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Dólar inverte o sinal e fecha em baixa, com falas de Lula e dados de emprego no radar; Ibovespa sobe


A moeda norte-americana recuou 0,20%, cotada em R$ 5,5079. Já o principal índice acionário da bolsa encerrou em alta de 1,36%, aos 124.308 pontos. Cédulas de dólar
bearfotos/Freepik
O dólar inverteu mais uma vez o sinal e fechou em queda nesta quinta-feira (27), com investidores repercutindo novas falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Além disso, novos dados dos Estados Unidos também seguiram no radar, após o número de pedidos semanais de seguro-desemprego ter vindo abaixo das expectativas do mercado. O resultado acaba reiterando a continuidade da força da economia, o que pode atrasar ainda mais o início do ciclo de corte nos juros no país.
Já no cenário interno, o mercado também repercutiu novos dados de emprego, além de novas falas de Lula, que hoje afirmou que “quem apostar no fortalecimento do dólar ante o real vai quebrar a cara”.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, encerrou em alta.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Ao final da sessão, o dólar recuou 0,20%, cotado a R$ 5,5079. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,5384. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
avanço de 1,23% na semana;
ganho de 4,93% no mês;
alta de 13,51% no ano.
No dia anterior, a moeda norte-americana avançou 1,20%, cotado a R$ 5,5188.

Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou em alta de 1,36%, aos 124.308 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 2,44% na semana;
ganhos de 1,81% no mês;
perdas de 7,36% no ano.
Na véspera, o índice fechou em alta de 0,25%, aos 122.641 pontos.

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O que está mexendo com os mercados?
Nesta quinta-feira (27), os investidores repercutiram o novo número de pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos. As solicitações recuaram em 6 mil na semana encerrada em 22 de junho, chegando a 233 mil, informou o Departamento do Trabalho norte-americano.
Economistas estão divididos sobre o significado dos resultados: alguns interpretam que os números indicam alta nas demissões, enquanto outros acreditam que se trata de uma repetição da volatilidade observada no mesmo período do ano passado.
Os pedidos de seguro-desemprego são importantes porque indicam sinais sobre a atividade econômica. Os dados podem ser vistos como indícios do aquecimento ou não da economia e, por isso, estão no radar do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
A taxa básica de juros norte-americana está em seu maior patamar desde 2001, na faixa de 5,25% e 5,50% ano ano. O objetivo do Fed com a taxa elevada é reduzir a inflação do país para perto de 2%, a meta da autoridade monetária.
Juros mais altos nos Estados Unidos tornam os emergentes, como o Brasil, menos atrativos — impactando no real. Assim, os investidores levam investimentos para economias desenvolvidas e o real tende a se desvalorizar ainda mais.
No Brasil, seguem no radar dos investidores as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O presidente criticou as perspectivas de investidores e do mercado financeiro sobre uma aposta no enfraquecimento do real e em uma piora da economia brasileira.
“Quem estiver apostando em derivativo vai perder dinheiro nesse país. As pessoas não podem ficar apostando no fortalecimento do dólar e no enfraquecimento do real”, declarou.
“Eu já vi isso em 2008. Quem não lembra a quantidade de empresa que quebrou? Quem não lembra o que aconteceu com a Sadia, a Aracruz? As pessoas achavam que era importante ganhar dinheiro apostando no fortalecimento do dólar e quebraram a cara. E vão quebrar outra vez”, seguiu Lula.
Ontem, Lula criticou a condução dos juros por parte do Banco Central (BC) em entrevista ao portal “Uol”. Esse é um tema sensível para o mercado, que aguarda saber quem será o sucessor de Roberto Campos Neto na cadeira da presidente da instituição no ano que vem.
Sobre Gabriel Galípolo, diretor do BC indicado por seu governo e um dos mais cotados para a posição, Lula disse que “é um companheiro altamente preparado, conhece sistema financeiro. Mas ainda não estou pensando na questão do Banco Central.”
“Eu não indico presidente do Banco Central para o mercado. Ele vai ter que tomar conta dos interesses do Brasil. Mercado tem que se adaptar a isso”, argumentou Lula.
O presidente também abordou as contas públicas, e disse que o governo está fazendo uma análise dos cortes de gastos que podem ajudar a equilibrar as contas.
Lula disse garantir que não tomará medidas que mexam em salário mínimo e em benefícios sociais — por exemplo, desobrigando a correção desses valores pela inflação do período. “Garanto, salário mínimo não será mexido enquanto eu for presidente da República”, disse.
Também nesta quinta-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que não vê motivos, neste momento, para que a autoridade monetária atue para tentar conter a alta do dólar e evitar o chamado “contágio inflacionário” que a disparada da moeda norte-americana pode causar.
O entendimento de economistas é de que o dólar alto tende a pressionar a inflação no Brasil, pois os produtos importados ficam mais caros, e isso normalmente é repassado aos consumidores.
Campos Neto explicou que o Banco Central acredita no princípio da separação entre a definição da taxa de juros, que busca conter a inflação, e as chamadas “medidas macroprudenciais”, ou seja, voltadas ao bom funcionamento dos mercados — que é o caso de eventuais atuações cambiais.
“O câmbio é flutuante [a cotação varia de acordo com a demanda e a oferta pela moeda] e intervenção tem de ser por conta de disfuncionalidade pontual [como a ausência de moeda, em um momento em que as instituições a procuram]. Não fazemos intervenção visando algum tipo de nível [da taxa de câmbio]”, afirmou Campos Neto.
Na agenda do dia, o Banco Central anunciou, em seu relatório de inflação do segundo trimestre, que elevou de 1,9% para 2,3% sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
“A revisão foi bastante afetada por surpresas positivas no primeiro trimestre, notadamente em impostos, nos componentes mais cíclicos da oferta, no consumo das famílias e na Formação Bruta de Capital Fixo (taxa de investimentos)'”, informou o Banco Central.
Além disso, o Ministério do Trabalho e Emprego informou que a economia brasileira gerou 131,8 mil empregos formais em maio deste ano, uma queda de 15,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que o resultado foi influenciado pela calamidade climática no Rio Grande do Sul. O estado foi o único que registrou fechamento de vagas.
“A tendência é a economia voltar a girar no estado e voltar a ter números positivos em agosto”, afirmou.

Fonte da Máteria: g1.globo.com