame do país, ES antecipa a colheita por causa do calor
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Segundo a Gerência de Dados e Análises da Secretaria da Agricultura (Seag), a renda rural gerada com a produção de inhame no ano de 2022 foi de R$ 363,8 milhões (1,5% do Valor Bruto de Produção Agropecuária) no grupo de olericultura, sendo o segundo maior valor gerado depois do tomate (R$ 587 milhões).
Naquele mesmo ano, a produção atingiu 107,6 mil toneladas, o maior já registrado no Estado, em uma área de 3,3 mil hectares.
Valor nutritivo e energético
Responsável por mais de 40% da produção de inhame do país, ES antecipa a colheita por causa do calor. Espírito Santo
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Originário do sudeste asiático, o inhame é plantado desde a antiguidade. O tubérculo possui elevado valor nutritivo e energético, contendo vitaminas e sais minerais, contém grânulos pequenos, assim é um alimento de fácil digestibilidade.
O inhame desempenha um importante papel na alimentação dos brasileiros, por ser uma raiz tuberosa versátil e nutritiva amplamente consumida em diversas regiões. E nesse quesito, o Espírito Santo protagonista, visto que boa parte da produção nacional tem origem do solo capixaba.
Indicação Geográfica
Responsável por mais de 40% da produção de inhame do país, ES antecipa a colheita por causa do calor. Espírito Santo
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Somente podem utilizar o selo da Indicação Geográfica São Bento de Urânia os inhames da variedade São Bento. Essa variedade foi registrada como cultivar no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 2008, pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
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Dentre as variedades de inhame plantadas em território capixaba estão o Inhame Chinês; Inhame Branco do Brejo; Inhame Rosa Italiano. Atualmente, a região também conta com o Inhame São Bento, genuinamente capixaba, que apresenta produtividade superior às outras variedades.
O inhame já faz parte da economia e da cultura de São Bento de Urânia. Além da importância comercial, desde 2007, é realizada anualmente a Festa do Inhame, que comemora o início do ciclo da colheita no município.
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Fonte da Máteria: g1.globo.com