Premiê israelense deixa claro que conflito prosseguirá, apesar do fim do chefe do Hamas. Benjamin Netanyahu discursa na ONU em 27 de setembro de 2024
Reuters/Eduardo Munoz
A morte do chefe do Hamas daria ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a chance de declarar vitória de Israel contra a organização terrorista que perpetrou, sob o comando de Yahya Sinwar, o massacre de 7 de outubro. Poderia também abrir o caminho de negociações para o cessar-fogo e o retorno dos 101 reféns que ainda são mantidos em Gaza — território transformado, no último ano, em terra arrasada com mais de 42 mil mortos.
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Não há indícios, porém, de que o assassinato do arquiteto do maior atentado terrorista em solo israelense represente, para o governo comandado por Netanyahu, um ponto de virada que encerre o conflito com o Hamas.
“A guerra ainda está em andamento e é custosa”, alertou o premiê em pronunciamento à nação, na tarde desta quinta-feira (17), para confirmar a morte de Sinwar.
Teoricamente o suposto objetivo perseguido pelo premiê, e propagado em discursos repetidos ao longo do último ano, foi alcançado: os principais comandantes do Hamas estão mortos e sua infraestrutura, desmantelada, às custas do sacrifício de civis. A campanha militar destruiu o enclave, deslocou a população palestina, desencadeou cercos e propagou a fome.
O governo não traçou publicamente como será o day after em Gaza. Mas, a contar pelas medidas tomadas até agora, o destino do território caminha na direção de uma ocupação prolongada.
Por outro lado, as negociações para trazer os reféns de volta estavam interrompidas há meses. O governo é sistematicamente acusado pelas famílias das vítimas de abandoná-los à própria sorte.
Netanyahu acenou, em seu pronunciamento, aos que mantêm os reféns em Gaza: “Serão poupados se entregarem as armas e os libertarem”, anunciou, numa tentativa de dirimir as preocupações crescentes de que os sequestrados possam ser executados, em retaliação à morte do chefe do Hamas.
O premiê é responsabilizado pelas falhas de segurança que levaram à infiltração de terroristas de Gaza e ao sequestro dos reféns, mas vem conseguindo reduzir a impopularidade com a campanha de assassinatos de comandantes do Hamas e do Hezbollah.
Para os israelenses, Sinwar representava o rosto do terror e do trauma sofrido como humilhação. Nesse sentido, seu assassinato equivale para o premiê a uma espécie de troféu a ser ostentado. O fim de Sinwar é, sem dúvida, um golpe duríssimo para o Hamas. Mas, a exemplo de outros antecessores assassinados por forças israelenses, ele deverá ser substituído.
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Fonte da Máteria: g1.globo.com