Atração da 16ª edição do festival ‘In-Edit Brasil’, o documentário ‘O homem crocodilo’ propõe imersão na mente do artista, dono de obra vanguardista. Arrigo Barnabé em imagem do documentário ‘O homem crocodilo’, dirigido e roteirizado por Rodrigo Grota
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Cartaz do filme ‘O homem crocodilo’, do diretor Rodrigo Grota
Reprodução
Resenha de documentário musical da 16ª edição do festival In-Edit Brasil
Título: O homem crocodilo
Direção e roteiro: Rodrigo Grota
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♪ Sessões de O homem crocodilo no 16º In-Edit Brasil :
★ 17 de junho, às 20h30m – Cine Sesc
★ 22 de junho, às 16h – SP Cine Olido
★ 23 de junho, às 17h – Sala Oscarito da Cinemateca Brasileira
♪ “Para compreender a Arte, é necessário não somente ouvi-la, mas também vê-la”, sentencia Arrigo Barnabé momentos antes de encarar na tela, em silêncio, o espectador do documentário O homem crocodilo, atração da 16ª edição do festival In-Edit Brasil, programada para acontecer em São Paulo (SP) de amanhã, 12 de junho, até 23 de junho.
O close do artista na tela dura um minuto e alguns segundos que poderão parecer eternidade para espectadores e ouvintes pouco familiarizados com a estética experimental da obra do cantor, compositor e instrumentista paraense.
Um dos arquitetos da Vanguarda Paulista que propôs ruptura na “linha evolutiva” da música brasileira a partir de 1980, Arrigo sempre se desviou dos caminhos harmônicos, recorrendo ao atonalismo e ao serialismo dodecafônico para criar música instigante.
Diretor e roteirista de O homem crocodilo (2023), filme que teve pré-estreia em novembro do ano passado em Londrina (PR), cidade natal de Arrigo Barnabé, o cineasta Rodrigo Grota vai pelo mesmo caminho experimental e também se afasta das trilhas mais convencionais dos documentários ao propor imersão na mente do artista que põe em foco em roteiro sensorial.
Com título alusivo ao impactante primeiro álbum de Arrigo, Clara crocodilo (1980), o filme O homem crocodilo alterna sons de música, silêncios e ruídos em sequências de imagens que, não raro, atingem tonalidades sombrias. Somente quem fala no filme sobre Arrigo é o próprio Arrigo, mas em tom longe das falas formais ou didáticas dos documentários.
Nas falas do artista que desde cedo entendeu que “compor é ocupar espaço”, há pistas que levam a um entendimento – ainda que parcial, limitado e fragmentado – do processo criativo do artista.
“Nunca fui (visto como) uma pessoa muito musical, mas sempre achei que fosse ser um bom compositor”, conta Arrigo, que parou de estudar piano em 1968 e, na sequência, descobriu que poderia executar a obra do compositor erudito alemão Johann Sebastian Bach (1685 – 1750) ao violão.
Embora contenha referências a alguns trabalhos do artista, como o álbum Tubarões voadores (1984) – projeto no qual ficou explícita a assumida influência da estética dos quadrinhos na obra do cantor e compositor – e o espetáculo Missa in Memoriam Arthur Bispo do Rosário, estreado em 2003 e transformado em disco em 2004, o roteiro do documentário O homem crocodilo está longe de ser a porta de entrada para o universo de Arrigo Barnabé.
O filme é indicado para iniciados nesse mundo em que o artista rejeita formas convencionais para expandir a linguagem musical.
Fonte da Máteria: g1.globo.com