Falha global não se concretizou. Empresas e governos gastaram bilhões de dólares para atualizar seus sistemas nas vésperas da virada do ano. Falha em computadores causa ‘tela azul’ em aeroporto de Newark, nos EUA, nesta sexta, 19 de julho de 2024
Bing Guan/Reuters
Era 31 de dezembro de 1999. A energia festiva da véspera de Ano Novo estava misturada a um medo que assombrava o mundo. À meia-noite, uma falha global poderia colapsar tudo que era comandado por computadores: bancos, aviação, sistemas de energia, telefonia e serviços básicos.
Poucas pessoas ousaram voar durante a virada do ano. Era o medo do chamado “bug do milênio”, que não se concretizou.
Nesta sexta-feira (19), quando um apagão cibernético afetou vários lugares do mundo, diversas pessoas no X brincaram que ele chegou 24 anos atrasado. “Quem diria que o bug do milênio só estava atrasado”, disse um usuário da rede social. “O bug do milênio chegou 24 anos atrasado, com isso podemos chamar de bug Rubens Barrichello?”, brincou outro.
💻 A pane mundial foi causada por uma falha em uma atualização de uma ferramenta de segurança da empresa CrowdStrike. Ela funciona como uma espécie de antivírus para empresas. O problema cancelou voos e impactou bancos, serviços de saúde e serviços públicos em diversos países do mundo.
“Empresas entraram em pânico, porque seus sistemas de produção poderiam colapsar, e até pessoas com marcapassos estavam assustadas. A turma catastrofista dizia que era o apocalipse e o que mundo voltaria a Idade das Trevas. Sorte da humanidade que naquela época não existia redes sociais”, disse o comentarista Ariel Palacios.
“A venda de armas nos Estados Unidos em dezembro de 1999 cresceu 20%. Alguns compraram galinhas para ter comida em casa, com ovos frescos, caso o caos se espalhasse nas ruas. E construíram bunkers em locais isolados”, relembrou Palacios.
Central de operações contra o ‘bug do milênio’ em Los Angeles, nos EUA
Jim Ruymen/AFP/Arquivo
📆 O medo do “bug do milênio” tinha a ver com a virada da data. Os sistemas mais antigos de computadores registravam as datas com dois dígitos, inclusive para os anos – 98 e 99, por exemplo.
➡️ A grande falha iria acontece se, à meia-noite, os computadores lessem o “00” de 2000 como sendo de 1900.
💰 Para evitar o equívoco que supostamente levaria a uma hecatombe, empresas e governos gastaram bilhões de dólares para atualizar seus sistemas.
Na França, o Crédit Agricole gastou quase € 140 milhões, enquanto a France Telecom, agora rebatizada de Orange, gastou € 160 milhões.
A empresa de trens francesa SNCF voluntariamente parou todos os seus trens por 20 minutos entre 23h55 e 00h15, por simples precaução, o tempo para verificar se tudo estava funcionando.
Não se sabe o dinheiro investido ajudou a evitar o desastre. Fato é que o apagão cibernético desta sexta causou muito mais transtornos que o tão temido bug do milênio.
Duas décadas do “Bug do Milênio”
Fonte da Máteria: g1.globo.com