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A moeda norte-americana caiu 0,08%, cotada a R$ 5,7625. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira encerrou com um recuo de 1,69%, aos 124.380 pontos. Dólar
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O dólar emplacou o terceiro dia consecutivo de queda nesta quarta-feira (12) e fechou em R$ 5,7625, renovando o menor patamar desde novembro.
A queda da moeda veio mesmo em após o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos informar uma inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) maior do que o esperado pelo mercado no país. Para analistas, o movimento pode refletir tanto o patamar ainda alto do dólar quanto as falas recentes do presidente do Banco Central do Brasil (BC), Gabriel Galípolo.
Durante um seminário sobre política monetária promovido pelo Instituto de Estudos de Política Econômica/ Casa das Garças (IEPE/CdG), Galípolo falou sobre as incertezas acerca do mandato do presidente norte-americano, Donald Trump, e indicou um Banco Central mais duro (hawkish, nos termos de mercado) em relação à Selic.
Nesse sentido, as constantes ameaças tarifárias de Trump também seguem no radar. Isso porque, diante do aumento das tarifas sobre produtos importados, a estimativa é que os produtos norte-americanos fiquem mais caros e acabem pressionando a inflação, impossibilitando que o Fed continue o ciclo de redução das taxas básicas de juros.
Com isso, falas do presidente do BC norte-americano, Jerome Powell, também ficaram sob os holofotes nesta quarta-feira. (Veja mais abaixo)
No Brasil, o destaque ficou com dados do setor de serviços. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o volume de serviços prestados no país teve uma queda de 0,5% em dezembro de 2024, no segundo resultado negativo consecutivo, acumulando perda de 1,9% nos dois últimos meses do ano. No acumulado do ano, porém, o setor teve alta de 3,1%.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, também encerrou em queda.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Ao final da sessão, o dólar recuou 0,08%, cotado a R$ 5,7625, renovando o menor patamar desde novembro. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,7511. Já na máxima, foi a R$ 5,7877. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,53% na semana;
recuo de 1,28% no mês; e
perdas de 6,75% no ano.
No dia anterior, a moeda americana teve baixa de 0,31%, cotada a R$ 5,7672.
a
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou com um recuo de 1,69%, aos 124.380 pontos.
Com o resultado, acumulou:
recuo de 0,19% na semana;
perdas de 1,39% no mês;
ganho de 3,41% no ano.
Na véspera, o índice teve alta de 0,76%, aos 126.522 pontos.
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O que está mexendo com os mercados?
O principal destaque na agenda econômica desta quarta-feira ficou com os novos dados de inflação dos Estados Unidos. Segundo informação divulgada pelo Departamento do Trabalho norte-americano, o país registrou uma alta de 0,5% em janeiro.
O resultado representa uma aceleração em comparação ao observado em dezembro (0,4%) e veio acima do esperado pelo mercado, que projetava um avanço de 0,3% no mês. O número também volta a levantar preocupações sobre o futuro dos preços e dos juros no país, principalmente em meio às constantes ameaças tarifárias de Trump.
O receio é que a imposição de tarifas aos principais parceiros comerciais dos EUA acabem encarecendo os produtos norte-americanos e pressionando a inflação do país. Esse cenário não apenas impediria o Fed de continuar a cortar as taxas de juros nos Estados Unidos, como também estende a preocupação com uma eventual alta de preços pelo mundo.
Nesta semana, por exemplo, Trump assinou um decreto que impõe tarifas de 25% para todas as importações de aço e alumínio para o país a partir de 12 de março.
Dirigentes do Fed afirmaram que a instituição não tem pressa em reduzir os juros e que observará atentamente os desdobramentos do cenário político e econômico. Atualmente, os juros americanos estão entre 4,25% e 4,50% ao ano, com o objetivo de reduzir a inflação anual, que está em 2,9%, para a meta de 2%.
Juros elevados também aumentam o rendimento dos títulos públicos dos EUA, considerados os mais seguros do mundo, o que tende a provocar uma migração de capital estrangeiro para o país e pode fortalecer o dólar em relação a outras moedas.
Dólar mais caro também impacta a inflação em todo o mundo, já que esta é a principal moeda para as negociações comerciais e pode pressionar os preços principalmente das commodities, como combustíveis e alimentos.
Diante de todo esse cenário, falas recentes do presidente do Fed, Jerome Powell, também ficaram no radar. O banqueiro central afirmou que a tarefa do BC norte-americano de levar a inflação à meta ainda está inacabada, mas reforçou a necessidade de cautela na análise de dados.
“Estamos perto, mas não chegamos lá em relação à inflação. […] Fizemos um grande progresso, mas ainda não chegamos lá”, afirmou Powell durante audiência ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA, destacando que a instituição não tem pressa na condução dos juros.
Galípolo na mira dos investidores
Já no mercado doméstico, as atenções ficaram voltadas para novas falas do presidente do Banco Central do Brasil (BC), Gabriel Galípolo.
Durante evento realizado nesta quarta-feira, o banqueiro central afirmou que é esperado que o BC seja mais agressivo ao promover elevações da taxa básica (Selic), e mais cauteloso em momentos de cortes de juros.
Galípolo ainda afirmou que é natural que os agentes de mercado observem os dados de atividade para monitorar os efeitos da política monetária, mas sugeriu cautela nas avaliações e destacou parcimônia por parte do BC.
“O Banco Central vai tomar o tempo necessário para ter a certeza de que os dados que estão chegando confirmam uma tendência, e não simplesmente volatilidade de dados de alta frequência”, disse, enfatizando que o nível de juros caminho para um patamar bastante elevado.
O banqueiro central também comentou sobre as incertezas em relação às ameaças tarifárias de Trump, mas disse que o BC tem ouvido que o Brasil pode ter poucos impactos, devido à menor correlação com a economia norte-americana.
Na agenda de indicadores, o setor de serviços do Brasil encerrou 2024 com uma alta acumulada de 3,1%, no quarto ano seguido de ganhos, puxado por um mercado de trabalho aquecido. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo Rafael Perez, economista da Suno Research, o avanço do volume de serviços prestados no ano passado também tem relação com “as condições mais favoráveis para a renda e o consumo das famílias”, além do avanço de atividades empresariais.
“Contudo, nos últimos meses, observamos sinais de desaceleração do setor, que começa a sentir os dados mais fracos de mercado de trabalho, confiança do consumidor e a perda de tração da economia brasileira”, explica o economista.
Perez acredita que, em 2025, os serviços devem ser mais impactados pelo ciclo de altas na Selic, que devem encarecer a tomada de crédito pela população e, por isso, tendem a reduzir a demanda por bens e serviços no país.
Fonte da Máteria: g1.globo.com