Pesquisar
Close this search box.
Notícias

O impacto da suspensão do X para fãs, artistas e o mercado da música


Enquanto fãs estão tentando se reconectar em outras redes, artistas buscam reencontrar seus fãs brasileiros fora do X para não sofrer perdas durante divulgações de trabalhos e lançamentos futuros. A suspenção do X e o impacto para os fandoms
Se a queda da rede social X está difícil para usuários comuns, imagina para os fãs de artistas que usavam a plataforma para se informar, defender e comentar os trabalhos de seus ídolos. Depois que o ministro Alexandre de Moraes determinou a suspensão da rede de Elon Musk aqui no Brasil, fãs ficaram “órfãos” de informações e espaço para esse tipo de debate.
Alguns já migraram para outras redes, como o Threads e o Bluesky. Mas o efeito está bem longe de ser comparado ao que acontecia no X.
Leia mais:
5 perguntas para entender embate entre Elon Musk e Alexandre de Moraes
Rivais do X: como abrir uma conta no Threads e no Bluesky
A plataforma era um grande mural da cultura pop e um ótimo canal de comunicação entre fãs e artistas. Muitas páginas de fãs dedicadas a ícones internacionais eram administradas por internautas brasileiros.
Por isso, fãs de música pop chegaram a comparar a queda no X no Brasil com a “destruição da biblioteca de Alexandria” ou com o “11 de setembro”.
Um certo drama e exagero sempre fizeram parte da raiz dos usuários do X — e não seria diferente ao fazer esse tipo de comparação.
Mas a verdade é que a queda da rede social no Brasil impactou fandoms no mundo inteiro.
Antes mesmo de o X sair do ar por aqui, artistas e donos de páginas de fãs clubes já sinalizavam que algo iria mudar.
A rapper americana Cardi B foi uma delas. Em sua rede, ela comentou que muitas de suas páginas de fãs estavam aqui no Brasil. A artista canadense Alessia Cara também se manifestou e disse que as fan pages de brasileiros fariam muita falta.
Sevdaliza, cantora iraniana-holandesa, sentiu o impacto logo de cara, já que tinha um lançamento programado com duas brasileiras: Pabllo Vittar e Anitta.
Ela lançou um remix da música “Alibi” nesta sexta-feira (6) e, claro, o mercado alvo era o Brasil. A divulgação foi feita toda pelas redes sociais.
Dias antes do lançamento, exatamente quando o X foi suspenso no país, a cantora anunciou que estava criando uma página no Bluesky, uma das opções para os órfãos da rede do Musk. Ela disse que, por lá, os fãs brasileiros poderiam seguir acompanhando o trabalho dela.
Para ter uma ideia da mudança no engajamento, esse post da Sevdaliza teve pouco mais de 100 curtidas. Antes, teria milhares.
Cantoras internacionais se manifestam sobre suspensão do X no Brasil
Reprodução/Twitter
Segunda tela e vitrine cultural
O X costumava ser a segunda tela de muita gente, que acompanha lançamentos de álbuns e clipes, esperam em filas virtuais de ingressos para shows, ou assistem a um novo episódio de uma série ou reality.
É bastante comum e natural acompanhar um evento pop e ficar comentando o que está acontecendo em tempo real.
A página se tornou uma grande vitrine cultural e um espaço para as pessoas saberem sobre o que as outras estão falando, ouvindo ou curtindo. Não basta ter uma diva favorita ou um novo álbum no repeat. Virou normal o internauta ir para o X e falar sobre o assunto.
A rede também é famosa por ser uma boa fonte para saber como uma música está se saindo nas paradas pelo mundo. São muitos os perfis dedicados a postar o desempenho dos artistas nos charts, ou paradas de sucesso. Vários deles são administrados por brasileiros.
Logotipo do X, antigo Twitter, na entrada do Supremo Tribunal Federal (STF)
Ueslei Marcelino/Reuters
Stan, o fã mais fervoroso
Foi com a ajuda do X que o fã fervoroso ganhou uma nova definição mais turbinada: o stan. Essa expressão começou como uma coisa pejorativa, porque Stan é o nome de um personagem do clipe de Eminem dos anos 2000 que tinha uma admiração doentia pelo rapper.
O termo Stan foi deixando de ser algo ruim e hoje é normal alguém dizer que é “stan da Billie Eilish” ou “stan da Taylor Swift”, por exemplo. E o Brasil está cheio de stans.
O país, que já é famoso por sua empolgação nos shows ao vivo, foi ganhando uma importância gigante nesse ambiente virtual.
O Brasil é um dos mercados dominantes no X. Segundo a plataforma de dados Statista, trata-se da sexta maior base de usuários da rede, perdendo apenas para os Estados Unidos, Japão, Índia, Indonésia e Reino Unido.
‘Please, come to Brazil’
Bruno Mars grava v[ideo durante passagem pelo Brasil
Reprodução/YouTube
Os fãs brasileiros são tão conhecidos pelo engajamento de artistas internacionais, que o pedido para que eles venham ao país rendeu memes e já virou um clássico da internet.
Existem comentários que dizem que se a página de um artista nunca recebeu um comentário dizendo “please, come to Brazil”, esse artista não é amado o suficiente.
Essa essência do fã brasileiro fez os tuiteiros virarem fundamentais para o funcionamento da cultura pop.
Existe uma teoria super compartilhada que garante que o país foi indispensável na divulgação do lançamento do álbum ArtPop, da Lady Gaga, em 2013; e no apoio para o single “Fake Love” bombar, fortalecendo o retorno do grupo BTS em 2018.
Preocupação no mercado
Segundo o jornal Washington Post, antes mesmo da queda da rede no Brasil, funcionários de gravadoras e equipes de relações públicas focados no entretenimento já estavam começando a estudar o impacto que isso causaria nas divulgações e vendas.
Não apenas as páginas dedicadas a alguns artistas sumiriam, mas também o fã menos fervoroso e obcecado, que entrava ali na rede mais para acompanhar o que estava em alta. O Brasil é um mercado forte da cultura pop e os fãs desse segmento se encontravam no X.
Nesse processo todo de aprender um novo caminho de divulgação, os fãs estão tentando se reconectar em outras redes. E os artistas, tentando reencontrar seus fãs brasileiros fora do X.
Sevdaliza lançou hit com Anitta, Pabllo Bittar e Yseult focada no mercado brasileiro
Reprodução/Instagram

Fonte da Máteria: g1.globo.com