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Dona Onete faz 85 anos e anima festa com feitiço caboclo do disco ‘Bagaceira’


No quarto álbum, artista paraense transita por gêneros como banguê, brega e carimbó, mostrando o mapa da diversão no interior do norte do Brasil. Dona Onete faz 85 anos hoje, 18 de junho de 2024, dia em que lança o quarto álbum, ‘Bagaceira’
Renato Reis / Divulgação
Capa do álbum ‘Bagaceira’, de Dona Onete
Ilustração da artista plástica Maitê Zara a partir de foto de Renato Reis
Resenha de álbum
Título: Bagaceira
Artista: Dona Onete
Edição: AmpliDiversão / InGrooves
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Nascida em 18 de junho de 1939 em Cachoeira do Arari (PA), município do interior do estado do Pará, Ionete Silveira Gama se tornou a primeira dama da música do norte do Brasil.
Do alto dos 85 anos festejados hoje, Dona Onete – como a cantora e compositora é conhecida em todo o Brasil – aproveita a data do 85º aniversário e lança Bagaceira, quarto álbum de carreira iniciada quando a artista já tinha mais de 60 anos.
O disco Bagaceira já está no mundo digital, com capa que expõe ilustração em que a artista plástica paraense Maitê Zara capta as cores e o tom festivo de Bagaceira.
Gravado em setembro de 2023 em estúdio de Belém (BA) com azeitada produção musical de Assis Figueiredo e Marcos Sarrazin, sob direção artística da própria Dona Onete, autora das letras das dez músicas inéditas, Bagaceira é álbum que gravita em torno do mesmo universo festeiro dos discos antecessores Feitiço caboclo (2012), Banzeiro (2016) – título mais conhecido da obra fonográfica da artista – e Rebujo (2019).
Bagaceira é disco centrado nos gêneros musicais que animam as festas do interior do estado do Pará. Cartão de visitas do álbum, a música-título Bagaceira mostra o mapa da diversão nortista na letra descritiva, cantada por Onete na levada do banguê em uma das faixas mais calorosas do disco.
Entre a atmosfera brega de Avesso do avesso (bisada em Feitiço da lua ao fim do álbum) e o mergulho no universo do boi na toada Meu boi campeou, a artista confirma a intimidade com o ritmo do carimbó em músicas como Curió cantador e Festa no Ver-o-Peso, aliciante música que cita no título o famoso e histórico mercado de Belém (PA).
Dona Onete é a autora das letras das dez músicas inéditas que compõem o repertório do álbum ‘Bagaceira’
Renato Reis / Divulgação
A gênese do álbum vem da música-título Bagaceira, tributo às festas do interior do Pará e à vida nas regiões rurais do Brasil, puxando o fio da memória dos tempos imperiais.
“Nos tempos antigos dos engenhos de cana-de-açúcar em Igarapé-Miri (PA), a ‘bagaceira’ era expressão usada pelos caboclos para se referir às festas depois do baile oficial, longe dos olhares críticos da sociedade. O povo dançava descalço, curtindo à maneira dele. Era festa sem os refinamentos da alta sociedade”, explica Dona Onete no texto de apresentação do álbum.
O disco reverbera o toque sensual das festas daqueles tempos. Tanto que, em Chamego caboclo, Dona Onete segue o movimento dos barcos do norte, mergulhado no mar da sensualidade, onda que também se ergue em Banguê latino.
Disco comprometido com a dança e a diversão, Bagaceira se beneficia dos arranjos quentes de Breno Oliveira, Marcos Sarrazin, Pio Lobato e Vovô – quarteto ao qual se junta o guitarrista Felix Robatto, convidado da gravação da música de Lunlambumbarimbó, inebriante mix de lambada e carimbó aquecido com metais em brasa.
Música com menor poder de sedução, Paixão cabocla completa o repertório de Bagaceira, álbum em que Dona Onete anima a festa no estúdio com vitalidade invejável para os 85 anos que completa hoje, 18 de junho de 2024.
O feitiço caboclo de Ionete Silveira Gama ainda surte efeito.
Dona Onete canta músicas como ‘Avesso do avesso’, ‘Curió cantador’ e ‘Feitiço da lua’ no álbum ‘Bagaceira’
Renato Reis / Divulgação

Fonte da Máteria: g1.globo.com