Governo israelense alega que a entidade, conhecida como UNRWA, foi infiltrada pelo Hamas. Já a ONU diz que o fechamento dos escritórios vai impactar a ajuda humanitária tanto na Cisjordânia quanto em Gaza, onde a situação é crítica, com boa parte do território em escombros devido à guerra. Após cessar-fogo, palestinos retornam para suas casas em Gaza
REUTERS
A agência de ajuda humanitária da ONU para os palestinos, conhecida como UNRWA, deve “cessar suas operações em Jerusalém e esvaziar todas as instalações em que opera na cidade” até 30 de janeiro, disse o enviado de Israel à ONU ao secretário-geral da ONU, António Guterres, em uma carta nesta sexta-feira (24).
O Parlamento israelense aprovou em outubro uma lei que proíbe a UNRWA de operar no país e impede a cooperação de autoridades israelenses com a organização, que fornece serviços de ajuda e educação a milhões de palestinos na Cisjordânia ocupada e em Gaza.
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Criada após a guerra de 1948 que levou à criação do estado israelense, a UNRWA é criticada por Israel, que acusa a organização de preconceito contra o país e de perpetuar o conflito ao manter palestinos em status permanente de refugiados.
O governo de Israel alega ainda que a UNRWA foi infiltrada por membros do Hamas e diz que alguns funcionários da organização participaram do ataque do grupo extremista contra o território israelense em 7 de outubro de 2023.
A nova legislação não proíbe as operações da UNRWA na Cisjordânia e em Gaza, mas afeta a capacidade da organização de operar nessas áreas.
A UNRWA emitiu uma nota, após a aprovação do banimento, em outubro, classificando a decisão como “ultrajante”. O porta-voz da entidade, Adnan Abu Hasna, disse que a decisão implicará no colapso do processo humanitário como um todo nos Territórios Palestinos.
Israel e Hamas, que controla a Faixa de Gaza, estão em guerra desde 7 de outubro de 2023, quando um ataque do grupo terrorista deixou cerca de 1.200 mortos. Em resposta, a ofensiva israelense no território palestino deixou mais de 46 mil mortos, segundo o Hamas, incluindo mulheres e crianças.
Além da guerra, a destruição da maior parte das escolas, hospitais e construções em Gaza gera uma crise humanitária sem precedentes no território.
Um cessar-fogo foi assinado entre as duas partes e entrou em vigor no último domingo (19). Desde então, Israel vem intensificando suas operações na Cisjordânia, onde mantém presença militar e assentamentos, apesar de não ter o seu direito ao território reconhecido.
Guerra de 1967
O acordo que regula a presença da UNRWA em Jerusalém data de 1967. Naquele ano, após a Guerra dos Seis Dias, Israel anexou diversos territórios, incluindo a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, então controlados pelo Egito (esta última foi devolvida em 1979), a Cisjordânia, então controlada pela Jordânia, e as Colinas de Golã, da Síria.
Israel também passou a controlar Jerusalém Oriental, o setor leste da cidade, de maioria palestina, situação que se mantém desde então. A anexação não é considerada legítima pela ampla maior parte da comunidade internacional.
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Fonte da Máteria: g1.globo.com