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Início formal das negociações pelo fim da guerra foi acordado por americanos e russos após encontro bilateral em Riade, na Arábia Saudita. Tratativas estão ocorrendo ‘pelas costas’ de Ucrânia e Europa, diz presidente ucraniano. Presidente francês, Emmanuel Macron, recebe líderes europeus em Paris para discutir sobre a guerra na Ucrâni
Gonzalo Fuentes/Reuters
Com a presença do Canadá, os países europeus voltarão a se reunir para discutir uma reação à parceria entre Estados Unidos e Rússia para negociar o fim da guerra na Ucrânia.
Segundo disseram à agência de notícias Reuters fontes da diplomacia europeia, o novo encontro de líderes europeus acontecerá na quarta-feira (19). O encontro foi novamente convocado pela França, que já sediou, na segunda-feira (17), a primeira reunião sobre o tema.
Desta vez, o Canadá também participará da reunião, ainda de acordo com a fonte da Reuters.
O encontro acontecerá em reação ao desfecho da reunião realizada hoje entre o secretário de Estado dos EUA e o chanceler da Rússia na Arábia Saudita. Em uma parceria inédita, Washigton e Moscou concordarem em negociar o fim da guerra na Ucrânia sem a presença do governo ucraniano.
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Desta vez, os convidados, além do Canadá, serão países europeus que não estiveram presentes na primeira reunião e que estão mais próximos da fronteira com a Rússia: Noruega, Lituânia, Estônia, Letônia, República Tcheca, Grécia, Finlândia, Romênia, Suécia e Bélgica.
A reaproximação entre EUA e Rússia, já ensaiada no início do mês com a ligação entre Trump e Putin reverteu anos de política de Washigton contra Moscou e encerrou o isolamento do governo russo após a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. A aproximação foi um choque à Europa, que agora se movimenta para não ficar de fora das negociações para um acordo de paz no conflito.
EUA e Rússia
Autoridades dos EUA, Rússia e Arábia Saudita reunidas em Riade em 18 de fevereiro de 2025.
Evelyn Hockstein/Pool Photo via AP
Nesta terça, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, concordaram em nomear equipes de alto nível para começar o mais rápido possível a trabalhar por um acordo que encerre o conflito.
Os Estados Unidos e a Rússia formarão equipes para negociar o fim da guerra na Ucrânia, mas sem ter o país de Volodymyr Zelensky como parte das tratativas.
Em resposta, Zelensky criticou negociações feitas “pelas costas” de Ucrânia e Europa e disse que os países europeus deveriam ser incluídos nas tratativas pelo fim da guerra.
Zelensky também afirmou que não cederá a ultimatos da investida americana e russa —ele já havia dito na segunda-feira que não participaria do diálogo entre EUA e Rússia para discutir propostas para o fim da guerra e que não aceitará nenhuma proposta de paz vinda dessa negociação.
O encontro em Riade nesta terça-feira marcou a primeira discussão oficial entre os dois países sobre um acordo para o fim do conflito e ocorre menos de uma semana após os presidentes dos EUA e da Rússia, Donald Trump e Vladimir Putin, falarem pelo telefone e concordarem em iniciar “imediatamente” as negociações pelo fim do conflito.
O assessor de política externa da presidência russa, Yuri Ushakov, afirmou que a reunião correu bem e que “foi uma conversa séria sobre todas as questões”, segundo a agência de notícias russa Ifax.
Além de Rubio, o enviado especial de Trump para assuntos no Oriente Médio, Steve Witkoff, e o assessor de segurança nacional Mike Waltz, formaram a delegação americana. Do lado russo, o assessor de política externa da presidência russa, Yuri Ushakov, acompanhou Lavrov.
A reunião também teve como objetivo tratar sobre a restauração das relações bilaterais entre EUA e Rússia e a preparação de um encontro entre o Trump e Putin, segundo o Kremlin. Ushakov disse também que detalhes sobre o encontro entre os presidentes foram discutidos.
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Otan
Também nesta terça, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, pediu que a Otan volte atrás na promessa de que a Ucrânia integraria a aliança militar, reforçando a posição do governo russo contra a adesão.
Ainda não está claro se a requisição foi apresentada aos EUA durante o encontro.
Durante a reunião entre as autoridades dos EUA e da Rússia, o Kremlin afirmou em coletiva de imprensa em Moscou que os dois países discordam em questões como a segurança da Ucrânia e alianças militares do país.
Em paralelo, no entanto, as autoridades americanas e russas discutiram durante o encontro uma futura cooperação econômica entre EUA e Rússia, incluindo preços globais no mercado de energia, afirmou o chefe do fundo monetário independente russo, Kirill Dmitriev, à agência de notícias Reuters.
O presidente ucraniano visitaria a Arábia Saudita na quarta-feira (19), mas a viagem foi adiada para março após o encontro bilateral EUA-Rússia.
A presidência russa também disse que não vai ditar questões relativas à soberania ucraniana.
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Fonte da Máteria: g1.globo.com