Presidente dos EUA anunciou pacote de medidas para conceder cidadania a estrangeiros que residem nos EUA, como cônjuges de cidadãos norte-americanos e pessoas que entraram no país ainda crianças. Com as novas medidas, esses imigrantes terão autorização legal para residir e trabalhar nos EUA enquanto buscam regularizar situação junto ao governo. Governo Biden vai anunciar política que regulariza situação de imigrantes casados com americanos
Após aprovar uma das medidas mais duras contra migrantes que tentam entrar nos Estados Unidos, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira (18) um pacote de reformas que vai permitir a legalização de milhares de imigrantes no país.
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O pacote é uma das ações presidenciais de amparo a imigrantes mais amplas em mais de uma década nos EUA. O governo americano estima que cerca de 550 mil imigrantes poderão se beneficiar das novas regras. Veja abaixo como vai funcionar a mudança.
As medidas vão simplificar a obtenção de residência ou de autorização de trabalho para os seguintes tipos de imigrantes:
Cônjuges de cidadãos norte-americanos;
Enteados de cidadãos norte-americanos menores de 21 anos;
Pessoas formadas em universidades do país;
Os chamados “dreamers” (sonhadores), estrangeiros de até 31 anos que entraram nos EUA ainda crianças e até hoje não tiveram sua situação regularizada.
Estas mudanças beneficiarão aqueles que vivem “no país há pelo menos dez anos e estão casados com um cidadão norte-americano desde antes de 17 de junho de 2024”, disse a Casa Branca. Segundo Biden, o tempo médio de residência nos EUA dessas famílias que serão beneficiadas é de 23 anos.
O pacote anunciado por Biden nesta terça é vista como uma medida mirando as eleições presidenciais de novembro, que tem a imigração como um dos principais temas do pleito. O ex-presidente Donald Trump, concorrente de Biden, quer endurecer o tratamento a imigrantes nos EUA e a fronteira com o México. (Leia mais abaixo)
Em seu discurso, Biden expressou sua preocupação em manter juntas as famílias compostas por um cidadão americano e um imigrante em situação irregular enquanto esse cônjuge aplique para o processo de regularização junto ao governo dos EUA.
“Esses casais criam família, mandam os filhos para a escola e igreja, pagam impostos, contribuem para nosso país e vivem aqui todo esse tempo com um sentimento de incerteza. Vamos arrumar isso”, afirmou Biden.
Biden disse que as novas regras devem entrar em rigor até o final de agosto. Já a Casa Branca afirmou que as medidas devem passar a valer a partir de agosto ou setembro.
Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou pacote de reformas para permitir a legalização de imigrantes em 18 de junho de 2024.
REUTERS/Anna Rose Layden
Como funcionará
Segundo a Casa Branca, as autoridades analisarão todos os pedidos caso a caso. Os aprovados terão três anos para solicitar a residência permanente — o chamado Green Card. Durante esse período, eles terão autorização legal para residir e trabalhar nos EUA.
Uma vez obtido o Green Card, o beneficiário pode então solicitar a cidadania norte-americana.
“O que estamos anunciando são processos potencialmente simplificados para minimizar a burocracia, minimizar as dificuldades criadas pela necessidade de sair do país”, disse à imprensa um funcionário da Casa Branca que pediu para não se identificar.
A reforma de Biden também facilitará aos graduados dos centros de ensino superior americanos à obtenção de vistos de trabalho, desde que “tenham recebido uma oferta de emprego altamente qualificada”.
Migração, questão crítica
Durante o anúncio do pacote de medidas para determinados grupos de imigrantes residentes nos EUA, o presidente Biden aproveitou para criticar Trump por separar famílias de migrantes na fronteira com o México e por usar linguagem difamatória sobre imigrantes ilegais — o ex-presidente já os chamou de animais e disse que eles estavam “envenenando o sangue do nosso país.”
“Trump chama os imigrantes de animais e quando era presidente ele separou famílias dos filhos na fronteira, isso é um absurdo. (…) E agora ele está propondo separar esposas e filhos das famílias de suas casas e comunidades e colocá-los em campos de detenção. É difícil de acreditar que ele tenha dito isso essas coisas em voz alta, é um absurdo. Não estou interessado em fazer política com a fronteira ou a imigração. Estou interessado em resolver isso”, disse Biden.
O anúncio de Biden acontece dias após o Daca (sigla em inglês para o programa Ação Deferida para a Chegada de Menores de Idade) completar 12 anos. O programa foi adotado pelo governo de Barack Obama quando Biden era seu vice-presidente e protege seus beneficiários, os “dreamers”, da deportação e permite que trabalhem.
Desde o lançamento do Daca, os Serviços de Cidadania e Imigração já aprovaram mais de 800 mil solicitações e têm cerca de 580 mil beneficiários, segundo dados oficiais.
A migração é um dos temas que mais preocupam os norte-americanos antes das eleições de novembro, nas quais Biden tentará a reeleição contra o ex-presidente republicano Donald Trump, que durante o seu mandato quis acabar com o ‘Daca’, alegando que era inconstitucional.
Os republicanos acusam o presidente de não fazer o suficiente para controlar a imigração, e uma parte do eleitorado pede que Biden endureça a política do setor.
Biden assinou este mês um decreto que restringe a entrada de migrantes através da fronteira com o México, que registrava uma média de mais de 2.500 travessias irregulares a cada sete dias.
Fonte da Máteria: g1.globo.com