Participação dos asiáticos nas vendas internas subiu de 7% no 1º semestre do ano passado para 26% no mesmo período deste ano. Anfavea pede ‘recomposição imediata’ da alíquota do imposto de importação. Dolphin da chinesa porD.
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A invasão de veículos chineses no Brasil está preocupando a indústria automotiva local e intensificado os pedidos do setor para que a recomposição da alíquota de automóveis elétricos importados aconteça o quanto antes.
Dados divulgados nessa quinta-feira (4) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apontam que a participação da China nas vendas de veículos no Brasil saiu de 7% no primeiro semestre do ano passado para 26% no volume registrado de janeiro a junho deste ano.
O governo decidiu implementar, desde o início do ano, um aumento gradativo do imposto de importação para veículos elétricos, que deve chegar à alíquota cheia de 35% em julho de 2026. A elevação do tributo seria um investimento à produção de veículos elétricos em território nacional, reduzindo o custo para o consumidor final.
Veja como deve ser a cobrança ao longo do tempo:
Segundo o presidente da Anfavea, Marcio Lima, a recomposição da alíquota antes do previsto ajudaria a indústria a recuperar a produção local — que, de acordo com a associação, ficou praticamente estável (+ 0,5%) no primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado.
“Nosso posicionamento sempre foi de recomposição imediata da alíquota, porque nós já antecipávamos que isso ia acontecer. […] O aumento imediato é fundamental para que a gente tenha um cenário de crescimento de produção no segundo semestre”, afirmou o executivo.
Ainda segundo Lima, a cobrança cheia do imposto também pode ajudar a equilibrar melhor o volume de importações e exportações na indústria automotiva brasileira.
Segundo a Anfavea, por exemplo, a importação de veículos registrou 198 mil emplacamentos no primeiro semestre deste ano, um volume quase 38% maior que 2023, quando era de 144 mil. O aumento total foi de 54 mil unidades, e 78% respondiam por veículos chineses.
Queda de exportações preocupa setor automobilístico
As exportações, por outro lado, recuaram 28,3% na mesma base de comparação, para 165 mil veículos.
“Quando falamos de mercado internacional, a gente tem que analisar o cenário de importação e exportação. Se as exportações também tivessem crescido, esse cenário estaria mais equilibrado. Mas vimos um aumento muito grande de importações e uma queda substancial de exportações”, disse o presidente da associação.
“Essa combinação de fatores fez com que a Anfavea solicitasse o aumento imediato das alíquotas para 35%”, acrescentou.
De acordo com Lima, essa é a primeira vez em mais de 10 anos que as importações do setor superam as exportações. Já no caso do segmento de autopeças, enquanto as vendas de produtos para o exterior caíram 17%, as compras de produtos internacionais recuaram 9%.
“Quando você cai importação de autopeças para localizar a produção, é bom. Mas agora, o que está acontecendo é que caíram as importações de autopeças porque aumentaram as importações de veículos finalizados”, explicou Lima.
Para o executivo, se o Brasil tivesse uma política de exportações de autopeças para a China, o cenário estaria um pouco melhor — uma vez que mesmo que houvesse um aumento considerável de importações de veículos do gigante asiático, as exportações de autopeças ainda seria positiva para o setor.
“Mas nesse caso específico, temos importações [de veículos chineses], mas não temos exportações para lá. Isso afeta o setor de autopeças e afeta indústria automobilística e precisamos não colocar em risco os R$ 130 bilhões de investimentos que já anunciamos”, completou Lima.
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Perda de participação no Brasil nas importações da América do Sul
Os executivos da associação ainda explicaram que outro fator que tem impactado a indústria automotiva por aqui, que é a perda de participação do Brasil nas importações feitas por outros países da América do Sul.
Dados da associação apontam que o Brasil perdeu participação entre os carros importados por México, Colômbia, Chile, Paraguai, Peru, Uruguai e Argentina.
“O ponto importante aqui para nós é que temos que exportar muito para os países próximos ao Brasil. […] E estamos perdendo espaço para os asiáticos. 50% das exportações hoje da América do Sul vêm da Ásia”, disse Ciro Possobom, presidente da Volkswagen no Brasil.
O movimento, segundo o executivo, tem feito com que o setor também intensifique as conversas com o governo para tentar melhorar os acordos comerciais existentes no Brasil.
“Além disso, também precisamos de velocidade na aprovação de medidas e políticas públicas que coloquem o Brasil de volta ao cenário internacional”, acrescentou, destacando alíquotas menores de importação para os países próximos e a possibilidade de uso de tecnologia de biocombustível.
Revisão das Projeções
Diante de todo esse cenário, a Anfavea também anunciou uma revisão das projeções para 2024, com uma melhora dos emplacamentos, mas uma piora nas exportações e na produção do setor.
Para vendas: projeção de crescimento passa de 6,1% para 10,9% em 2024;
Para exportações: projeção passa de alta de 0,7% para uma queda de 20,8% até o final de 2024;
Para produção: projeção passa de uma alta de 6,2% para 4,9% em 2024.
Fonte da Máteria: g1.globo.com