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Colisão entre avião e helicóptero em Washington ocorre ao mesmo tempo em que gestão Trump promove desmonte no setor aéreo dos EUA


Ex-diretor da agência que regula a aviação civil do país deixou o cargo após pressão de Elon Musk, e cargo continua vago. Início de novo mandato do Republicano é marcado por enxugamento de funcionários federais civis. Primeiro avião decola do Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington, depois do acidente do voo 5342 da American Airlines
REUTERS/Eduardo Munoz
O acidente entre um avião da American Airlines e um helicóptero militar Blackhawk nos céus de Washington ocorre em um momento delicado para a aviação civil nos EUA. Ao mesmo tempo em que as autoridades investigam as causas da colisão no ar, o meio se depara com ameaças de desmonte, falta de funcionários e um dos principais cargos executivos vago.
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Michael Whitaker, então diretor da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), agência que controla a aviação civil, deixou o cargo assim que Donald Trump assumiu a Presidência dos EUA, no último dia 20.
Whitaker é desafeto pessoal de Elon Musk, bilionário aliado de Trump e agora com cargo na Casa Branca, desde que emitiu uma multa contra uma de suas empresas, a SpaceX. Após a eleição de Trump, em novembro, Musk passou a exigir abertamente a demissão de Whitaker em posts nas redes sociais, levando-o a confirmar ainda em dezembro que renunciaria ao fim da gestão Biden.
Atualmente, os dois cargos mais altos da cúpula estão vagos, e nenhum nome foi anunciado pelo governo Trump como reposição.
Desmonte federal
O espaço aéreo do país vive uma crise há décadas com a falta de controladores de voo, que remonta a meados dos anos 1980, com mudanças no setor implementadas pela gestão Reagan (1981-1989).
Após a pandemia, a retomada dos voos comerciais jogou luz sobre o problema. Um levantamento do “New York Times” de 2023 mostra um aumento de relatos, por parte de profissionais da aviação, de quase colisões nos céus dos EUA.
Em 2024, a FAA anunciou ter batido a sua meta de contratação de novos controladores de voo, de 1.800 profissionais, que ajudaria a repor um deficit estimado em 3.000 funcionários.
Funcionários da agência, porém, temem ser alvo dos cortes radicais de servidores públicos federais civis anunciados pelo governo Trump.
Como parte dos cortes, os membros da Aviation Secutrity Advisory Committee (comissão consultiva de segurança na aviação) receberam um aviso de desligamento na semana passada, órgão focado na segurança aérea contra ações intencionais, como atentados, instituído após o desastre de Lockerbie, com o voo 103 da PanAm, em 1988, explodido por terroristas.
O órgão continua a existir tecnicamente, mas terá todas as suas atividades congeladas. O grupo incluía representantes de todos os principais grupos da aviação civil — incluindo as companhias aéreas e os principais sindicatos. A vasta maioria das recomendações do grupo foi adotada pela indústria ao longo dos anos.
Trump voltou a falar do acidente
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (31) que o helicóptero militar que colidiu com um avião da American Airlines no ar em Washington na quarta-feira (29) estava voando “alto demais” no momento da batida.
Segundo Trump, a aeronave militar estava “muito além” do limite da altitude que deveria estar naquele momento. O helicóptero, de modelo Black Hawk do Exército, bateu no ar contra um avião de passageiros da American Airlines na noite de quarta. Todas as 67 pessoas a bordo morreram, segundo Trump.
Veja onde aconteceu colisão entre entre avião e helicóptero e como funciona espaço aéreo de Washington
“O helicóptero Blackhawk estava voando muito alto, muito alto. Estava muito acima do limite de 200 pés. Isso não é muito complicado de entender, é???”, escreveu em sua rede social Truth Social.
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O presidente não informou se a conclusão foi da investigação sobre o caso, que é conduzida pelo Conselho Nacional de Transportes dos EUA e pela Agência de Aviação Civil dos EUA (FAA, na sigla em inglês).
Já a avaliação inicial da FAA aponta para a torre de controle. Segundo um primeiro relatório da agência ao que a imprensa norte-americana e agências de notícias disseram ter tido acesso, a torre tinha menos controladores de voos operando no momento da colisão do que deveria haver para aquele período.
Uma fonte local ouvida pela Reuters disse que apenas um controlador, em vez de dois, estava lidando com o tráfego local de aviões e helicópteros na quarta-feira à noite no aeroporto Ronald Reagan, de onde o avião da American Airlines se aproximava para pousar no momento da batida.
Já o Conselho Nacional de Transportes começou a analisar as caixas pretas encontradas também na quinta pelas equipes de regaste. O conselho está estudando o gravador de voz da cabine e o gravador de dados de voo do avião CRJ700, da American Airlines.
O relatório preliminar sobre o acidente deve sair em 30 dias, como é de praxe.
Causas
Equipes recuperam destroços de aeronave no rio Potomac, em Washington, após a colisão do voo 5342 da American Airlines com um helicóptero militar
Carlos Barria/Reuters
As autoridades não identificaram o motivo da colisão, que aconteceu enquanto o jato regional tentava pousar no Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington.
Os militares disseram que a altitude máxima para a rota que o helicóptero estava tomando é de 200 pés (61 metros), mas ele pode ter voado mais alto. A colisão ocorreu a uma altitude de cerca de 300 pés, de acordo com o site de rastreamento de voos FlightRadar24.
As comunicações de rádio mostraram que os controladores de tráfego aéreo alertaram o helicóptero sobre o jato se aproximando e ordenaram que ele mudasse de curso.
O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, em inglês), agência responsável pela investigação de acidentes aéreos dos EUA, disse nesta quinta-feira (30) que encontrou as caixas-pretas do Bombardier CRJ700 da American Airlines, que colidiu com um helicóptero militar e caiu em Washington.
Segundo os investigadores, foram retirados do rio Potomac tanto o gravador de voz do cockpit quanto o gravador de dados de voo. Os equipamentos seguem agora para o laboratório do NTSB para avaliação.
As caixas pretas dos aviões são essenciais para ajudar a elucidar as causas de desastres aéreos e, assim, auxiliar na prevenção deles. Por exemplo: as caixas pretas do voo 447 da AirFrance, que caiu no Atlântico em 2009, puderam ser localizadas quase dois anos depois da queda da aeronave que fazia o trajeto Rio-Paris.
Os equipamentos são feitos de materiais ultra-resistentes. É esperado, portanto, que elas não tenham sido danificadas pela colisão e a queda no rio.
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O acidente
Avião comercial e helicóptero militar colidem nos EUA
O avião comercial envolvido na colisão é Bombardier CRJ700, utilizado para voos regionais. De acordo com as autoridades, era um voo da American Airlines que partiu de Wichita, no Kansas, com destino a Washington. Ao todo, 60 passageiros e quatro tripulantes estavam a bordo.
A batida aconteceu quando o avião estava a poucos metros da pista do aeroporto Ronald Reagan, momentos antes de pousar.
A queda aconteceu nas proximidades do rio Potomac, que fica perto do aeroporto. Equipes de emergência foram enviadas para fazer buscas com helicópteros e botes.
Já o helicóptero é um de modelo Sikorsky UH-60 Black Hawk, usado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos. Segundo o Exército americano, três militares estavam na aeronave para um treinamento.
Todos os pousos e decolagens foram suspensos no aeroporto, que fica a apenas 6 km do centro de Washington, D.C., onde está a Casa Branca.
Mapa mostra local de colisão entre avião e helicóptero perto de Washington, capital dos Estados Unidos, em 29 de janeiro de 2025.
arte/ g1

Fonte da Máteria: g1.globo.com