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Boca de urna indica que extrema direita lidera eleição com participação recorde na França; Macron pede aliança com esquerda


Pesquisa de boca de urna indicou que partido Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, obteve 34% dos votos. Franceses começaram a escolher neste domingo (30) o novo Parlamento do país. Macron pediu aliança para barrar extrema direita, e partido socialista pediu desistência do bloco de esquerda para concentrar votos no centro. Veja projeção para a Assembleia Nacional da França que vem se desenhando nas eleições legislativas
O primeiro turno das eleições legislativas da França, convocadas há apenas três semanas, terminou neste domingo (30) com recorde de participação em 40 anos e a concretização da extrema direita como favorita, segundo pesquisas de boca de urna.
O cenário pode tornar o governo de Macron inviável na prática (leia mais abaixo).
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Segundo uma sondagem feita pelos institutos Ifop, Ipsos, OpinionWay e Elable e pela Rádio França, o partido Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, saiu na frente neste primeiro turno, com 34% dos votos.
O bloco formado por siglas da esquerda aparece em segundo lugar, com 28,1%, e a coalizão de centro liderada pelo partido do presidente francês, Emmanuel Macron, em terceiro, com 20% dos votos.
Diante da pesquisa, Macron sugeriu uma aliança ampla entre “candidatos republicanos e democráticos” para o segundo turno das eleições, que acontecem em 7 de julho. Já Marine Le Pen pediu aos franceses que deem a maioria absoluta no Parlamento à sua sigla no segundo turno.
E nomes da coligação de esquerda, a Nova Frente Popular (NFP), começaram a indicar uma aliança com Macron ou até o apoio total ao bloco de centro. Jean-Luc Melanchon, o líder da França Insubmissa, um dos partidos que integram o bloco da esquerda, disse após a votação que vai retirar seus candidatos caso a coligação termine em terceiro.
Pelo sistema político da França, semipresidencialista, os eleitores elegem os partidos que vão compor o Parlamento. A sigla ou a coalizão que obtiver mais votos indica então o primeiro-ministro, que, no país europeu, governa em conjunto com o presidente — este eleito em eleições presidenciais diretas e separadas das legislativas e que, na prática, é quem ganha mais protagonismo à frente do governo.
Caso o presidente e o primeiro-ministro sejam de partidos políticos diferentes, a França entrará em um chamado governo de “coabitação”, o que ocorreu apenas três vezes na história do país europeu e que pode paralisar o governo de Macron. Isso porque, neste caso, o premiê assume as funções de comandar o governo internamente, propondo, por exemplo, quem serão os ministros.
O primeiro-ministro atual, Gabriel Attal, é aliado de Macron, mas, se as pesquisas se concretizarem, quem deve assumir o cargo é o Jordan Bardella, de apenas 28 anos, o principal nome do partido de extrema direita de Le Pen, o Reunião Nacional (RN).
Após o fechamento das urnas neste domingo, Bardella disse que a votação do segundo turno, na semana que vem, será o “momento mais importante da história da Quinta República da França”.
O pleito foi convocado antecipadamente no início de junho pelo presidente francês. Diante do resultado ruim de seu partido e do avanço da extrema direita nas eleições para o Parlamento europeu — o Legislativo de todos os países da União Europeia, com sede em Bruxelas –, Macron tomou a arriscada e surpreendente decisão de dissolver o Legislativo francês e marcar uma nova votação.
A resposta dos eleitores neste domingo, por enquanto, foi grande: o comparecimento às urnas até as 17h no horário local (meio-dia no Brasil), foi o mais alto em quase 40 anos no país, com um índice de 59% do total de votantes.
O índice é considerado alto para eleições na maioria dos países da Europa Ocidental, onde o voto não é obrigatório. Nas eleições passadas da França, em 2002, a participação foi de cerca de 47%, por exemplo.
Por que Macron pode dissolver o Parlamento na França e convocar novas eleições?
Marine Le Pen comemora após boca de urna indicar liderança da extrema direita na eleição francesa
Yves Herman/Reuters
O presidente francês, Emmanuel Macron, sai de cabine de votação durante eleições legislativas na França, em 30 de junho de 2024.
Yara Nardi/ Reuters
Eleições na França
Yves Herman/Reuters
As eleições parlamentares são realizadas em dois turnos — um neste domingo e o outro, em 7 de julho.
A líder do RN, partido da extrema direita, Marine Le Pen, vota em Hénin-Beaumont, no norte da França, em 30 de junho de 2024.
Yves Herman/ Reuters
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O partido de Macron tinha maioria na constituição do Legislativo dissolvido pelo presidente, com 169 deputados. O RN, de Le Pen, era o partido de oposição mais forte, com 88 assentos.
Para ganhar maioria absoluta, é preciso que uma sigla ou coalizão alcance o número de 289 deputados. Caso a extrema direita ganhe, Macron teria de nomear um adversário para o cargo de primeiro-ministro — caso opte por não fazê-lo, ele pode ser alvo de uma Moção de Censura, um recurso do Legislativo no qual deputados votam se querem mantê-lo ou não no cargo.
No cenário do chamado governo de coabitação, o presidente mantém o papel de chefe de Estado e da política externa — a Constituição diz que ele negocia também tratados internacionais—, mas perderia o poder de definir a política doméstica e de nomear ministros, o que ficaria a cargo do primeiro-ministro.
Isso aconteceu pela última vez em 1997, quando o presidente de centro-direita, Jacques Chirac, dissolveu o Parlamento pensando que ganharia uma maioria mais forte, mas, inesperadamente, perdeu o controle da Casa para uma coalizão de esquerda liderada pelo partido socialista.
Impacto no país
Parlamento francês
Martin Bureau/AFP
p e convocar um novo pleitop.
O partido de Macron tentou diversas vezes alertar para o risco da chegada ao poder da extrema direita – que tem se esforçado para moderar a imagem herdada do seu fundador Jean-Marie Le Pen, pai de Marine Le Pen e conhecido por seus comentários racistas.
Desde que Marine Le Pen assumiu a liderança do RN, em 2011, ela vem tentando impor pautas populistas para os franceses, com posturas xenofóbicas e ideais próximas ao governo russo. Le Pen deixou para trás posturas racistas e antissemitas de seu pai, mas manteve pautas anti-imigração.
Le Pen já sugeriu a retirada do apoio da França à Ucrânia na guerra e que pretende deixar de lado políticas para amenizar o impacto do carbono, com mais incentivos a indústrias francesas.
A expectativa é que RN governe de uma forma semelhante à gestão da premiê italiana, Giorgia Meloni, que, embora internacionalmente adote um discurso voltado à preocupação com o clima, internamente permite que ministros e aliados questionem o aquecimento global e os acordos climáticos.

Fonte da Máteria: g1.globo.com