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Com pão de milho e bambu como 'serviço de bordo', casal de ursos pandas da China chega aos EUA; VÍDEO


Chegada dos pandas-gigantes Qing Bao e Bao Li faz parte de novo acordo entre governos dos dois países e marca volta da espécie à capital americana após quase um ano de ausência. Animais ficarão no Zoológico Nacional Smithsonian, em Washington. Casal de ursos pandas da China chega aos EUA
Um par de pandas-gigantes de três anos de idade, chamados Bao Li e Qing Bao, chegou a Washington, nos Estados Unidos, nesta terça-feira (15). Eles serão os novos moradores do Zoológico Nacional Smithsonian, na capital dos EUA.
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A chegada dos pandas ocorre pouco menos de um ano após a China ter recolhido três pandas que estavam no Zoológico, e marca o retorno da espécie à cidade. Horas após a chegada, os pandas já foram transportados para o Zoológico Nacional e introduzidos ao novo habitat. (Veja no vídeo acima)
Bao Li e Qing Bao chegam aos EUA como parte de um novo acordo de reprodução e pesquisa entre os dois países com duração de 10 anos. O acordo anterior expirou no ano passado, gerando preocupações entre os amantes de pandas americanos de que Pequim estivesse gradualmente retirando seus embaixadores peludos dos zoológicos americanos em meio a tensões diplomáticas crescentes.
O envio de pandas pela China aos EUA é conhecido como “diplomacia dos pandas” e ocorre com outros países do mundo. (Leia mais abaixo)
“A comida preparada para a viagem inclui pão de milho, bambu e cenouras, além de água e medicamentos”, disse o comunicado Associação Chinesa de Conservação da Vida Selvagem, acrescentando que a parceria “fará novas contribuições para a proteção da biodiversidade global e fortalecerá a amizade entre os povos dos dois países”.
ENTENDA: Como a China usa pandas para ter influência internacional
Pandas chineses Bao Li e Qing Bao chegam aos EUA em 15 de outubro de 2024.
Reprodução/Associação Chinesa de Conservação da Vida Selvagem
Após a chegada dos pandas a Washington, provavelmente haverá um período prolongado de quarentena e aclimatação antes deles serem apresentados ao público. Na noite de segunda-feira, o site do Zoológico Nacional postou um alerta de que toda a instalação estaria fechada na terça, sem dar uma razão. O artigo principal no site ainda dizia que os pandas chegariam em algum momento antes do final do ano.
Segundo os chineses, o Zoológico Nacional enviou “três tratadores e especialistas veterinários experientes” para a China para ajudar no transporte e acompanhar os ursos. O Zoológico americano, no entanto, não confirmou a informação.
Os termos exatos do acordo dos pandas entre EUA e China ainda não estão claros. Em acordos anteriores de 10 anos, o governo chinês recebia US$ 1 milhão (R$ 5,66 milhões) por ano, por urso. Qualquer filhote nascido em zoológicos estrangeiros geralmente é devolvido à China antes de completar quatro anos de idade.
Os pandas tornaram-se um dos símbolos não-oficiais da capital dos EUA desde 1972, quando o primeiro par —Ling Ling e Hsing Hsing— foi enviado como um presente do então primeiro-ministro chinês Zhou Enlai após a histórica visita diplomática do presidente Richard Nixon à China. Posteriormente, foi estabelecida uma série de acordos de cooperação de 10 anos.
Bao Li é descendente de pandas que já viveram em Washington. Sua mãe nasceu no Instituto de Conservação e Biologia do Zoológico Nacional do Smithsonian em 2013, e seus avós, Tian e Mei Xiang, viveram lá de 2000 a 2023.
Panda-gigante Qing Bao em jaula de transporte antes de viagem da China para os Estados Unidos em 14 de outubro de 2024.
Jin Tao/Administração Nacional de Florestas e Pastagens da China via AP
Pandas chineses Bao Li e Qing Bao chegam aos EUA em 15 de outubro de 2024.
AP Foto/Kevin Wolf
‘Diplomacia dos pandas’
A “diplomacia dos pandas” é uma estratégia utilizadas há décadas por Pequim e consiste em presentear ou emprestar os ursos na esperança de construir relações com outros países.
Os primeiros animais, Hsing-Hsing e Ling-Ling, foram enviados aos EUA por Mao Tsé-Tung em 1972, após visita de Richard Nixon, então presidente norte-americano, ao país asiático. Depois que os pandas morreram, Mei Xiang, de 25 anos, e Tian Tian, de 26 anos, os substituíram, em 2000, por meio de um acordo cooperativo de pesquisa e reprodução com a Associação de Conservação da Vida Selvagem da China.
Inicialmente, os pandas deveriam permanecer por 10 anos nos EUA, mas o acordo foi renovado três vezes desde 2010.
Embora a chegada dos pandas aos EUA em 1972 esteja entre os exemplos mais conhecidos da diplomacia panda, certamente não é o primeiro caso do tipo.
Em 1941, dois pandas foram enviados aos Estados Unidos pouco antes de o país entrar na Segunda Guerra Mundial – eles foram amplamente vistos como um presente de “agradecimento” da China.
Durante a cerimônia de anúncio do presente, Chiang Kai-shek disse que os pandas eram uma forma de agradecer “aos amigos americanos da China por aliviarem o sofrimento do nosso povo e curarem as nossas feridas”.
Mais tarde, durante a década de 1950, o presidente Mao era conhecido por enviar pandas como presentes aos aliados comunistas do país, que incluíam a Coreia do Norte e a União Soviética.
Mais recentemente, após o desaparecimento do voo 370 da Malaysian Airlines em Março de 2014, que prejudicou as relações entre a China e a Malásia, a chegada de dois dos adorados pandas da China naquele mesmo ano à Malásia foi vista como uma oferta de paz.
Quanto ao que os pandas podem significar hoje, Brownell sugere um esforço por parte da China para emular o que os distingue dos Estados Unidos no cenário mundial. “Eles sabem muito bem que a sua crescente força econômica e militar é vista como uma ameaça, particularmente pela liderança política dos EUA”, explicou Brownell.
“Eles também entendem que um grande fator [da influência dos EUA] no mundo vem do apelo de seus produtos culturais, sejam filmes de Hollywood ou estrelas da NBA”.
“O uso dos adoráveis ​​pandas, bem como a promoção estatal dos esportes olímpicos, faz parte do esforço (da China) para desenvolver esse tipo de apelo e influência no mundo”, acrescentou Brownell.

Fonte da Máteria: g1.globo.com