A moeda norte-americana recuou 1,11%, cotada a R$ 6,0411. O principal índice de ações da bolsa fechou em alta de 0,13%, aos 119.781 pontos. Dólar
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O dólar fechou em queda nesta quinta-feira (9), cotado a R$ 6,04, em sessão marcada por menor volume de negociações nos Estados Unidos devido ao funeral do ex-presidente Jimmy Carter.
Investidores continuaram a repercutir as notícias sobre o plano de tarifas de Trump, que podem afetar economias exportadoras e acelerar a inflação nos EUA.
Mais tarifas aos importados podem prejudicar a inflação americana, gerando mais pressão sobre as taxas de juros do país e sobre o dólar.
No Brasil, as vendas no varejo caíram 0,4%, mesmo em período de Black Friday. Houve uma reversão do resultado de alta de 0,4% em outubro. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado veio em linha com as expectativas do mercado financeiro, e acumula alta de 5% em 2024. Em 12 meses, a alta é de 4,6%.
Investidores também seguiram monitorando o cenário fiscal brasileiro, enquanto cresce a desconfiança de que o governo não será capaz de equilibrar a situação das contas públicas.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em leve alta.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
O dólar caiu 1,11%, cotado a R$ 6,0411. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 2,26% na semana;
recuo de 2,24% no mês e no ano.
No dia anterior, a moeda fechou em leve alta de 0,09%, cotada a R$ 6,1089.
Ibovespa
O Ibovespa subiu 0,13%, aos 119.781 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,05% na semana;
perdas de 0,42% no mês e no ano.
Na véspera, o índice encerrou em baixa de 1,27%, aos 119.625 pontos.
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O que está mexendo com os mercados?
O mercado continuou monitorando as notícias que surgem em torno das novas tarifas que Donald Trump pode impor aos países exportadores nos Estados Unidos.
Depois de uma reportagem do jornal “The Washington Post” afirmar, na segunda-feira, que a equipe econômica do presidente eleito estaria estudando tarifar apenas as importações em alguns setores específicos, como defesa e energia, ganhou destaque, também, a informação de que Trump está considerando declarar uma emergência econômica nacional para justificar seu tarifaço.
A medida permitirá que Trump crie um novo programa de tarifas comerciais usando a Lei de Poderes de Emergência Econômica Internacional, que autoriza o presidente a administrar as importações durante uma emergência nacional, segundo a reportagem.
“Nada está fora da mesa”, disse uma fonte familiarizada com o assunto à CNN.
Trump prometeu impor tarifas de 10% sobre as importações globais para os EUA, juntamente com uma tarifa de 60% sobre os produtos chineses. Ele também disse que imporia uma tarifa de 25% sobre as importações canadenses e mexicanas em seu primeiro dia no cargo.
A confiança das empresas aumentou desde a vitória de Trump em novembro, devido às expectativas de cortes de impostos e menos regulamentações. No entanto, há preocupações com as tarifas mais altas sobre importações e deportações em massa, que podem aumentar a inflação e prejudicar o crescimento.
O mercado reage mal à possibilidade de tarifas maiores, pois mais inflação pode obrigar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a aumentar as taxas de juros. Isso aumenta o rendimento dos títulos públicos e reduz o apetite dos investidores por investimentos mais arriscados, dando força do dólar.
Desde meados de 2024, os EUA estão em um ciclo de redução das taxas de juros. Para que os juros continuem caindo, a inflação precisa desacelerar mais. Até novembro, a inflação anual era de 2,7%, enquanto a meta do Fed é de 2%.
Apesar das incertezas em relação às políticas tarifárias de Trump, nesta quinta, o presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, disse que ainda espera que o banco central dos Estados Unidos siga cortando a taxa de juros.
“Ainda nos vejo em uma trajetória de redução da taxa de juros”, disse Harker, em discurso na Associação Nacional de Diretores Corporativos.
Segundo o dirigente, “os fundamentos de nossa macroeconomia permanecem fortes” e, embora a inflação permaneça mais alta do que o desejado, o Fed tem tido sucesso em reduzir as pressões dos preços.
Ele afirmou, porém, que o retorno da inflação à meta de 2% está demorando mais do que o esperado e que a trajetória da política monetária no país está obscurecida por uma considerável incerteza econômica.
“Em um mundo incerto, a política (monetária) precisa permanecer dependente de dados e melhor posicionada para lidar com os riscos futuros”, disse Harker.
No Brasil, o Banco Central vendeu na manhã desta quinta 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 3 de fevereiro de 2025.
Os swaps são contratos para troca de riscos: o BC oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento desses contratos, o investidor se compromete a pagar uma taxa de juros sobre o valor deles e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período.
Além disso, houve a realização de um amplo leilão de títulos de longo prazo promovido pelo governo, papéis que costumam ser procurados por investidores estrangeiros, explica Harrison Gonçalves, sócio da CMS Invest.
“Isso justificou um maior fluxo de entrada [de recursos]”, diz, o que colaborou com o recuo do dólar. Em termos estruturais, no entanto, não há informações que sinalizem uma mudança de tendência na moeda, acrescenta o especialista.
O mercado também repercutiu nesta quinta os últimos dados de atividade econômica, enquanto espera pelos números da inflação fechada do país em 2024, que serão divulgados nesta sexta-feira (10).
O comércio varejista teve leve contração de 0,4% em novembro, mas segue acumulando uma alta de 4,6% em 12 meses. Já a produção industrial de novembro registrou queda de 0,6% na comparação com o mês anterior e alta de 1,7% contra o mesmo mês de 2023. Os dados são do IBGE.
Lucas Sigu Souza, sócio-fundador da Ciano Investimentos, ressalta ainda que o dia foi de menos tensões políticas nacionais e internacionais.
Ele lembra que o mercado continuou a repercutir a entrevista exclusiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à GloboNews, na última terça-feira (7), na qual tratou das questões fiscais.
“O estresse diminuiu um pouco. Isso colaborou com a queda do dólar nesta quinta”, diz.
Na ocasião, Haddad afirmou que o déficit primário do Brasil em 2024 ficará em 0,1% e que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) será de 3,6%. Os dados não consideram os gastos com a tragédia do Rio Grande do Sul.
Segundo o ministro, o déficit é menor do que o previsto. “Um ano atrás, a previsão do mercado era de 0,8% do PIB. Vamos nos lembrar que era antes do episódio trágico do Rio Grande do Sul que consumiu 0,27% do PIB para atender a população. Era 0,8%, vamos terminar o ano com 0,1% do PIB”.
Questionado se o governo prepara um novo decreto de ajuste fiscal, o ministro disse que primeiro é preciso aprovar o orçamento e adequá-lo ao pacote de corte de gastos aprovado pelo Congresso.
“Nós primeiro temos que adequar o orçamento às medidas já aprovadas, que garantem flexibilidade na execução que não tivemos nos últimos dois anos.”
Ele disse ainda que não gosta de falar em pacote “dois, três, ou quatro”, mas que o governo está em constante estudo para avaliar a adequação dos gastos.
Sobre a previsão de crescimento do endividamento público, Haddad disse que, quando o novo arcabouço fiscal for implementado, a dívida irá estabilizar e depois vai cair. Ele também afirmou que governo afastou ideia de ficar meta para a dívida. Confira aqui outros pontos da entrevista.
Fonte da Máteria: g1.globo.com