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Mbappé volta a pedir votos contra a extrema direita na França; 'Não podemos deixar o país nas mãos dessa gente'


Extrema direita, de Marine Le Pen, saiu vencedora do primeiro turno; candidatos de centro e de esquerda se unem para tentar reverter quadro. O jogador francês Mbappé celebra gol durante partida contra a Polônia, em 25 de junho de 2024.
Leon Kuegeler/Reuters
O capitão da seleção francesa de futebol, Mbappé, fez um apelo nesta quinta-feira (4) para que os eleitores franceses não votem na extrema direita durante o segundo turno das eleições legislativas francesas.
O partido Reagrupamento Nacional (RN), da líder de extrema direita Marine Le Pen, ficou em primeiro lugar no primeiro turno do pleito. O segundo turno acontecerá neste domingo (7).
Em entrevista à imprensa, o jogador chamou o resultado de “catastrófico” e pediu que os eleitores “votem no lado bom”.
“Mais do que nunca, temos que ir votar. É realmente urgente. Não podemos deixar o país nas mãos destas pessoas. Vimos os resultados. É catastrófico”, disse o atacante, que está na Alemanha, onde nesta sexta-feira a França vai enfrentar Portugal pelas quartas de final da Eurocopa-2024.
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Embora Mbappé não tenha citado o RN durante a sua resposta, deixou a entender que se referia à extrema direita logo antes de responder o jornalista que lhe fez a pergunta. Ao procurá-lo com os olhos, o repórter lhe indicou que estava “na extrema esquerda”. “Que bom, felizmente você não está do outro lado”, respondeu o atacante.
Em meados de junho, o capitão da seleção francesa já havia criticado a extrema direita e pedido aos jovens que fossem votar.
Desde que chegaram à Alemanha, os jogadores da seleção francesa têm sido frequentemente questionados sobre as eleições legislativas e uma eventual vitória do partido de extrema direita no final do segundo turno, que acontece no domingo.
Marcus Thuram e Jules Koundé pediram claramente para que o RN seja enfrentado, enquanto o meia Aurélien Tchouaméni se posicionou “contra os extremos”, como Mbappé havia feito inicialmente.
Os outros jogadores da seleção questionados sobre o assunto se contentaram em fazer apelos a favor do comparecimento às urnas.
O presidente da Federação Francesa de Futebol, Philippe Diallo, disse na quarta-feira (3) à AFP que não houve “divergências” com os jogadores da seleção nacional e que a sua organização garante “liberdade de expressão”, embora tenha lembrado o “dever de neutralidade” da entidade.
Raí
Raí durante discurso em Paris em ato contra a extrema direita
Reprodução
O ex-jogador brasileiro Raí também entrou na campanha contra a extrema direita na França. Na quarta-feira (3), ele discursou em uma manifestação em Paris.
Raí, ídolo do Paris Saint-Germain e ex-jogador da seleção brasileira, participou de comício da Nova Frente Popular, bloco de partidos de esquerda. Esquerda e o centro, este ligado ao presidente Emmanuel Macron, costuram um acordo para barrar o avanço do partido de Le Pen.
“Viva a França, viva a República, viva a democracia”, disse Raí, em francês, aplaudido pela multidão, segundo o jornal Le Parisien.
“Conheço bem a extrema direita. O que eles fazem de melhor é mentir. Eu os conhecia no poder. A extrema direita é o fim do mundo, é o fim dos direitos humanos, da humanidade”, afirmou o ex-jogador.
Em seguida, numa aparente alusão ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), declarou:
“No Brasil, vivemos um pesadelo. Quatro anos de misoginia, quatro anos de homofobia, preconceito, milhares de mortes, desmatamento. A extrema direita é o ódio. Se quisermos mudar a nossa realidade, o nosso poder de compra, a nossa vida, vamos mudar com uma estratégia, um projeto, uma nova política, mas os nossos valores fundamentais nunca devem mudar”.
Raí, por fim, pediu que os eleitores saiam às ruas no domingo para votar contra a extrema direita: “Vão votar, meus amigos franceses, vão convencer seus amigos, sua família a votar, pela França, pela humanidade, pelo planeta, pela raça humana”.
Eleições na França
O partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, saiu à frente no primeiro turno das eleições parlamentares da França, realizado no domingo (30).
A sigla, segundo o Ministério do Interior francês, obteve 33% dos votos. A Nova Frente Popular, um grande bloco de partidos de esquerda, ficou em segundo lugar, com 28% dos votos, e o bloco centrista do presidente francês, Emmanuel Macron, terminou em terceiro lugar, com 20% dos votos.
O pleito, que havia sido convocado apenas três semanas atrás, teve recorde de participação em quase 40 anos — na França, o voto não é obrigatório — e concretizou o favoritismo do grupo político de Le Pen. O resultado seguiu o que projetaram pesquisas de intenção de votos.

Fonte da Máteria: g1.globo.com