Rapper foi convidada do videocast g1 ouviu. Ela exaltou novas rappers, lamentou machismo no hip hop e falou de depressão: ‘Remorso te corrói por dentro e fiquei com muito remorso’. O rap ainda é um ambiente machista
Karol Conká foi a convidada do g1 Ouviu, o podcast e videocast ao vivo de música do g1, nesta quinta-feira (3). A conversa pode ser vista no g1 e no YouTube. O áudio também fica disponível em versão podcast nas plataformas de áudio.
Um dos nomes mais relevantes da cena do rap nacional, Karol estourou em 2013 com seu primeiro álbum “Batuk Freak” e sucessos como “Tombei”. Ela encarou turbulências na carreira como a passagem pelo “Big Brother Brasil”, em 2021. Em seguida, lavou a alma com disco “Urucum”, de 2022.
A rapper paranaense de 38 anos começou o bate-papo falando sobre seu próximo álbum, chamado “Ambulante”. O sucessor de “Urucum” terá uma certa mudança de estilo, ela adiantou.
“Sou uma pessoa intensa, profunda e sensível. Tudo pra mim é inspiração. Eu gosto muito da área da saúde mental, da autoestima. Nesse álbum, quero trazer um lado mais maduro, mas também mais romântico, sensível, da coisa do relacionamento, coisas que eu não falo muito. Minhas músicas são sempre sobre poder, sobre estar potente…”
Karol Conká durante entrevista ao g1 Ouviu
Kaique Santos/g1
Única mulher na seleção de rappers do Dia Brasil do Rock in Rio, em setembro, ela foi perguntada sobre o fato de não ter a companhia de outras rappers femininas no line-up. “O rap ainda é um ambiente machista. Quando eu vejo que continuo sendo o único nome em situações como essa, que poderia ter mais mulheres, eu procuro entender o porquê de outras mulheres não estarem lá.”
Para ela, ainda “faltam informações” para as mulheres. “É muito difícil você ver uma mina que monta seu próprio estúdio, como todos os caras fazem”, ela exemplifica. “Elas pensam em outras coisas. Como eu já tenho décadas, eu consigo trabalhar nos bastidores. Às vezes, falta um pensamento para além do palco. Talvez ainda falte uma experiência com os bastidores. Ainda tem uma caminhada longa para as mulheres do rap, mas elas estão aptas para ocupar esses lugares.”
Karol falou ainda sobre a nova cena feminina do rap. Ela diz que a presença de rappers como Duquesa, MC Luanna e Tasha & Tracie ajuda a diminuir perguntas antes manjadas sobre a presença de mulheres na cena hip hop. A rapper garante que tem ouvido menos questões sobre “como é ser uma mulher no cenário do rap”, por exemplo.
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O descancelamento pós-BBB
Karol disse que viveu um momento difícil depois do BBB, quando foi eliminada e considerada uma das vilãs da edição de 2021. Ela garantiu que hoje se sente confortável com esse papel. “Melhor do que ser mocinha”, resumiu.
“Eu sou muito grata pela experiência que vivi no BBB, porque me trouxe uma percepção de vida que outras pessoas demorariam décadas para ter e eu rapidamente, em poucos meses, com a ajuda do público… eu acho que minha gestão de crise foi todo mundo junto. Até hoje é um mistério para as pessoas: ‘como ela se descancelou?’ Mas a resposta está bem na nossa cara, é só lidar com a verdade com humildade, que me faltou um pouco numa época.”
Karol também comentou que se entregou ao processo de terapia pela primeira vez logo depois do BBB. Ela deu detalhes do que sentiu após a saída do reality.
“A depressão te deixa em um estado que nada importa. O remorso te corrói por dentro e eu fiquei com muito remorso. Eu fiquei muito triste de ter chateado muita gente com minhas atitudes. Eu não tive controle de minhas emoções lá dentro. Eu decidi que o que iria me definir não seria meu erro, mas como eu iria lidar com ele”.
G1 Ouviu – Karol Conká: “A depressão te deixa num estado em que nada importa”
Fonte da Máteria: g1.globo.com