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Ana Carolina chega aos 50 anos de vida e aos 25 de disco sem os vitais ‘sinais de fogo’ do ardente começo da carreira


♫ ANÁLISE
♪ Hoje Ana Carolina faz 50 anos de vida. Nascida em Juiz de Fora (MG) em 9 de setembro de 1974, a cantora, compositora e instrumentista mineira também celebra 25 anos de disco em 2024.
Embora tenha posto os pés na profissão de cantar e tocar um instrumento em meados da década de 1990, nos bares da cidade natal, foi em 1999 que a artista irrompeu como furacão na música do Brasil ao lançar um álbum que estourou de imediato com Garganta, tema de Antonio Villeroy, compositor gaúcho de quem Ana se tornaria parceira em inspiradas canções como Pra rua me levar (2001) e Ruas de outono (2006).
Infelizmente, do ponto de vista artístico, Ana Carolina tem pouco o que comemorar hoje. A cantora mantém público fiel, o que lhe garante casas lotadas em todo o Brasil. Mas já inexistem os sinais de fogo dos áureos anos 2000. A velha chama pareceu apagada no álbum e show Fogueira em alto mar (2019).
Com a obra já sem o fôlego autoral de álbuns como Estampado (2003), ainda o melhor disco da artista ao lado do álbum inicial Ana Carolina (1999), a cantora tem se dedicado nos últimos dois anos a abordar o repertório da cantora Cássia Eller (1962 – 2001) no show Ana canta Cássia – Estranho seria se eu não me apaixonasse por você, estreado no Rio de Janeiro (RJ) em 22 de setembro de 2022 e gravado em 7 de maio de 2023 em apresentação na casa Tokyo Marine Hall, na cidade em São Paulo (SP).
A propósito, a cantora lança hoje, às 21h, o primeiro EP extraído do registro audiovisual do show Ana canta Cássia com as abordagens de músicas como All star (Nando Reis, 2000), O segundo sol (Nando Reis, 1999), Relicário (Nando Reis, 2000) e Gatas extraordinárias (Caetano Veloso, 1999).
O lançamento do EP Ana canta Cássia 1 acontece em timing tardio e atípico no imediatista mercado dos anos 2020, se levado em conta que o registro audiovisual do show foi feito há mais de um ano. De toda forma, o disco ainda chega em tempo, porque a vitoriosa turnê de Ana segue em cena e tem apresentações agendadas até 30 de novembro.
A questão é que as casas cheias e o ardor do público ainda fiel jamais abafam a sensação de que algo parece fora da ordem na trajetória artística de Ana Carolina, cantora de voz passional como as letras das músicas que compõe a sós ou com parceiros.
A rigor, a velha chama começou a se apagar lentamente há cerca de 15 anos quando a cantora buscou a artificialidade cool em álbum, N9ve (2009), formatado pelo então cultuado Kassin, produtor de outra galáxia musical.
No posterior disco de estúdio, #AC (2013), Ana Carolina se distanciou ainda mais do formato da canção ardente – a matéria-prima da artista – ao se jogar na pista em álbum com altas doses de eletrônica.
A discografia atingiu o ponto mais descendente da trajetória da artista no álbum Fogueira em alto mar (2019), disco de quentura sintética em que, seguindo instruções de executivos da gravadora Sony Music, Ana abriu parceria com Bruno Caliman, talentoso compositor que fez nome como hitmaker do universo sertanejo.
Não funcionou, embora, justiça seja feita, a parceria deu depois um bom fruto ao gerar a balada Coisa minha, coisa tua (2022), lançada de forma deslocada no roteiro do show Ana canta Cássia.
Enfim, há sinais de que, se Ana Carolina atiçar a velha chama sem se render à fórmulas mercadológicas quase sempre ineficazes, a artista ainda pode reacender o fogo e recuperar a alma como compositora e o fôlego perdido por ter ido atrás de cantos de sereia que nada lhe trouxeram de bom.
A voz calorosa da garganta inflamada ainda está lá. O público também permanece. Parece faltar somente a coragem de dar o primeiro passo para Ana Carolina voltar a ser… Ana Carolina.

Fonte da Máteria: g1.globo.com