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Kamala Harris recebe apoio de Biden, dos Clinton e desperta otimismo entre doadores, mas Obama e Pelosi não se posicionam


Joe Biden renunciou à corrida presidencial neste domingo (21) e declarou apoio à sua vice, Kamala Harris. Harris é uma das favoritas a vencer a indicação democrata, mas há um processo dentro do partido.
Segundo a mídia americana, a expectativa de Harris encabeçar a chapa gerou entusiasmo entre importantes doadores democratas e perspectiva de aumento de doações à campanha. Kamala agradece apoio de Biden e diz que pretende vencer indicação do partido democrata às eleições
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Com a desistência do presidente dos EUA, Joe Biden, à corrida presidencial neste domingo (21), a vice-presidente Kamala Harris é uma das favoritas para assumir a candidatura democrata e disputar a eleição contra Donald Trump.
A renúncia de Biden à candidatura abre os horizontes do Partido Democrata para decidir a nova chapa do partido. Kamala Harris ganhou o apoio de Biden e de outros políticos do partido que também se manifestaram a favor.
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Quem é Kamala Harris, a vice favorita a assumir a candidatura democrata após desistência de Biden
No entanto, alguns nomes fortes do partido, como o ex-presidente Barack Obama e a líder emérita dos democratas, Nancy Pelosi, não declararam apoio a Kamala em seus pronunciamentos pós-desistência de Biden. Obama e Pelosi desempenharam um trabalho importante nos bastidores para o convencer a deixar a disputa.
Segundo o jornal americano “The New York Times”, grandes e importantes doadores da campanha democrata, antes encabeçada por Biden, demonstraram entusiasmo e planos para mais doações diante da perspectiva de que Harris possa assumir o comando da chapa do partido.
Veja abaixo quem já se manifestou a favor de Kamala e o que disseram outros políticos importantes do partido:
Quem já declarou apoio
Bill e Hillary Clinton são os maiores nomes do partido que apoiaram Kamala até o momento. Eles disseram que “farão o que puderem para apoiá-la” e que “agora é a hora de apoiar Kamala Harris e lutar com tudo o que temos para elegê-la. O futuro da América depende disso.”
Bill Clinton é ex-presidente dos EUA e a Hillary é ex-secretária de Estado e foi a candidata democrata nas eleições de 2016 contra Donald Trump.
Segundo fontes da Reuters, os presidentes estaduais do partido democrata de todos os 50 estados dos EUA apoiam Kamala Harris. Eles realizaram uma reunião por vídeo neste domingo (21) e houve unanimidade para endossar a vice-presidente como candidata do partido.
O Secretário dos Transportes, Pete Buttigieg, declarou apoio a Kamala na noite deste domingo, dizendo que ela “é agora a melhor pessoa para carregar a tocha”. Buttigieg concorreu às prévias democratas nas eleições de 2020 e era um potencial concorrente da vice-presidente para a nomeação.
Alguns outros políticos democratas em exercício também declararam apoio à Kamala:
A senadora Patty Murray, disse que apoia Harris “100%”;
O deputado Jim Clyburn, um dos aliados mais próximos de Biden, afirmou: “Estou orgulhoso de seguir sua liderança em apoio à candidatura dela”;
O senador Mark Warner disse que ela “tem a experiência, energia e determinação para liderar nossa nação”;
O senador Chris Murphy disse que estará “entusiasticamente apoiando minha amiga”;
A senadora Mazie Hirono, a senadora Tina Smith, o senador Tim Kaine e a senadora Laphonza Butler também disseram que apoiariam Harris;
O governador da Carolina do Norte, Roy Cooper.
O que disseram Obama e Pelosi
Tanto Barack Obama quanto Nancy Pelosi elogiaram Biden em seus pronunciamentos, mas não endossaram Kamala Harris. Ambos mencionaram o Comitê Nacional Democrata ao indicar o desejo que ele realize um processo aberto e transparente considerando diversos candidatos do partido à indicação.
“Navegaremos por águas desconhecidas nos próximos dias,” disse Obama em uma declaração. “Mas tenho uma confiança extraordinária de que os líderes do nosso partido serão capazes de criar um processo do qual um nomeado excepcional emerja.”
O que disseram outros possíveis candidatos à indicação democrata
Com a vaga de candidato democrata na disputa eleitoral ficando em aberto, outros grandes nomes dentro do partido e potenciais concorrentes de Kamala Harris pela indicação não endossaram o nome de Harris em seus pronunciamentos pós-renúncia de Biden.
Este é o caso dos governadores Gretchen Whitmer, de Michigan, e JB Pritzker, de Illinois. Nenhum deles mencionou explicitamente apoio a Harris em suas declarações e se limitaram a dizer que continuariam trabalhando para impedir a eleição de Trump.
Os governadores da Califórnia e da Pensilvânia, Gavin Newsom e Josh Shapiro, respectivamente, não havia endossado Kamala em seus primeiros pronunciamentos, mas horas depois declararam apoio à vice-presidente. “Farei tudo ao meu poder para ajudar a eleger Kamala Harris como a 47ª presidente dos EUA”, disse Shapiro. “Com nossa democracia em em jogo, ninguém é melhor para vencer a visão sombria de Trump que Kamala”, afirmou Newsom.
O deputado Dean Phillips, que foi candidato brevemente nas primárias democratas no início do ano e poderia ser um potencial concorrente de Kamala, disse que concorda com Obama em um processo “breve, transparente e competitivo” para escolha do candidato democrata.
“Realizem uma pesquisa informal entre os delegados democratas sobre candidatos potenciais e convidem Kamala Harris e os três principais outros candidatos mais votados para uma série de quatro encontros transmitidos ao vivo com audiências de delegados antes da votação na convenção”, sugeriu Phillips.
O senador Sherrod Brown também não mencionou Kamala Harris em seu pronunciamento, apenas elogiou e agradeceu Joe Biden.
O que dizem outras vozes do partido
Dmitri Mehlhorn, conselheiro de Reid Hoffman, fundador do LinkedIn e grande doador democrata, declarou apoio a Kamala Harris e a chamou de “o sonho americano personificado”, observando que ela é filha de imigrantes: “mal posso esperar para ajudar a eleger a Presidente Harris.”
O senador dos EUA Peter Welch, o primeiro democrata do Senado a pedir para Biden desistir de sua candidatura à reeleição, também pediu um processo aberto para nomear um novo candidato do partido.
Entenda caminho para escolha de novo candidato democrata após desistência de Joe Biden em 21 de julho de 2024.
Kayan Albertin/Equipe de arte g1
Harris honrada com apoio de Biden
A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, disse que está honrada com o apoio de Joe Biden e que vai fazer de tudo para unir o Partido Democrata e os EUA para derrotar Donald Trump nas eleições em novembro.
“Em nome do povo americano, agradeço a Joe Biden por sua liderança extraordinária como Presidente dos Estados Unidos e por suas décadas de serviço ao nosso país. Estou honrada por ter o apoio do presidente e minha intenção é merecer e ganhar esta nomeação. Farei tudo ao meu alcance para unir o Partido Democrata — e unir nossa nação — para derrotar Donald Trump e sua extrema agenda Projeto 2025. Se você está comigo, faça uma doação agora mesmo”, disse Kamala.
Logo após desistir da corrida presidencial neste domingo (21), Biden anunciou apoio à Kamala na corrida eleitoral. O nome de Harris ainda não foi confirmado oficialmente para assumir a candidatura democrata, mas diversos nomes do partido já estão manifestando apoio a ela. A vice-presidente pode enfrentar concorrência de outros nomes fortes no partido
O candidato republicano Donald Trump disse após a renúncia de Biden que crê ser mais fácil de derrotar Kamala na disputa do que Joe Biden. O comentário do candidato republicano foi feito à rede americana “CNN” logo após o anúncio da desistência de Biden.
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Veja o pronunciamento completo abaixo:
“Em nome do povo americano, agradeço a Joe Biden por sua liderança extraordinária como Presidente dos Estados Unidos e por suas décadas de serviço ao nosso país. Seu notável legado de realizações é incomparável na história moderna americana, superando o legado de muitos presidentes que serviram dois mandatos.
É uma honra profunda servir como sua vice-presidente, e sou profundamente grata ao presidente, à Dra. Biden e a toda a família Biden. Conheci o presidente Biden através de seu filho Beau. Fomos amigos desde os tempos em que trabalhávamos juntos como procuradores-gerais de nossos estados natais. Enquanto trabalhávamos juntos, Beau me contava histórias sobre seu pai. O tipo de pai — e o tipo de homem — que ele era. E as qualidades que Beau reverenciava em seu pai são as mesmas qualidades, os mesmos valores, que vejo todos os dias na liderança de Joe como presidente: sua honestidade e integridade. Seu grande coração e compromisso com sua fé e sua família. E seu amor pelo nosso país e pelo povo americano.
Com este ato altruísta e patriótico, o presidente Biden está fazendo o que sempre fez ao longo de sua vida de serviço: colocando o povo americano e nosso país acima de tudo.
Estou honrada por ter o apoio do presidente e minha intenção é merecer e ganhar esta nomeação. No último ano, viajei pelo país, conversando com os americanos sobre a escolha clara nesta eleição significativa. E é isso que continuarei a fazer nos próximos dias e semanas. Farei tudo ao meu alcance para unir o Partido Democrata — e unir nossa nação — para derrotar Donald Trump e sua extrema agenda Projeto 2025.
Temos 107 dias até o Dia da Eleição. Juntos, vamos lutar. E juntos, vamos vencer.”
Qual foi o caminho da campanha de Biden até o fim?
Biden desiste da candidatura
Biden desiste da campanha à reeleição
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo (21) que desistiu de concorrer à reeleição e disse apoiar a vice-presidente Kamala Harris para liderar chapa democrata. Em um comunicado no X, Biden disse que cumprirá o seu mandato até janeiro de 2025 (leia a íntegra mais abaixo).
“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, escreveu Biden.
Logo após saber da desistência, Donald Trump, candidato republicano, disse em sua conta no Truth Social que Biden “não estava apto para concorrer à presidência”.
O ex-presidente Barack Obama também se manifestou sobre o caso. Em um comunicado publicado na plataforma Medium, o democrata classificou Biden como “um patriota da mais alta ordem”. Biden foi vice-presidente na gestão Obama entre 2009 e 2017.
A desistência ocorre após pressões do partido e de parte do eleitorado democrata. A crise na campanha de Biden começou no fim de junho, quando ele teve um mau desempenho em um debate contra Donald Trump. À época, a capacidade cognitiva do presidente foi colocada em dúvida.
Até o momento, o presidente resistia à pressão de diversas maneiras. Ele deu entrevistas, fez uma reunião com governadores democratas e negou alegações de que sofria um declínio cognitivo e físico. Biden afirmou várias vezes que não iria desistir e que venceria a eleição.
No entanto, nos últimos dias, os rumores de desistência aumentaram. O ex-presidente Barack Obama e a ex-líder da Câmara Nancy Pelosi, duas fortes vozes no Partido Democrata, demonstraram insegurança com o atual presidente.
Segundo a “CNN”, Pelosi disse a Biden que ele não venceria. Já Obama demonstrou a pessoas próximas receio sobre as chances do atual presidente na eleição.
Biden foi diagnosticado Covid-19 na quarta-feira (17) e teve de suspender eventos de campanha. Desde então, ele está em isolamento em sua casa em Delaware. Segundo a imprensa norte-americana, diante da pressão, ele começou a ficar mais reflexivo sobre a candidatura.
Uma fonte disse à Reuters que a decisão ocorreu neste domingo. “Na noite passada, a mensagem foi para seguir em frente com tudo, a todo vapor. Por volta das 13h45 de hoje, o presidente disse à sua equipe sênior que havia mudado de ideia”. A decisão pegou muitos funcionários da Casa Branca de surpresa.
O Partido Democrata ainda não anunciou quem vai ser o novo candidato para disputar a eleição contra Trump.
Debate
Durante a disputa televisionada no final de junho, Biden apresentou voz rouca — atribuída a um resfriado —, pouco entusiasmo e hesitou em diversos momentos. Trump, por outro lado, despejou uma série de mentiras com calma e de forma assertiva, sem ser corrigido por Biden.
O debate foi o “início do fim” para Biden, de 81 anos. Dúvidas relacionadas à idade e aptidão do presidente para um mandato de mais quatro anos desencadearam uma crise no partido democrata. Dentro do partido, começou a surgir a ideia de substituição.
As eleições dos EUA acontecem em 5 de novembro. A Convenção Nacional Democrata, que vai oficializar o candidato do partido que vai disputar a Casa Branca, será entre 19 de agosto e 22 de agosto.
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O ‘início do fim’
Após a má performance de Biden no debate, a imprensa norte-americana citou o estado de pânico de entre os democratas. Colegas de partido se preocuparam com a capacidade do presidente para mais um mandato.
Em evento de campanha no dia seguinte ao encontro com Trump, Biden reconheceu a questão da idade e disse que não debate como antes, mas afirmou que sabe “dizer a verdade” e que pretendia vencer a eleição.
Ainda no dia seguinte, diversos veículos americanos como os jornais “The New York Times”, “The Wall Street Journal” e a revista “The Economist” — que apoiavam o presidente — publicaram editoriais pedindo para que Biden desistisse da candidatura à presidência.
Mesmo com relatos da mídia americana e de agências de notícias de que os democratas consideravam sua substituição no pleito, o apoio de políticos e figuras democratas a Biden permaneceu unânime durante alguns dias.
A pressão, no entanto, cresceu com declarações de políticos democratas em exercício e figuras importantes do partido, como Nancy Pelosi.
Veja a íntegra do comunicado
Meus queridos americanos,
Nos últimos três anos e meio, fizemos grandes progressos como nação.
Hoje, a América tem a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos na reconstrução de nossa nação, na redução dos custos de medicamentos prescritos para idosos e na expansão do atendimento de saúde acessível para um número recorde de americanos. Prestamos cuidados extremamente necessários a um milhão de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovamos a primeira lei de segurança de armas em 30 anos. Nomeamos a primeira mulher afro-americana para a Suprema Corte. E aprovamos a legislação climática mais significativa da história do mundo. A América nunca esteve melhor posicionada para liderar do que estamos hoje.
Sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, o povo americano. Juntos, superamos uma pandemia de uma vez por século e a pior crise econômica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservamos nossa democracia. E revitalizamos e fortalecemos nossas alianças ao redor do mundo.
Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre apenas em cumprir meus deveres como presidente pelo resto do meu mandato.
Falarei à nação mais detalhadamente sobre minha decisão ainda esta semana.
Por enquanto, permitam-me expressar minha mais profunda gratidão a todos aqueles que trabalharam tão duro para me ver reeleito. Quero agradecer à vice-presidente Kamala Harris por ser uma parceira extraordinária em todo esse trabalho. E permitam-me expressar minha sincera gratidão ao povo americano pela fé e confiança que vocês depositaram em mim.
Acredito hoje no que sempre acreditei: que não há nada que a América não possa fazer quando fazemos juntos. Só temos que lembrar que somos os Estados Unidos da América.
Comunicado de Joe Biden
Reprodução/X

Fonte da Máteria: g1.globo.com