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Modi vence na Índia, mas perde apoio e passa a depender de parceiros de coalizão


Coalizão liderada por atual primeiro-ministro venceu as eleições, segundo apuração da Comissão Eleitoral indiana. O partido do primeiro-ministro, BJP, precisou dos assentos conquistados por partidos aliados para garantir a vitória. Votação durou 44 dias, teve sete fases e terminou no fim de semana. País usa a urna eletrônica para contabilizar os resultados. Narendra Modi em 22 de maio de 2024
Adnan Abidi/Reuters
A coalizão liderada pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, venceu as eleições do país, porém com menos votos que o esperado.
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Segundo a agência de notícias Associated Press, a contagem mostra que a coligação de partidos que apoiam Modi, a Aliança Democrática Nacional, conquistou 286 assentos no Parlamento —para garantir a maioria, são necessários 272.
No entanto, o partido de Modi, o Bharatiya Janata (BJP, na sigla em inglês) teve um desempenho pior do que em eleições anteriores e precisará negociar com os aliados regionais para governar.
Esta é a primeira vez em 10 anos que o partido de Modi não detém sozinho a maioria no Parlamento indiano. Os 240 assentos conquistados nesta eleição, segundo dados da Comissão Eleitoral, significam uma perda de mais de 60 cadeiras do BJP no Parlamento indiano.
O resultado das urnas mostrou um cenário diferente das duas eleições anteriores, quando sua sigla havia conseguido, sozinha, a maioria suficiente para governar sem a necessidade de alianças. Em 2019 e 2014, o BJP conquistou 303 e 282 assentos, respectivamente.
Horas antes da confirmação oficial da vitória de Modi pela Comissão Eleitoral, o primeiro-ministro reivindicou a vitória e disse que a foi “a vitória da maior democracia do mundo”.
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A disputa foi marcada pelo grande favoritismo de Modi, representante do nacionalismo hindu, durante a campanha.
As eleições na Índia, que são as maiores do mundo (leia mais abaixo), duraram sete semanas e terminaram neste fim de semana.
Com 44 dias de votação, centenas de milhões de eleitores e sete fases para a eleição. A apuração dos votos começou nesta terça (4) e os resultados saem rapidamente porque o país utiliza urnas eletrônicas.
A Comissão Eleitoral da Índia afirmou nesta segunda (3) que 642 milhões de pessoas foram as urnas no maior processo democrático do mundo, o equivalente a 66% de presença dos 969 milhões de eleitores aptos a votarem nas eleições deste ano. A população total da Índia, país mais populoso do mundo, é de 1,428 bilhão de habitantes, segundo projeção da ONU em 2023.
Eleições Gerais na Índia 2024
Quase 970 milhões de eleitores, mais de 10% da população mundial, eram aptos para eleger um novo parlamento na Índia por cinco anos até este sábado, 1º de junho de 2024 – Foto AP/Ashwini Bhatia
É tanto eleitor na Índia que a quantidade de pessoas que votaram equivale a mais de três Brasis — a população brasileira é de 203 milhões de habitantes, segundo censo de 2022 feito pelo IBGE. São 156,46 milhões de eleitores no Brasil, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral atualizados pela última vez em 2022.
“Batemos um recorde mundial, com 642 milhões de eleitores indianos. É um momento histórico para todos nós”, disse o presidente da Comissão Eleitoral, Rajiv Kumar, nesta segunda.
No entanto, o comparecimento às urnas foi aquém do esperado. Analistas indianos atribuem o percentual à esperada vitória de Modi e às sucessivas ondas de calor no norte do país, com temperaturas beirando os 50°C.
Foram instaladas mais de um milhão de seções de votação pelo país e fiscais eleitorais levaram urnas até regiões remotas, como povoados isolados em montanhas e reservas naturais, nos 29 estados e sete territórios menores da Índia, conhecidos como territórios da União.
Fiscais eleitorais escoltados por seguranças carregando urnas eletrônicas desembarcando na ilha de Baghmora Chapori, na Índia, após viagem pelo rio Brahmaputra, em 18 de abril de 2024.
AP Photo/Anupam Nath
Polarização pela religião
Há poucas dúvidas sobre a vitória do partido de Modi, o Bharatiya Janata (BJP), garantindo ao premiê um terceiro mandato consecutivo.
O primeiro-ministro Narendra Modi adota uma política nacionalista e cada vez mais misturada com o hinduísmo, religião de cerca de 85% da população da Índia. Modi já conduziu o seu partido a duas grandes vitórias nas eleições de 2014 e 2019, graças em parte a sua popularidade entre os hindus.
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Pesquisas de boca de urna projetam uma grande vitória para Modi e, se forem confirmadas – embora muitas vezes tenham errado o resultado na Índia – os nacionalistas hindus de Modi terão triunfado em uma campanha virulenta na qual os partidos se acusaram mutuamente de preconceito religioso e de representar uma ameaça para partes da população.
Desde o início das eleições, em 19 de abril, o pleito foi marcado por acusações de que Modi vem tentando colocar em conflito a população hindu, que é maioria no país, contra a minoria muçulmana. Poucos dias após o início da votação, Modi chamou muçulmanos de “penetras” em um comício eleitoral.
“O Modi tem mais camadas que a questão religiosa, mas a religião é o grande ponto de mobilização [de sua campanha]. Ele já entendeu que os muçulmanos não importam para sua reeleição”, disse ao g1 o professor de política internacional Tanguy Bagdhadi.
Durante a eleição, Modi também repetiu uma teoria da conspiração de que os muçulmanos um dia superariam em número a maioria hindu da Índia por terem mais filhos. “Se a oposição voltar ao poder, [eles] recolherão toda a sua riqueza e a distribuirão entre aqueles que têm mais filhos”, afirmou Modi. O Partido do Congresso não fez tais promessas, mas essa teoria foi repetida por políticos do BJP durante a campanha e apresentada em um vídeo na conta do partido no Instagram.
Muçulmanos rezam em frente a mesquita em Nova Déli, na Índia, em 11 de abril de 2024.
Manish Swarup/ AP
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Eleições de 2024 na Índia.
Equipe de arte/g1

Fonte da Máteria: g1.globo.com