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O que são as 'bolhas de ar' que podem se formar em naufrágios e salvar a vida de passageiros


Análise inicial dos restos mortais de quatro das vítimas no naufrágio do iate do bilionário inglês Mike Lynch, na Itália, indicam que as vítimas morreram sufocadas, e não afogadas.
O Bayesian de cima
Emilio Bianchi/Perini Navi/Divulgação
A autópsia dos corpos de quatro das sete vítimas do naufrágio do iate de luxo do bilionário Mike Lynch, no sul da Itália, apontam que não havia água em seus pulmões. Isso indica que elas não morreram afogadas, mas que possivelmente estariam em uma “bolha de ar” formada na embarcação.
Se essa hipótese for confirmada, isso significa que os casais Jonathan e Judith Bloomer e Chris e Neda Morvillo morreram sufocados, quando o oxigênio disponível na bolha se esgotou.
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Bolhas de ar são bolsões que podem se formar em embarcações naufragadas quando o ar fica “preso” em compartimentos internos e não consegue ser deslocado para fora da estrutura, sem impedir que ela vá a pique.
A existência de possíveis bolhas de ar no naufrágio do iate de Mike Lynch, chamado de “Bayesian”, foi teorizada após a tragédia por especialistas.
Dois dias depois de o iate afundar, o jornal inglês “The Independent” entrevistou o professor de design industrial Jean-Baptiste Souppez, da Universidade de Aston. Ele afirmou que, pelo fato de a embarcação ter afundado rapidamente, e de forma relativamente intacta, poderia favorecer a formação de bolsões de ar.
“Isso é obviamente altamente especulativo e impossível de prever”, ponderou o professor.
Os casos de sobrevivência por longos períodos em embarcações que afundaram são raros, mas acontecem eventualmente.
A imprensa britânica relembrou em agosto a história do navegador Tony Bullimore, que sobreviveu por quatro dias em uma bolha de ar quando o iate de competição em que estava virou a cerca de 1.500 km da Antártica.
Bullimore sobreviveu com uma barra de chocolate e um pouco de água doce à disposição. Ele foi resgatado por uma fragata australiana com hipotermia leve, um dente quebrado, ferimentos na mão, congelamento nos dedos e na testa e desidratação moderada.
Em 2013, um outro caso que ficou famoso foi o do cozinheiro nigeriano Harrison Okene, que sobreviveu por 60 horas e foi o único tripulante resgatado com vida do rebocador Jascon 4.
O homem foi arrastado para dentro da cabine do navio pela força da água no momento do naufrágio, a 32 km da costa africana. Ele permaneceu e 30 metros de profundidade sem comida nem água potável até a chegada das equipes de resgate.
Em 2022, um navegador francês de 62 anos sobreviveu por 16 horas no mar dentro de um barco virado, também graças a uma bolha de ar.
Quem eram as vítimas
Jonathan Bloomer era um executivo da Morgan Stanley International, enquanto Chris Morvillo era advogado de Lynch. Eles es suas mulheres, Judith e Neda, possivelmente moreram sufocados em uma bolha de ar.
Eles comemoravam, durante a viagem, a absolvição do bilionário em um caso de fraude no Reino Unido.
Além dos dois casais, morreram no naufrágio Mike Lynch, sua filha, Hannah, e o chef de cozinha Recaldo Thomas, que fazia parte da tripulação.
O naufrágio ocorreu no último dia 19 de agosto em Palermo, na capital da Sicília.
Após o navio afundar, 15 pessoas foram resgatadas com vida. Entre elas estavam a esposa de Lynch, uma das convidadas com sua bebê de 1 ano e seu marido e nove membros da tripulação. O iate afundou cerca de 50 metros abaixo da superfície, o que dificultou o trabalho das equipes de resgate.
O naufrágio
Vídeo mostra momento em que iate de luxo desaparece na Itália
A passagem de um tornado incomum no mar Mediterrâneo fez com que o iate virasse. Veja o momento no vídeo acima.
“O vento estava muito forte. O mau tempo era esperado, mas não nessa magnitude”, disse um oficial da Guarda Costeira em Palermo à agência de notícias Reuters.
Por causa do horário, a maioria dos passageiros estava dormindo nas cabines do iate. Uma das sobreviventes contou que acordou com a água dentro da embarcação e foi para o convés.
A ocorrência de tornados no Mar Mediterrâneo é um fenômeno raro. Entretanto, no último mês de agosto, tempestades e chuvas pesadas atingiram várias regiões da Itália, causando inundações e deslizamentos de terra.
Como ocorreu o naufrágio do Bayesian
Dhara Assis, Bianca Batista e Kayan Albertin/Arte g1
Local do naufrágio do Bayesian
Dhara Assis, Bianca Batista e Kayan Albertin/Arte g1

Fonte da Máteria: g1.globo.com