O g1 procurou especialistas para entender qual o melhor caminho a tomar: juntar o dinheiro desde já, ou usar um bom recurso de parcelamento para diluir o custo ao longo do tempo. IPVA pode ser quitado à vista ou parcelado
Pedro Guerreiro / Ag. Pará
O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) costuma bagunçar o bolso do motorista em todo início de ano. Os especialistas em finanças sempre reforçam que pagar à vista pode trazer uma série de benefícios, como descontos.
Mas a dificuldade de fazer uma grana sobrar em meio ao pagamento de outros impostos (caso do IPTU) e gastos extraordinários (material escolar, reajustes de mensalidades, entre outros) tem aumentado a procura pelo pagamento parcelado.
Um levantamento realizado pela Zapay, fintech especializada em pagamentos, e pelo Sem Parar mostra que 50,2% dos clientes de uma amostra mais de 600 mil pessoas da sua base quitaram o IPVA de forma parcelada no período de janeiro a junho deste ano. Trata-se de um aumento de 147% em relação ao ano anterior. (saiba mais abaixo)
A pouco menos de seis meses do fim do ano, o g1 procurou especialistas para entender qual o melhor caminho a tomar: procurar juntar o dinheiro desde já, ou usar um bom recurso de parcelamento para diluir o custo ao longo do tempo.
Veja a seguir.
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Quando terei que pagar o IPVA?
O IPVA é uma tributação anual e obrigatória. Normalmente, ele começa a ser cobrado já em janeiro.
O imposto é calculado através de uma alíquota que é definida por cada estado. Em São Paulo, por exemplo, o valor é definido por meio do cálculo de 4% do valor venal estabelecido pela tabela Fipe.
▶️ EXEMPLO: Se o carro vale R$ 100 mil, o imposto será de R$ 4 mil.
💵 No Tocantins e em Santa Catarina, onde a alíquota é de 2%, o IPVA para o mesmo carro seria a metade do que é cobrado em São Paulo.
Atualmente, o carro mais em conta do Brasil é o Fiat Mobi na versão Like, que custa R$ 72.990. Assim, o imposto para possuir este, que é o carro zero quilômetro mais barato do Brasil, seria de R$ 2.929,60 em São Paulo — ou R$ 1.464,80 em Tocantins ou Santa Catarina.
Quando devo pagar o IPVA à vista?
O principal benefício do pagamento à vista é o desconto no valor cheio do imposto. Em São Paulo, o desconto para quem paga o IPVA de uma única vez é de 15%.
Voltando ao exemplo do carro de R$ 100 mil, o IPVA de R$ 4 mil cairia para R$ 3,4 mil. Mas quando aproveitar o desconto de R$ 600?
O que especialistas em finanças costumam reforçar é que a pessoa não pode ficar descapitalizada para aproveitar o desconto. Ou seja, só é vantajoso aproveitar o valor menor se as reservas financeiras não ficarem comprometidas em troca do benefício.
Em outras palavras: não é recomendável que a pessoa arrisque ficar sem dinheiro para emergências em troca do desconto.
Outro ponto de atenção é o custo de oportunidade. O que compensa mais: ter o dinheiro agora para outro uso (ou para uma remuneração de um investimento) ou usar essa quantia disponível para pagar o IPVA à vista?
“Se a pessoa decidiu pagar à vista, significa que ela tem o recurso total. Mas se o contribuinte não for organizado financeiramente, se não tiver disciplina para cuidar das contas ou não tem tempo para fazer esse microgerenciamento, é melhor pagar à vista”, alerta a planejadora financeira Paula Bazzo.
“Assim também elimina a chance de esquecer o pagamento e acabar pagando juros, o que pode trazer um efeito rebote”, explica.
Uma boa opção para quem pretende pagar o IPVA à vista em 2025 é começar já. Em vez de jogar a conta parcelada para a frente, o ideal nesse caso é reservar um pouquinho a cada mês, até o fim do ano, para tentar fazer o pagamento de uma só vez, com valor menor.
Como saber se um carro passou por enchente?
Quando devo parcelar o IPVA?
Tanto para a situação em que o contribuinte não tem todo o montante para quitar o IPVA, quanto para os momentos em que gastar a quantia de uma única vez não vale a pena, há o parcelamento.
Paula Bazzo lembra que é importante fazer um bom manejo do dinheiro justamente nessa época de pagamento do imposto, pois há um acúmulo de contas que chegam ao mesmo tempo.
“Nessa época do ano tem compra de material escolar, IPTU, matrículas escolares, gastos com compras de fim de ano e outras obrigações financeiras. É um momento em que as famílias têm um desembolso muito elevado sem uma contrapartida. Fracionar o IPVA pode ser mais saudável financeiramente, para manter o fluxo de caixa”, orienta.
O segundo aspecto, afirma a especialista, é se só existirem descontos com porcentagem menor do que uma taxa de crescimento de um determinado investimento.
“Hoje, a taxa Selic está em 10,5% ao ano. Para tirar o dinheiro de uma aplicação para pagar o IPVA com desconto, é preciso que esse desconto seja de 10,5% ou mais. Se a alíquota do desconto for menor, é aconselhado deixar o dinheiro investido e pagar parcelado”, aconselha a especialista.
Paula Bazzo reforça, porém, que qualquer aplicação feita com esse propósito precisa ser do tipo mais conservador possível, que evite qualquer risco de perda. É o caso do Tesouro Direto ou títulos de renda fixa que pagam 100% do CDI.
Com todo o cuidado no uso, um item que pode facilitar a vida de quem opta pelas parcelas é a utilização do cartão de crédito.
O levantamento da Zapay mostra que 55,6% dos clientes utilizaram essa modalidade na hora de quitar o débito com o Detran. E 33% deles escolheram dividir as parcelas em 12 meses.
“O parcelamento no cartão de crédito proporciona maior flexibilidade e uma chance de alívio no bolso dos brasileiros, permitindo que mantenham seus veículos em dia sem comprometer fortemente o orçamento mensal”, diz Adalberto Da Pieve, CMO da Zapay.
A consideração a ser feita é ter atenção ao comprometimento da renda mensal com as parcelas do cartão de crédito, que é a modalidade com juros mais altos no mercado e fruto da maior parte do endividamento dos brasileiros.
A recomendação é avaliar bem se as parcelas alongadas por tempo demais não comprometem o limite ou a capacidade de conciliar o pagamento do IPVA com as outras contas no cartão.
Planejamento
Independentemente da modalidade de pagamento do IPVA, o melhor a se fazer é se planejar. Para não ter surpresas, consulte sempre o valor do seu veículo na tabela Fipe e cheque a alíquota do seu estado na tabela abaixo:
▶️ LEMBRE-SE: IPVA e licenciamento são impostos diferentes.
O IPVA deve ser pago por todos aqueles que possuem um veículo automotor, seja moto, carro, caminhão ou ônibus.
O licenciamento só pode ser pago após a quitação do IPVA, e é cobrado pelo direito de ir e vir com esse bem. É como se fosse uma “autorização” que o estado te dá para rodar com a sua propriedade pelas ruas e rodovias.
Em 2023, a arrecadação do IPVA resultou em mais de R$ 81 bilhões para os cofres públicos, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
De acordo com a Secretaria da Fazenda de São Paulo, o total arrecadado é destinado para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb, que fica com 20%); 40% vai para o Governo Estadual e outros 40% ficam com o município onde o veículo está registrado.
Essa regra vale para qualquer estado brasileiro.
Fonte da Máteria: g1.globo.com