
A moeda norte-americana avançou 0,13%, cotada a R$ 5,7596. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira recuou 0,94%, aos 131.902 pontos. Notas de real e dólar
Amanda Perobelli/ Reuters
O dólar teve o terceiro dia consecutivo de alta nesta sexta-feira (28) e fechou a R$ 5,75, conforme investidores repercutiam novos econômicos no Brasil e nos Estados Unidos, e continuavam atentos aos desdobramentos das recentes de tarifas de importação impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
Por aqui, o destaque do dia ficou com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O documento indicou que a taxa de desemprego no Brasil subiu para 6,8% no trimestre terminado em fevereiro.
Além disso, o Ministério do Trabalho e Emprego informou que a economia brasileira gerou 431,99 mil empregos formais em fevereiro deste ano — um aumento de 40,4%, conforme dados oficiais e o melhor resultado mensal desde o início da nova série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 2020.
Já lá fora, o foco ficou com o indicador de despesas com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) nos EUA, que subiu 0,3% e acumulou alta de 2,5% em 12 meses até fevereiro, em linha com as expectativas. Esse é o indicador de inflação preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), porque reflete somente os principais gastos do consumidor.
O núcleo do PCE — uma medida que exclui a variação de preços mais voláteis, como energia e combustíveis —, no entanto, ficou acima do esperado, com um avanço de 0,4%.
A inflação dos EUA é observada com atenção por investidores do mundo inteiro porque, se voltar a acelerar com força, o Fed pode demorar mais para reduzir suas taxas de juros — o que impacta os níveis de consumo e gera cautela com uma possível desaceleração da economia.
Além disso, a política tarifária de Trump também eleva esses temores porque, com taxas para os produtos que chegam aos EUA, a expectativa é que muitos bens e serviços possam ficar mais caros, impactando a inflação, o consumo e a atividade do país.
Trump anunciou, na última quarta-feira (26), que vai impor tarifas de 25% sobre automóveis importados a partir de 2 de abril. Para a mesma data, é esperado o anúncio das tarifas recíprocas que os EUA devem cobrar sobre outros países.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, encerrou em queda.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
O dólar avançou 0,13%, cotado a R$ 5,7596. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,7819. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana teve alta de 0,34%, cotada a R$ 5,7521.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,61% na semana;
recuo de 2,77% no mês; e
perda de 6,92% no ano.
a
📈Ibovespa
O Ibovespa recuou 0,94%, aos 131.902 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
queda de 0,33% na semana;
avanço de 7,41% no mês; e
ganho de 9,66% no ano.
Na véspera, o índice teve alta de 0,47%, aos 133.149 pontos.
O que está mexendo com os mercados?
O que está mexendo com os mercados?
Os mercados globais repercutiram a divulgação de uma série de indicadores econômicos no último dia de pregão da semana. No Brasil, os números mais recentes do mercado de trabalho brasileiro vieram em linha com as expectativas do mercado financeiro.
A taxa de desemprego subiu para 6,8% no trimestre entre dezembro e fevereiro, uma alta de 0,7 ponto percentual em relação ao resultado do trimestre encerrado em novembro. Apesar disso, o número ainda está 1 ponto percentual abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.
O IBGE também destaca que, apesar da alta na taxa de desemprego, o rendimento dos trabalhadores atingiu o maior valor da série histórica (R$ 3.378), assim como o número de trabalhadores com carteira assinada (39,6 milhões).
Já nos EUA, o indicador de inflação preferido do Fed, o PCE, veio levemente acima das expectativas do mercado e mostrou uma aceleração dos preços.
O núcleo do indicador, que exclui preços voláteis, avançou 0,4% em fevereiro, contra expectativas de 0,3%. Em 12 meses, acumulou alta de 2,8%, contra projeção de 2,7%. A meta de inflação nos EUA é de 2% anualmente.
Com um novo aumento de preços sinalizado pelo indicador, investidores também seguem atentos aos desdobramentos das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Além da expectativa que já existia pelo dia 2 de abril, quando as taxas recíprocas devem começar a valer, Trump anunciou na última quarta-feira (26) tarifas de 25% sobre carros importados, que devem entrar em vigor no mesmo dia.
Investidores, analistas, empresários e consumidores temem que as medidas possam acelerar a inflação de uma gama de produtos e provocar uma recessão nos EUA — além de impactar preços e crescimento econômico de diversos países pelo mundo.
Diante da incerteza, os agentes financeiros têm preferido segurar suas apostas para qualquer direção, mantendo o dinheiro nos ativos mais seguros, como o dólar, o que justifica a valorização da moeda.
Sobre as tarifas globais recíprocas, Trump afirmou na quarta-feira que as taxas podem ser mais suaves do que o que se espera. “Vamos torná-las muito brandas”, disse. “Acho que as pessoas ficarão muito surpresas. Será, em muitos casos, menor do que a tarifa que eles [países] vêm cobrando há décadas.”
Enquanto isso, as expectativas de consumidores seguem se deteriorando. Relatório do Conference Board mostrou na última terça-feira que seu índice de confiança do consumidor caiu pelo quarto mês consecutivo em março e de forma mais acentuada que projeção em pesquisa da Reuters.
A preocupação de economistas é que o pessimismo dos consumidores possa refletir na economia real em breve, com queda do consumo e dos investimentos nos EUA, o que poderia contribuir para uma recessão.
*Com informações da agência de notícias Reuters
Fonte da Máteria: g1.globo.com