Capa do álbum ‘Vivo!’ (1976), de Alceu Valença
Mario Luiz Thompson
Imagem promocional da reedição em LP do álbum ‘Vivo!’ (1976), de Alceu Valença
Divulgação / Rocinante
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Vivo!
Artista: Alceu Valença
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Para quem gosta do som do vinil e da sensação tátil de manusear a capa de um LP, a reedição de Vivo! no formato de LP vale o investimento de R$ 200 pela quentura do som e pelo apuro da arte gráfica.
Lançado em março de 1976 pela gravadora Som Livre, em LP de capa dupla que expunha fotos de Mario Luiz Thompson (1945 – 2021), Vivo! é o segundo álbum solo de Alceu Valença, cantor, compositor e músico pernambucano que somente faria real sucesso em 1980 com a boa execução radiofônica do coco autoral Coração bobo.
Alceu viveu período de auge comercial ao longo da década de 1980, mas os discos do artista nos anos 1970 são todos muito bons e fazem jus ao culto. Vivo! particularmente continua… vivíssimo 48 anos após o lançamento. O trocadilho é infame, mas procede.
O primeiro álbum ao vivo de Alceu Valença oferece recorte do show Vou danado pra catende, estreado pelo cantor no Rio de Janeiro (RJ) em 1975 e criado pelo artista com o produtor musical Guto Graça Mello.
O show estreou no embalo da projeção alcançada por Alceu com a defesa da música Vou danado pra catende – feita pelo compositor a partir de versos do poeta pernambucano Ascenso Ferreira (1895 – 1965) – no festival Abertura, produzido e exibido pela TV Globo naquele ano de 1975.
Diretor musical da emissora na época, Graça Mello incluíra música de Alceu na antológica trilha sonora da novela Gabriela (TV Globo, 1975) e, apostando no cantor, quis registrar o show Vou danado pra catende na última apresentação da temporada carioca no Teatro Tereza Rachel, em 7 de setembro de 1975.
Foi desse registro que, no ano seguinte, surgiu o álbum Vivo! com oito músicas captadas no show com som potente, elétrico como Alceu, às vezes pesado como no canto da música Você pensa.
Todas as oito composições eram de autoria de Alceu, sendo que Edipiana nº 1 também trazia a assinatura de Geraldo Azevedo, com quem Alceu debutara no mercado fonográfico em 1972 com álbum dividido com o colega conterrâneo.
Duas músicas do repertório de Vivo! – Papagaio do futuro e Punhal de prata – já tinham sido gravadas no álbum anterior de Alceu, Molhado de suor (1974), sendo que a embolada Papagaio do futuro já tinha sido apresentada em 1972 na última edição do Festival Internacional da Canção (1972) em número feito por Alceu com Geraldo Azevedo e Jackson do Pandeiro (1919 – 1982).
Com a edição do álbum Vivo!, Alceu Valença consolidou a ideia de um som universal calcado na matriz nordestina de ritmos como emboladas, martelos agalopados, modas de viola e cocos, tocados com a energia do rock.
Produzida com capricho pela gravadora Rocinante em parceria com Três Selos, com a capa dupla da edição original de 1976, a atual reedição em LP de Vivo! traz poster, envelope com as letras e texto do jornalista Bento Araújo, autor da trilogia Lindo sonho delirante, composta por três livros sobre a discografia psicodélica do Brasil.
Fonte da Máteria: g1.globo.com