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De rival na eleição contestada de Maduro a foragido e asilado político: quem é Edmundo González


Ex-diplomata se tornou candidato à presidência de última hora e garante que venceu as eleições com base em dados das atas eleitorais. Edmundo González em comício, em Caracas, em 25 de julho de 2024.
Leonardo Fernandez Viloria/Reuters
O líder opositor venezuelano Edmundo González chegou neste domingo (8) na Espanha após o país europeu ter lhe concedido asilo.
A aeronave da Força Aérea espanhola pousou na Base Aérea de Torrejón de Ardoz, nos arredores de Madri.
O ex-diplomata deixou Caracas no sábado. Ele era alvo de um pedido de prisão do Ministério Público emitido no último dia 2. A Justiça aceitou o pedido de prisão.
Sem aparições públicas desde as eleições de 28 de julho, González foi convocado diversas vezes pela procuradoria da Venezuela, considerada um braço do regime chavista de Nicolás Maduro, para depor sobre a contagem paralela das atas eleitorais que, segundo sua coalizão, lhe garantiam a vitória no pleito.
O Conselho Nacional Eleitoral afirmou que González ficou em 2º lugar nas eleições presidenciais, sendo derrotado por Nicolás Maduro. Entretanto, a oposição garante que González venceu por ampla vantagem com base nos dados das atas eleitorais.
Neste domingo, o site de notícias Bloomberg afirmou que González abrigou-se na Embaixada da Holanda por mais de um mês, até se dirigir à representação diplomática espanhola em Caracas.
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Após as eleições, González passou a ser investigado por crimes como usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos oficiais, incitação de atividades ilegais e sabotagem de sistemas.
O opositor nasceu em 1949 em La Victoria, uma pequena cidade a cerca de 110 quilômetros de Caracas onde ocorreu uma das batalhas mais heroicas da guerra de independência.
González viveu e estudou em La Victoria até se mudar para a capital, onde cursou o ensino superior. Formou-se em Estudos Internacionais pela prestigiada Universidade Central da Venezuela (UCV) e, depois, ingressou na Chancelaria.
Como diplomata, morou na Bélgica e nos Estados Unidos. Foi embaixador na Argélia (1994-99) e na Argentina (1999-2002). Embora tenha vivido muitos anos fora da Venezuela, ele sempre insiste que conhece bem o país.
Candidatura inesperada
EXCLUSIVO: Edmundo González fala sobre disputa contra Maduro nas eleições da Venezuela
Até recentemente, Edmundo González Urrutia conversava de varanda em varanda com os netos, vizinhos de um prédio ao lado. Mas o seu papel de avô foi inesperadamente substituído pelo de candidato à presidência da Venezuela.
González foi nomeado de último minuto após a inabilitação da carismática líder María Corina Machado e o veto de outros possíveis substitutos.
“Nunca, nunca, nunca pensei em estar nesta posição”, admitiu o discreto diplomata de carreira, de 74 anos, à AFP em abril. “Esta é a minha contribuição para a causa democrática… faço isso com desprendimento, como uma contribuição para a unidade”.
Sua nomeação foi inicialmente temporária, o que é conhecido na Venezuela como “candidato tampão” da coalizão Plataforma Unitária, que elegeu Machado nas primárias, a quem González devolveria o lugar.
“Estava em minha casa, em um sábado à tarde, quando me telefonaram” para “assinar uma carta ao CNE”, o Conselho Nacional Eleitoral, recordou. “Quando ouvi meu nome, eu disse: ‘Mas aqui tem algo diferente”.
“O que eles não sabiam é que aquele ‘tampão’ ia virar uma garrafa, e aqui estamos hoje nestas condições”, disse ele com um sorriso.
Na época, ele era desconhecido pela maioria. Ramón Guillermo Aveledo, ex-secretário da MUD, o retratou como “um venezuelano decente, um democrata e um servidor da República”.
Maduro chegou a dizer que o país poderia enfrentar um “banho de sangue” e uma “guerra civil” caso não vencesse as eleições. Por outro lado, González disse em entrevista exclusiva ao Blog da Andréia Sadi que acreditava em um desfecho pacífico.
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Eleições de julho
A líder da oposição, María Corina Machado, acompanha Edmundo González em um evento com o partido de oposição Primeiro Justiça em Caracas, no dia 31 de maio.
Getty Images via BBC
O pleito de julho foi fruto de um acordo entre Maduro e a oposição, assinado em outubro de 2023. Foi uma forma que o atual presidente encontrou para tentar aliviar as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos.
A promessa era de eleições livres, sem opositores impedidos, e presença de observadores internacionais para garantir a lisura do pleito. Mas não foi isso que aconteceu.
Maduro foi acusado de não cumprir com os termos do acordo. No começo do ano, a Justiça da Venezuela, controlada pelo governo, determinou que a principal opositora não poderia ocupar cargos públicos. Com isso, María Corina Machado ficou impedida de concorrer.
A oposição tentou emplacar um novo nome: Corina Yoris. Mas a candidata sofreu com problemas no sistema de registro eletrônico do Conselho Nacional Eleitoral, ficando de fora da disputa.
Sobrou o ex-diplomata Edmundo González, que conseguiu se registrar e se tornou a esperança oposicionista para derrotar Maduro. Apoiado por Corina Machado, González apareceu na liderança em pesquisas eleitorais independentes.
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Fonte da Máteria: g1.globo.com