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O que é uma 'implosão'; relembre o que aconteceu com o submarino Titan


Tragédia completa um ano e ainda não se sabe o que causou a implosão. Investigadores acreditam que houve uma falha do submarino em lidar com a pressão a níveis profundos do mar. O que é uma ‘implosão’ e o que acontece quando um submarino implode?
Há um ano, em 18 de junho de 2023, o submarino Titan implodiu em águas profundas do Atlântico. Os cinco bilionários que estavam a bordo da expedição turística ao local de destroços do Titanic morreram.
Foram quatro dias de buscas até que a Guarda Costeira dos Estados Unidos confirmasse a implosão e a empresa OceanGate, dona do submarino e responsável pela expedição, anunciasse a morte de todos os passageiros.
O que é implosão?
👉 Implosão é o que ocorre quando um objeto, uma estrutura ou um edifício colapsa ou desmorona em direção ao seu centro. É o oposto da explosão, na qual a força que leva à destruição é liberada para fora a partir do centro do objeto.
Em 2017, o submarino argentino ARA San Juan, que desapareceu e demorou 1 ano para ser encontrado, também “implodiu” no fundo do mar.
À época, a Marinha da Argentina disse que o casco permaneceu bastante intacto, apenas com algumas deformações, e que todas as outras partes se desprenderam.
No caso do submarino Titan, os destroços foram encontrados a 3.800 metros de profundidade no Oceano Atlântico, a 600 quilômetros da costa do Canadá.
Apesar das investigações sobre as causas da tragédia ainda não terem sido concluídas – e se manterem adiadas por tempo indeterminado –, investigadores já sabem que a implosão foi provavelmente causada por uma falha no submarino em lidar com a pressão um nível tão profundo do mar.
Ainda não se sabe por que houve essa falha e a OceanGate também não esclareceu publicamente os detalhes que podem ter levado à implosão. Em agosto, a Guarda Costeira deve fazer uma audiência pública planejada para discutir o que seus engenheiros descobriram até agora.
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Cenário provável do submarino Titan
Ainda que o motivo da falha ainda não tenha sido descoberto, é sabido que, quando um submarino mergulha, a pressão da água aumenta progressivamente.
Em geral, esses veículos são projetados para suportar a pressão da coluna d’água: são construídos com cascos reforçados e materiais resistentes.
Entretanto, Thiago Pontin Tancredi, professor do curso de engenharia naval da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e supervisor do laboratório de simulação naval, explica que o Titan era feito de fibra de carbono e titânio, dois materiais sobre os quais há pouco estudo sobre como se comportam quando sujeitos a várias pressões diferentes.
Segundo Tancredi, um dano na estrutura do casco é uma das causas possíveis da implosão.
“Quando submerge e emerge, [o submarino] vai acumulando danos. Não é porque fez a missão uma vez que é seguro. Fazer a missão uma vez significa que ele estava bem dimensionado, mas vai acumulando amassados e trincas, o que pode levar a uma falha estrutural”, afirma Thiago.
Antes de implodir, o próprio Titan vinha fazendo expedições anuais ao Titanic desde 2021 e registrando a decadência dos destroços do navio, além do ecossistema subaquático ao redor do transatlântico.
Mesmo com o acidente, a exploração em alto mar continua. A empresa planeja visitar novamente os restos do Titanic em julho, usando veículos operados remotamente. Um bilionário de Ohio também afirmou que planeja uma viagem até o naufrágio em um submersível para duas pessoas em 2026.
(MODELO 3D: Deslize o mouse para os lados para ver submarino)

Um elefante a cada 25 cm quadrados
O professor de engenharia naval afirma que a pressão exercida em um submersível a 3,8 mil metros de profundidade é equivalente a um elefante apoiado em cada pedaço de 5 x 5 centímetros (25 centímetros quadrados) do casco.
Se a pressão externa exceder a resistência da estrutura, isso causa um desequilíbrio de pressão dentro e fora do casco, resultando em um colapso súbito da estrutura.
A implosão ocorre justamente quando a pressão da água esmaga o casco do submarino, comprimindo-o para dentro.
Ainda de acordo com o professor e engenheiro naval Thiago Pontin, um pequeno amassado no casco, ainda que represente algo em torno de 2% de toda a sua superfície, é suficiente para reduzir a profundidade máxima de operação de um submarino em 50%.
Como é feito de fibra de carbono, a implosão deve ter causado um efeito similar ao vidro estilhaçado, se partindo em muitos pedaços. Já as partes em titânio devem se comportar como metal, ficando retorcidas, segundo a avaliação de Pontin.
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Vitória Coelho e Wagner Magalhães | Arte g1

Fonte da Máteria: g1.globo.com