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Cristal atualiza o brilho e o verbo do baile black em 'Epifania', álbum autoral alicerçado no groove do soul e do funk


Capa do álbum ‘Epifania’, de Cristal
Josemar Afrovulto
♪ É sintomático que Cristal pose com globo espelhado na foto tirada por Josemar Afrovulto para a capa do álbum Epifania, lançado pela cantora e compositora na noite de quinta-feira, 22 de agosto.
Há ecos do brilho dos pioneiros bailes black dos anos 1970 e 1980 nas três dançantes faixas iniciais de Epifania – Vida antiga, Cuidado e Imagem e som – e também na música Estrela do álbum feito com produção musical de MDN Beatz, primo e habitual colaborador da artista.
Epifania é álbum situado na pista desses bailes com dose alta de orgulho, mas sem excessiva nostalgia. A matéria-prima do disco é o groove da black music contemporânea, sobretudo o balanço do soul e do funk, mas com pé no presente.
“Sente esse groove”, propõe a voz grave do backing Bira Matos em verso inicial de Cuidado, a já citada faixa produzida pelo DJ Fredi Chernoporl.
O disco Epifania gravita em torno do groove black, mas abre espaço para o canto a capella de O asfalto é frio, música que antecede Corre, faixa que lembra que Cristal é cria da poesia falada e urbana dos slams. Mais especificamente da poesia das ruas de Porto Alegre (RS), cidade onde Cristal nasceu há 22 anos.
Sim, Cristal é rapper gaúcha que sempre procurou dar visibilidade à negritude do sul do Brasil, muitas vezes minimizada ou mesmo apagada do mapa musical do país.
Antecedido pelo single Redial (2023), o álbum Epifania sucede o EP Quartzo (2021) na discografia da artista, mostrando em faixas como Obrigado Black que Cristal descende da nobre linhagem soul aberta na música do Brasil por nomes como Cassiano (1943 – 2021), Tim Maia (1942 – 1998), Toni Tornado e, na ala feminina, por Sandra de Sá e Paula Lima.
Na cena do hip hop gaúcho desde 2017, Cristal se conecta com a mana paulistana Drik Barbosa na música Love community.
Se o EP Quartzo tinha muito de rap e R&B, Epifania se alimenta do soul. “Essa é a minha historia”, resume Cristal, na já mencionada música Obrigado Black, manifestando orgulho da negritude com sentimento de fraternidade e gratidão à comunidade preta do Brasil.
Isso é o que eu soul, diz o titulo desse rap cheio de groove e soul que dá o tom de Epifania, álbum que alicerça a identidade, o brilho e o verbo de Cristal.

Fonte da Máteria: g1.globo.com