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Após reação negativa ao projeto sobre aborto, governo dispara críticas ao texto

Após repercussão negativa, governo dispara críticas contra projeto sobre aborto
Integrantes do primeiro escalão do governo Luiz Inácio Lula da Silva dispararam críticas em peso nesta sexta-feira (14) ao projeto que equipara aborto após a 22ª semana a homicídio.
Pelo texto, por exemplo, o estuprador pode ter uma pena menor que a mulher que aborta (veja detalhes mais abaixo).
A Câmara aprovou na quarta-feira (12), em uma votação-relâmpago de 23 segundos, a urgência para o projeto. Aprovar a urgência significa acelerar a tramitação de um texto. Ele deixa de tramitar nas comissões, onde tem maior chance de ser modificado, e é analisado direto no plenário.
A decisão não pegou bem em setores da sociedade. Manifestações foram realizadas em cidades brasileiras na quinta (13) contra o projeto. Um dos motes dos cartazes nos protestos era: “Nem morta nem presa”.
Nas redes sociais, a repercussão também foi ruim. Pesquisa da Quaest apontou que a maioria dos internautas é contra o texto. O projeto, patrocinado pela extrema-direita e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi percebido como radical pela população.
A indignação causada pelo projeto deu conforto para o governo, dois dias depois de a urgência ser aprovada, deplorar o projeto. O Palácio do Planalto procura ter cautela com temas que podem melindrar os setores cristãos, em especial evangélicos, da sociedade.
Críticas ao projeto
Veja o que disseram integrantes do governo:
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente:
“Eu, pessoalmente, sou contra o aborto, mas eu acho que é uma atitude altamente desrespeitosa e desumana com as mulheres achar que o estuprador deve ter uma pena menor do que a mulher que foi estuprada e que não teve condição de ter acesso de forma dentro do tempo para fazer uso da lei que lhe assegura o direito ao aborto legal”, afirmou.
Cida Gonçalves, ministra das Mulheres:
“Criança não é para ser mãe, é para ter infância”, afirmou a ministra, em referência às crianças que são estupradas e engravidam.
Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais:
“Não contem com o governo para mudar a legislação de aborto do país, ainda mais para um projeto que estabelece que uma mulher estuprada vai ter uma pena duas vezes mais do que o estuprador. Não contem com o governo para essa barbaridade. Reforçar isso com os líderes. Vamos trabalhar para quem um projeto como esse não seja votado”, disse o ministro.
Janja da Silva, primeira-dama
“Isso ataca a dignidade das mulheres e meninas, garantida pela Constituição Cidadã. É um absurdo e retrocede em nossos direitos. A cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. O Congresso poderia e deveria trabalhar para garantir as condições e a agilidade no acesso ao aborto legal e seguro pelo SUS”, afirmou Janja.

Fonte da Máteria: g1.globo.com