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'Entreguem as atas', diz María Corina, líder da oposição a Maduro na Venezuela


Organização dos Estados Americanos divulgou relatório no qual aponta suspeitas de que o governo Maduro distorceu resultado do pleito realizado no domingo (28). Maduro culpou Corina e Edmundo González por mortos, feridos e presos. Manifestação de oposição a Maduro liderada por María Corina Machado e Edmundo González em frente à sede da ONU em Caracas em 30 de julho de 2024.
AP Photo/Matias Delacroix
“Entreguem as atas [da votação]”, disse María Corina Machado, líder da oposição a Nicolás Maduro na Venezuela, durante uma manifestação nesta quarta-feira (30), em Caracas.
Corina também disse que a oposição não aceitará negociar resultados. “Que não nos procurem para negociar resultados. Resultados não se negociam. A soberania popular não se negocia. A única coisa que estamos dispostos a negociar é uma transição em paz com garantia para toda a nação.”
Os venezuelanos foram às urnas no domingo (28). Na madrugada de segunda (29), o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Nicolás Maduro vencedor com 51,2% dos votos. O principal candidato da oposição, Edmundo González, ficou com 44% dos votos, ainda de acordo com a Justiça eleitoral do país.
No entanto, o resultado foi anunciado com 80% dos votos apurados, e as atas de votação — documentos que registram o número de votos e o resultado em cada local de votação — não foram divulgadas pelo CNE.
Nesta terça, Maduro disse que González e Corina são os responsáveis “pela violência criminosa, pelos delinquentes, pelos feridos, pelos mortos e pela destruição” e afirmou que “a justiça vai chegar”.
Protestos da oposição tomaram a Venezuela desde a divulgação do resultado das urnas. A oposição e a comunidade internacional questionam os números do CNE e pedem transparência. A Organização dos Estados Americanos (OEA) também disse que não reconhece o resultado das eleições e disse haver indícios de que o governo Maduro distorceu o resultado. (Leia mais abaixo)
Manifestantes queimam banner durante protesto em Caracas, no dia 30 de julho de 2024, um dia após a eleição presidencial na Venezuela
Yuri Cortez/AFP
As manifestações se espalharam por todas as regiões da Venezuela nesta terça. Pelo menos 11 pessoas morreram e outras dezenas ficaram feridas, segundo a ONG Pesquisa Nacional de Hospitais.
De acordo com o procurador-geral da Venezuela, mais de 700 manifestantes foram presos no país desde as eleições.
OEA não reconhece resultado
Em relatório feito por observadores que acompanharam o pleito, a OEA diz haver indícios de que o governo Maduro distorceu o resultado. Por isso, a organização não reconhece o resultado das eleições presidenciais anunciado pela Justiça eleitoral venezuelana.
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Um dos principais indícios, segundo o documento, foi a demora na divulgação dos resultados apesar de o país ter urnas eletrônicas. O texto afirma também ter havido relatos de “ilegalidades, vícios e más práticas”.
O relatório concluiu que o Centro Nacional Eleitoral (CNE), a principal autoridade eleitoral da Venezuela, comandada por um aliado do governo venezuelano, proclamou Maduro como vencedor sem apresentar os dados para comprovar o resultado e afirmou que os únicos números divulgados em canais oficiais revelam “erros aritméticos”.
“Mais de seis horas após o encerramento da votação, o CNE fez um anúncio […] declarando vencedor o candidato oficial, sem fornecer detalhes das tabelas processadas, sem publicar a ata e fornecendo apenas as porcentagens agregadas de votos que as principais forças políticas teriam recebido”, diz o texto.
O relatório da OEA também afirmou que o regime venezuelano aplicou “seu esquema repressivo” para “distorcer completamente o resultado eleitoral”.
“Ao longo de todo este processo eleitoral assistimos à aplicação por parte do regime venezuelano do seu esquema repressivo complementado por ações destinadas a distorcer completamente o resultado eleitoral, colocando esse resultado à disposição das mais aberrantes manipulações”.
OEA diz não reconhecer resultado das eleições na Venezuela
Divulgação incompleta de resultado
A Venezuela foi às urnas no domingo, e, na madrugada de segunda-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Nicolás Maduro vencedor com 51,2% dos votos. O principal candidato da oposição, Edmundo González, ficou com 44% dos votos, ainda de acordo com a Justiça eleitoral do país.
No entanto, o resultado foi anunciado com 80% dos votos apurados, e as atas de votação — documentos que registram o número de votos e o resultado em cada local de votação — não foram divulgadas pelo CNE.
A oposição venezuelana contestou o resultado e acusou o CNE de fraude. Na noite de segunda, a oposicionista María Corina Machado afirmou ter tido acesso a 73% das atas, que, segundo ela, dão vitória a Edmundo González.
O grupo oposicionista abriu um site com as atas às que a oposição teve acesso para provar sua versão.
Uma contagem rápida independente à qual o Blog da Sandra Cohen teve acesso nesta terça-feira aponta vitória de González sobre Maduro por 66.2% a 31.2%.
Na segunda-feira (29), nove países da América Latina pediram uma reunião de emergência da OEA para discutir o resultado divulgado pelo CNE. O pedido foi feito por Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.
Em uma carta conjunta, os países “manifestam profunda preocupação com o desenvolvimento das eleições presidenciais” na Venezuela e exigem uma “revisão completa dos resultados com presença de observadores eleitorais independentes que assegurem o respeito à vontade do povo venezuelano que participou de forma massiva e pacífica”.
Nesta terça, Brasil, México e Colômbia devem divulgar uma declaração conjunta cobrando a divulgação das atas eleitorais por parte do governo.

Fonte da Máteria: g1.globo.com