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'O hate que o emo sofreu ajudou o movimento a crescer', afirma vocalista da banda Gloria


Banda paulistana sobe ao Palco Terra do Santa Bárbara Rock Fest no domingo (25), às 17h30. Mi Vieira (à frente) é vocalista do Gloria, uma das atrações do Santa Bárbara Rock Fest neste domingo.
Luringa/Gloria/Divulgação
Subgênero que ganhou os holofotes nos anos 2000, o emocore – ou, simplesmente, emo – conquistou muitos adeptos no Brasil e, ao mesmo tempo, despertou a ira de roqueiros mais conservadores . Todo esse hate (ódio, em inglês) fez bem para o movimento e o ajudou a crescer, na opinião de Mi Vieira, vocalista do Gloria, grupo que se apresenta no domingo (25), às 17h30, no Santa Bárbara Rock Fest, que tem entrada gratuita.
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Seja pela reprovação à musicalidade melódica, às composições com ênfase nas emoções, ao estilo de se vestir ou ao corte de cabelo, o fato é que músicos e os fãs do estilo não tiveram vida fácil. O que para o frontman da banda criada em São Paulo em 2002 foi tão ruim a ponto de alguns músicos se incomodarem com o rótulo.
“Na nossa época existiu tanto esse hate contra o emo que as bandas grandes do estilo que estão aí até hoje tinham vergonha de falar que eram emo na época. Tinham medo, porque se você falasse que era do estilo, os caras tiravam sarro”, diz Mi.
Gloria se apresenta no Santa Bárbara Rock Fest
Mayara Giacomini/Instagram/Reprodução
Apesar da rejeição de parte do público, para o músico, a cena emo teve um importante trunfo dentro do rock no período do auge do subgênero.
“Indiscutivelmente foi a nossa cena que fez o rock viver por muito tempo, porque era a cena que fazia ter rock na rádio”, afirma.
“Todo esse hate que teve foi bom, porque ajudou a gente a crescer. É indiscutível que o hate ajuda certos movimentos e bandas a crescerem. São exemplos o Restart e o NX Zero, que sofreram isso e se tornaram bandas imensas no nosso país”, opina o músico.
Muito emo para o metal, muito metal para o emo
Antes do grupo atual, Mi Vieira foi membro do Dance of Days, icônica banda do movimento emo, a qual, segundo o vocalista, já sofria com o hate. O Gloria surgiu com uma proposta de, a partir do emo, transitar por uma sonoridade mais agressiva, com vocais mais gritados, o que é conhecido como screamo. E isso, aliado ao peso do metalcore, que une elementos de metal extremo e de hardcore.
“O Gloria acabou vindo com essa proposta do screamo porque eu sempre gostei desse lance do emo mais violento, com berros. Então, eu percebi que no Brasil não tinha banda assim. O Dance of Days era o mais próximo, mesmo assim, não tinha tanto berro como eu queria inserir”, conta Mi.
O que levou a banda a uma espécie de meio-termo. “O Gloria acabou ficando naquela de muito emo para o metal e muito metal para o emo. Porque a gente tem esse lance do peso, o Gloria é uma banda classificada como de metalcore também, tem muito peso.”
‘Revival’ e luta pelo rock nacional
Seja pela nostalgia, pela descoberta do estilo pelas novas gerações, ou por algumas bandas seguirem na ativa, produzindo e participando de festivais, o fato é que, nos últimos anos, o emo voltou à tona, com um revival (ressurgimento, em inglês), que faz o subgênero do rock viver nova fase.
Outra representante do emo, banda Fresno se apresenta no Santa Bárbara Rock Fest 2024
Camila Cornelsen
Ao lembrar do cenário adverso vivido em muitos momentos no passado, Mi lembra de bandas como o próprio Gloria e o Fresno – que também toca no Santa Bárbara Rock Fest, porém, no sábado (24) – que seguraram as pontas ao longo dos anos e se mantêm na ativa.
“O Gloria e o Fresno são duas bandas que nunca acabaram, seja num momento bom ou num momento péssimo, a gente nunca parou. E isso é bom para nós, porque a gente mostra que a gente está aí, que são bandas que a gente não está lutando pelo movimento emo, longe disso, a gente luta pelo rock nacional, pelo rock ter espaço”, afirma.
Pitty toca depois da banda Gloria no domingo em Santa Bárbara d’Oeste
Rafael Bitencourt/Tempo D Comunicação e Cultura
Dividir o palco com outros estilos musicais
A despeito do preconceito sofrido pela cena à qual é associado, o Gloria, de acordo com Mi, não se nega a dividir o palco com representantes de outros estilos musicais.
“A gente nunca teve preconceito em estar em vários locais e lugares. Então, para mim, não tem problema fazer show com artista de rap, o Gloria já fez show com a Ivete Sangalo, com Exaltasamba, Vitor e Leo, nos mesmos festivais. Para mim, é isso, a música tem que ser inserida em todos os lugares”, diz o vocalista.
Mesmo palco que a Pitty
No Santa Bárbara Rock Fest, o Gloria toca no mesmo palco que a Pitty, em shows diferentes. A diva do rock brasileiro sobe ao Palco Terra às 20h30 de domingo (25), três horas após o início do show da banda paulistana.
“Eu admiro muito a Pitty, uma mulher, no meio do rock, batalhadora, que sempre teve coragem de encarar preconceito, o machismo que a galera tinha com ela. A Pitty é uma das maiores artistas que existem no nosso país. Quando o festival chamou a gente para tocar com ela, a gente ficou muito feliz”, lembra.
Repertório
Para o evento em Santa Bárbara d’Oeste (SP), o Gloria, segundo Mi, está preparando um repertório baseado nos seus sucessos. Entre eles, os que compõem seus mais importantes álbuns, como o Nueva (2006) e o (Re)Nascido (2012) – disco que contou com Eloy Casagrande como baterista, que depois passou pelo Sepultura e hoje está no Slipknot (EUA).
O maior sucesso comercial da banda, o álbum homônimo de 2009, lançado pela Universal Music com direção artística de Rick Bonadio, certamente também terá músicas apresentadas.
Além do vocalista Mi Vieira, o Gloria é formado atualmente por Peres Kenji (guitarra), Vini Rodrigues (guitarra) e Leandro Ferreira (bateria). A banda lançou recentemente duas novas músicas, “Convencer” e “Coração Codificado”. Após o show no Santa Bárbara Rock Fest, uma nova composição será lançada. As três vão compor um novo álbum, que terá nove faixas, a ser lançado no futuro.
“O que a galera pode esperar do Gloria, como sempre, é um show de rock, que traz muito peso, muita melodia. A gente tenta levar arte, amor e muito rock para as pessoas”, completa o vocalista.
Santa Bárbara Rock Fest 2023 reuniu 88 mil pessoas ao longo de três dias
Divulgação/Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste
Santa Bárbara Rock Fest
O Santa Bárbara Rock Fest 2024 reúne 41 atrações ao longo de três dias de evento. São 35 bandas selecionadas de várias vertentes do rock, além de seis headliners. O evento acontece entre 23 e 25 de agosto e é gratuito.
Veja a programação do palco principal 👇
Sexta-feira (23) – Viper e Sepultura
Sábado (24) – Raimundos e Fresno
Domingo (25) – Gloria e Pitty
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Fonte da Máteria: g1.globo.com