♪ OPINIÃO – Anitta perdeu cerca de 200 mil seguidores ao gravar e lançar o clipe da música Aceita dentro do universo do Candomblé, religião que professa há mais de dez anos.
A perda foi por causa da intolerância religiosa dos que perseguem adeptos das religiões de matriz afro-brasileira, como a artista carioca.
Por isso mesmo, convidar Anitta para integrar o time de compositores de um concorrente samba-enredo da escola de samba Unidos da Tijuca é certeiro golpe de marketing desferido contra a inaceitável intolerância religiosa.
É que, no Carnaval de 2025, a agremiação carioca vai desfilar com o enredo Logun-Edé – Santo menino que velho respeita. No Candomblé, Anitta é considerada filha de Logun-Edé, orixá filho de Oxossi e Oxum.
Anitta vai assinar o samba-enredo com Feyjão (compositor que teve a ideia do convite a Anitta, prontamente aceito), Fred Camacho, Diego Nicolau, Miguel Pinto Guimarães e Estevão Ciavatta.
Anitta diz que perdeu 200 mil seguidores por clipe em homenagem ao candomblé; entenda
A simples presença de Anitta no time de compositores é chamariz que por si só já fortalece o samba-enredo na disputa promovida pela Unidos da Tijuca para escolher o samba do Carnaval de 2025.
Para quem por acaso achar que isso também é estratégia de marketing, cabe lembrar que o samba-enredo é gênero musical cuja criação tem ficado cada vez mais associada a estratégias e esquemas empresariais. É comum que seis, sete, oito ou até mais compositores assinem um samba-enredo, e isso não significa que todos participaram efetivamente da composição do samba.
Anitta, pelo que consta, participará de fato da criação da composição. E, qualquer que seja a contribuição da artista na formatação do samba-enredo Logun-Edé – Santo menino que velho respeita, ela é bem-vinda.
Primeiro, porque mostra que a artista é cabeça feita em relação à questão religiosa e que não se intimidou com a reação preconceituosa da parcela do público que deixou de seguir a cantora por conta de um clipe com signos afro-brasileiros.
Segundo, porque Anitta é compositora que tem real intimidade com o Candomblé, sobretudo com o orixá tema do enredo da Unidos da Tijuca, e, por isso mesmo, a artista pode agregar valor ao samba.
Que vença, portanto, o melhor samba-enredo na disputa da Unidos da Tijuca, seja ele o time de Anitta ou não, pois o importante é abrir alas para a prática pacífica de qualquer religião, sem preconceito contra a fé alheia.
Fonte da Máteria: g1.globo.com