Mandato de Campos Neto termina neste ano. Aliados de Lula avaliam que voto de Galípolo mostrou independência e autonomia, e fortalece a indicação à presidência do BC, além de diminuir a resistência do mercado por ele. Gabriel Galípolo
Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo
A decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) em manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, para o governo federal, não muda a situação de Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC, como um dos favoritos para substituir o atual presidente, Campos Neto.
Galípolo seguiu o voto da manutenção da taxa básica de juros com Campos Neto, alvo de críticas do presidente Lula. Segundo aliados de Lula ouvidos pelo blog, nada muda e que Galípolo segue o favorito a ser indicado para a presidência do BC. Eles dizem que já era esperada que a votação seria por manter a Selic em 10,50%.
Esses menos aliados afirmam que a votação fortalece a indicação de Galípolo à presidência do BC, que mostrou independência e autonomia em sua decisão. O mandato de Campos Neto termina neste ano.
Assessores do presidente acreditam que o voto pode ter sido um jogo ensaiado de Lula e Galípolo, uma “operação despiste”, para diminuir a resistência do indicado pelo mercado.
Na reunião anterior do Copom, em maio, Galípolo afirmou que votou a favor de um corte maior na taxa básica de juros, mas que foi voto vencido.
Lula tem criticado Campos Neto por conta dos juros. Na terça (18), em entrevista à CBN, disse que o atual presidente do BC “não não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país”.
O Banco Central não se manifestou sobre as declarações do presidente Lula.
Quem participa do Copom?
O Copom é formado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e por oito diretores da autarquia.
A Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo BC para controlar a inflação. A taxa influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.
Expectativa do mercado
Desde a semana passada, o mercado financeiro deixou de estimar um corte na taxa básica de juros na reunião do Copom de junho. Até então, as instituições financeiras projetavam uma redução de 0,25 ponto percentual no juro básico, para 10,25% ao ano — estimativa que foi abandonada.
O relatório “Focus”, divulgado nesta segunda-feira (17) pelo Banco Central, ouviu mais de 100 instituições financeiras, na semana passada, sobre as projeções para a economia.
O resultado mostrou que a maioria dos bancos também deixou de estimar corte nos juros no restante deste ano. A projeção é que a taxa fique estável em 10,50% ao ano até o fim de 2024.
Fonte da Máteria: g1.globo.com