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Golpe do advogado: criminosos se passam por profissionais reais para cobrar 'despesas' de processos


Vítimas são induzidas a fazer um PIX para cobrir custos jurídicos e receber um suposto valor ao qual teriam direito. Bandidos tentaram enganar o ator Cassio Scapin, o ‘Nino’ do ‘Castelo Rá-Tim-Bum’. Criminosos falsificam documentos oficiais e se passam por escritórios de advocacia em Franca, SP
Reprodução
O ator Cassio Scapin, famoso por interpretar o Nino no programa “Castelo Rá-Tim-Bum”, contou nas suas redes sociais no último domingo (3) que foi alvo de um golpe do PIX pelo WhatsApp.
Criminosos tentaram se passar pelo advogado dele e afirmaram que o ator havia vencido um processo na Justiça e teria direito a receber R$ 180 mil. Só que, para receber o valor, ele teria que transferir, via PIX, um valor para cobrir despesas advocatícias e documentação.
Scapin não caiu no golpe: ao ligar para o número que o contatou, percebeu que a voz do bandido não correspondia à do profissional real. O ator, então, postou vídeos em suas redes sociais, alertando seguidores sobre como os criminosos agiram.
Esse tipo de golpe tem se tornado mais comum e, por isso, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) tem divulgado orientações para prevenir clientes e profissionais, que têm seus nomes usados indevidamente.
A principal recomendação é não fazer nenhuma transferência antes de falar direto com o escritório do qual a pessoa seja cliente (e não ligar para o número que a contatou ou que foi informado na mensagem).
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Um professor universitário de Jaboticabal (SP) relatou ao g1, em 2023, que tinha perdido R$ 36 mil nesse golpe. Depois disso, a mulher dele também foi abordada pelos criminosos com a mesma narrativa. “Mandaram mensagem pra minha esposa e ela disse ‘a doutora Danielle [advogada] quer falar com você, olha aqui no WhatsApp'”, contou.
“Eu falei ‘isso aqui não procede, não’, porque eu tinha conversado com ela [advogada] dois dias antes. Agora como eles sabiam inclusive o telefone da minha esposa?”.
Em Franca (SP), outra vítima contou ao g1, em junho, que tem um processo em andamento para receber juros do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que corre há mais de cinco anos.
Os criminosos tomaram conhecimento da ação e, se passando pela advogada dela, entraram em contato afirmando que a vítima havia vencido a causa e receberia um total de R$ 50 mil. Mas, antes do depósito do valor, era preciso pagar R$ 854,75 de custos processuais.
Após a vítima afirmar que não tinha todo o valor, a suposta advogada aceitou receber apenas metade. Ela fez o PIX aos bandidos, utilizando um dinheiro destinado ao pagamento da prestação de sua casa.
Com o sumiço da pessoa que acreditava ser sua advogada, percebeu que tinha caído em um golpe.
Entenda, a seguir, como funciona o golpe e como se prevenir.
Como os golpistas agem
➡️Os golpistas usam nomes reais do advogado ou escritório de advocacia que já atende a vítima, muitas vezes usando a mesma foto de perfil do profissional verdadeiro, mas com um número diferente — é a clonagem de conta de WhatsApp.
➡️Ao entrar em contato pelo aplicativo de mensagens, os bandidos afirmam que a vítima ganhou um processo (que pode ser baseado em uma ação real);
➡️Para que o montante da causa seja liberado, o suposto advogado pede que a vítima faça uma transferência via PIX para um número de conta que ele informa, alegando que serão para cobrir custos do escritório com o processo.
Mas como o bandido sabe que a pessoa tem um processo em andamento?
Segundo a OAB , os golpistas conseguem os dados dos processos com consulta pública, por isso, usam o nome e a logomarca de escritórios de advocacia reais e ainda fornecem dados do autor da ação para fazer tudo parecer verdadeiro.
Em seu vídeo nas redes, o ator Cassio Scapin disse que o golpista que o procurou chegou a enviar imagens do suposto processo via WhatsApp, “com papel timbrado e o logo da prefeitura”.
Como se prevenir
A OAB recomenda que:
➡️Ao receber o contato do suposto advogado com uma cobrança suspeita, a pessoa entre em contato com o escritório usando o número para o qual o cliente já esteja habituado a ligar, para checar se a mensagem anterior é verdadeira.
➡️De mesmo modo, é importante nunca ligar para o número que enviou a mensagem ou clicar em links enviados nela.
➡️A OAB diz que erros de português são muito comuns nesse tipo de ação criminosa. Desde o primeiro contato via WhatsApp, os golpistas costumam dar indícios de que não são advogados ou procuradores pela linguagem que utilizam. Os erros também são encontrados nos documentos falsificados.
Nem sempre é o caso: Scapin afirmou que, ao telefone, o golpista discorreu sobre o processo usando termos jurídicos.
➡️Outro indício de fraude é que o a cobrança de custos pelo WhatsApp para liberação do valor ganho no processo não é o procedimento padrão adotado pela Justiça. Normalmente, isso é feito pelos canais oficiais dos escritórios.
➡️Se ainda assim cair no golpe, é fundamental fazer um boletim de ocorrência. Para comprovar que foi enganado pelos bandidos, é importante registrar “prints” (cópias da tela do celular exibindo as mensagens trocadas) e salvar o número da conta para a qual a transferência foi feita.
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Fonte da Máteria: g1.globo.com