Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais da ESPM, avalia que país tem força para influenciar a política mundial, mas ressalta importância de eleição dos Estados Unidos, em novembro. Keir Starmer e Victoria Alexander Starmer em Downing Street
GloboNews/Reprodução
O Partido Trabalhista, de centro-esquerda, quebrou um ciclo de 14 anos de poder do Partido Conservador no Reino Unido com uma vitória considerada esmagadora para o Parlamento: a legenda conquistou mais de 410 assentos, superando com folga o mínimo necessário para assegurar a maioria na Casa durante a madrugada desta sexta-feira (5). Com a vitória, Keir Starmer, líder dos Trabalhistas, foi nomeado novo primeiro-ministro do Reino Unido.
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Para Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais da ESPM, essa vitória representa pode representar uma mudança dos rumos para a política mundial, mas ressalta que tudo ainda depende do que está por vir no pleito marcado para novembro, nos Estados Unidos, onde Donald Trump pode retornar ao poder.
“Temos que lembrar o papel da Inglaterra, que sempre foi um sinalizador de tendência. É pensar, por exemplo, nos Beatles, que lá nos anos 1960 saíram na frente. A Inglaterra dá um sinal pra onde está indo o mundo e esse sinal não está isolado, pois no norte da Europa, com Dinamarca e Suécia, a social-democracia está vagarosamente renascendo. Isso é um sinal”, diz Trevisan em entrevista ao Em Ponto, da Globonews.
Vitória trabalhista no Reino Unido é um sinal para o mundo, diz especialista
Sobre o fato de a extrema direita também ganhar destaque em países como Itália e, mais recentemente, França, o especialista diz que ainda não é um movimento consolidado. “Temos a Giorgia Meloni, que é uma liderança. Georgia Meloni é neta de Mussolini, mas vamos devagar. Ela está escondida e a Alemanha a conteve com 209 bilhões de euros em suaves prestações para permanecer na Europa e sem fazer delírios eurocéticos”, ressalta.
“A Europa que pode estar sinalizando, mais uma vez, veio do outro lado do Canal da Mancha. Podemos ter, sim, essa esperança. É claro que nós vamos ter que olhar que o resultado de 5 de novembro nas eleições dos Estados Unidos. Vai ser o mais forte, mas tem um sinal forte em Keir Starmer e o que ele representa. Ele é o primeiro da família dele a cursar uma universidade, foi advogado de direitos humanos antes de ser promotor, ele conquistou o título de sir pelo serviço prestado exatamente de proteção a uma mentalidade de direitos humanos na promotoria britânica”, continua Trevisan.
O professor diz que Reino Unido, Suécia e Dinamarca podem fazer o mundo ver que não existem apenas “tempestades” provocadas pela extrema direita. “[A eleição no Reino Unido] sinalizou algo novo no contexto político e isso pode ter grandes repercussões no contexto todo do mundo”.
Um dos exemplos cruciais destacados pelo especialista será na relação do Reino Unido com a China. Para ele, mesmo se Trump vencer, os britânicos poderão ser um ponto de equilíbrio.
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Keir Starmer
Phil Noble/Reuters
Como fica o parlamento?
Veja abaixo o desenho do Parlamento do Reino Unido até a última atualização:
Partido Trabalhista (centro-esquerda): aumenta de 205 para 412 assentos (+207)
Partido Conservador (centro-direita): cai de 344 assentos para 120 (-224)
Partido Liberal Democrata: aumenta de 15 para 71 (+56)
Partido Nacional Escocês: cai de 43 para 9 (-34)
Sinn Féin: manteve 7
Partido Reformista (extrema direita): aumenta de 1 para 4 (+3)
Partido do País de Gales: sobe de 3 para 4 (+1)
Partido Verde: sobe de 1 para 4 (+3)
A definir: 3
Outros: 16
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Fonte da Máteria: g1.globo.com