Gravado em Nashville, capital americana do country, projeto quer popularizar o gênero em solo brasileiro. O cantor Mateus Rott aposta em público engajado. Fernando e Sorocaba e Dustin Lynch durante gravações em Nashville, nos EUA
Eric Oelke
Não é de hoje que a música country flerta com o público sertanejo no Brasil. Em Barretos (SP), onde acontece a maior festa de peão do país, vários artistas consagrados nos EUA já se apresentaram. Entre eles estão Shania Twain, Garth Brooks e Alan Jackson. Sensação do momento, Cody Johnson é aguardado neste sábado (24) no palco da Festa de Barretos. Os ingressos para o show estão esgotados.
Nessa atmosfera, a dupla Fernando & Sorocaba experimenta a combinação country e sertanejo. Com uma carreira marcada pela inovação, a dupla lançou nesta quinta-feira (21) o EP “Nash”. A faixa “Gosta de Caras Assim” é uma versão de “Small Town Boy”, do cantor Dustin Lynch, um dos maiores nomes da música country da atualidade e que faz um feat na música dos brasileiros.
Integram o projeto as faixas “Arena Lotada”, “Summer Miracle” e o pot-pourri “Living on Love/Amarillo por Morning/ My Maria”, um trabalho audacioso que tem a intenção de repaginar a presença do country no país.
A cidade de Nashville, no estado americano do Tennessee, é considerada a capital mundial do country, um local onde a música é mais do que um estilo – é uma forma de vida. Foi neste cenário que Fernando & Sorocaba decidiram gravar o trabalho, buscando capturar a essência do gênero.
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Em conversa com o g1, Sorocaba contou que sempre teve um grande interesse pela sonoridade da música country.
“Desde os primeiros trabalhos, trazemos algumas inspirações do gênero para nossas músicas. Sempre foi um sonho nosso poder gravar um projeto inteiro de country music, e neste ano realizamos isso. Divulgamos uma faixa no final de julho, que foi o primeiro lançamento global de um artista sertanejo”, disse.
A música se chama ‘Cold Blooded’ (assista no vídeo acima), é composição de Sorocaba e tem a participação de Chase Matthew, grande promessa do country americano.
“Nós trabalhamos essa música aqui no Brasil e, simultaneamente, ele [Chase Matthew] trabalhou ela também nos Estados Unidos. O resultado está sendo incrível, contou Sorocaba.
O estilo country nos EUA tem uma rica história que vem do campo e remonta ao início do século 20, com raízes na música folk, no blues e no gospel. Há similaridades com o sertanejo, com raízes profundas no modo de vida rural e que se expandiu para as cidades grandes, tornando-se um dos gêneros mais populares do país. A música evoluiu ao longo dos anos, incorporando elementos do pop e do rock.
Com a introdução dos elementos do country americano nas músicas, Fernando & Sorocaba criam uma ponte cultural entre os dois países.
“Não só acreditamos como temos certeza de que isso vai acontecer. Já vemos algumas inspirações do country em alguns artistas, como nós mesmos, e esse movimento de popularização do gênero vai atingir ainda mais artistas sertanejos e de outros gêneros também”, destaca Sorocaba.
Fernando e Sorocaba abrem o evento em São Roque
Instagram/Reprodução
Nas paradas
Nos últimos anos, o country vive um renascimento nos EUA, com nomes da nova geração como Jelly Roll e Morgan Wallen, alcançando marcas incríveis em paradas como a Billboard, chegando a superar estrelas com Miley Cyrus. Famosos do pop também aderiram ao movimento.
“É muito bom ver essa renovação no mundo country, ver a nova geração consumindo o estilo que nos inspira desde o início da carreira nas vozes de grandes nomes do pop, como Beyoncé e Post Malone, por exemplo. E é isso que queremos fazer aqui no Brasil, trazer a essência country para o nosso mercado e apresentá-lo para um público que talvez nunca teve contato com ele”, afirmou Fernando.
Os próximos passos do projeto incluem um show especial no rodeio de Jaguariúna (SP), no dia 27 de setembro, com a participação do cantor americano Dustin Lynch.
A dupla considera que o intercâmbio musical seja de grande importância para o mercado fonográfico.
“É de extrema importância essa renovação nos nossos trabalhos, tanto para nós como artistas quanto para o mercado fonográfico em si. Sem isso, o mercado fica estagnado e chega uma hora que o público perde a vontade de ouvir por ser ‘mais do mesmo’. Por isso, é sempre bom respirar novos ares e fazer com que o nosso gênero se mantenha em alta,” diz Fernando.
O cantor americano Cody Johnson leva country à arena da Festa do Peão de Barretos
Reprodução/Facebook
Estilo de vida e paixão
O cantor Mateus Rott vive e respira o estilo de vida country. No ano passado, ele teve o privilégio de se apresentar na arena de Barretos, um momento, segundo ele, inesquecível em sua carreira.
“Foi sem dúvida um marco na minha carreira. A partir dessas apresentações, passamos a levar o show para muitos estados brasileiros que ainda não tínhamos atuado, como a região Norte e o Centro-Oeste. Além disso, Barretos é o sonho de qualquer artista”, relembrou Mateus.
O projeto de Fernando & Sorocaba tem impacto grandioso na popularização do country no Brasil, na opinião de Rott. “Acho fundamental para fomentar o estilo. Fernando & Sorocaba têm um público enorme e engajado, o que expande ainda mais o estilo para milhões de brasileiros”, disse.
O cantor brasileiro Matheus Rott faz cover de country americano na arena da Festa de Barretos 2023
Érico Andrade/g1
Mateus acredita que tanto o sertanejo brasileiro quanto o country americano compartilham a missão de retratar e celebrar as histórias e atividades do povo do campo.
“Ambos os estilos têm como principal semelhança retratar e celebrar as histórias e atividades do povo do campo, falar do amor e das coisas simples da vida”. Acho que o ponto comum mais forte é, sem dúvida, a temática que retrata o povo do interior, os valores como família e trabalho”, afirmou.
O cantor vê um futuro promissor para o country e o sertanejo no Brasil, especialmente com a profissionalização do segmento.
“Para o estilo country, acredito que o principal fator de prosperidade é o quanto o segmento irá se profissionalizar. Isso ainda falta. Os artistas desse segmento ainda atuam sozinhos e a disseminação da música é bastante limitada”, explicou.
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Fonte da Máteria: g1.globo.com
