Colocar objeto sobre o teclado do computador e fazer falsas apresentações de PowerPoint são algumas das estratégias usadas por trabalhadores para simular que estão ativos. Funcionários adotam truques para fingir trabalho em home office
Jeswin Thomas/Unsplash
Quem trabalha em home office sabe que uma ida ao banheiro pode ser o suficiente para o computador entrar em modo de suspensão. E para as plataformas de comunicação da empresa mostrarem que você está “inativo”, ou seja, sem trabalhar.
Mas funcionários encontraram táticas para driblar esse sistema – e por mais tempo que o de uma pausa para o xixi 🫢.
Os truques vão desde deixar um objeto sobre o teclado do computador a comprar aparelhos específicos que fazem o mouse ficar em movimento constante (leia mais abaixo).
O objetivo é parecer ativo aos olhos dos chefes mesmo que estejam envolvidos em outras atividades não associadas ao trabalho.
Nos Estados Unidos, empresas têm adotado estratégias para descobrir essas armadilhas da era do teletrabalho e tentar flagrar se os funcionários em home office estão fingindo que trabalham.
O banco Wells Fargo, por exemplo, demitiu recentemente uma dezena de colaboradores por “simulação de atividades no teclado do computador”.
Algumas companhias também têm investido em instrumentos sofisticados e softwares de vigilância, cuja procura explodiu desde a pandemia.
Estas ferramentas são instaladas nos computadores da empresa e controlam a produtividade dos funcionários, através do monitoramento de seu local de trabalho, da atividade do teclado ou mesmo por meio da geolocalização.
Uma empresa de marketing com sede na Flórida teria instalado em seus computadores um programa que realiza capturas de tela a cada 10 minutos para vigiar a atividade dos trabalhadores, segundo a revista Harvard Business Review.
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🟢 Ativo… só que não
Tutoriais no TikTok ou YouTube ensinam como aparecer artificialmente ativo por meio, por exemplo, de falsas apresentações de PowerPoint para “quando precisa de um cochilo”.
“Clique em ‘slideshow’ e tudo funcionará”, garante Sho Dewan, um influenciador que se apresenta como um ex-recrutador que compartilha os segredos dos Recursos Humanos das empresas, em um vídeo no TikTok com milhões de visualizações.
Outra dica frequentemente compartilhada: abra um programa de escrita e coloque um objeto para pressionar uma tecla. A página é preenchida milhares de vezes com o mesmo caractere, mas o funcionário aparece ativo.
Contudo, o instrumento mais popular é o que permite mover o mouse e que pode ser comprado por 11 dólares (aproximadamente R$ 60 na cotação atual).
“Apertem o botão ao se levantar da mesa e o cursor se moverá aleatoriamente pela tela, por horas se necessário”, diz um usuário em uma avaliação do produto na Amazon.
Entretando, o risco de ser descoberto ao utilizar esses truques é significativo. Em uma publicação na rede social Reddit, um funcionário conta que foi demitido quando seu coordenador descobriu que ele usava um simulador de movimento de mouse.
Ao notarem que um software foi utilizado para simular este movimento, alguns internautas sugerem nos comentários que se recorra a um objeto físico e material que mexa o mouse de forma “indetectável”.
Cultura da produtividade
Alguns profissionais de recursos humanos consideram que a adoção dessas técnicas, pelos funcionários e pelas empresas, gerou a multiplicação da “encenação da produtividade”, o que leva o colaborador a fingir, inclusive de forma teatral, sua atividade.
Em uma pesquisa citada pela Harvard Business Review, algumas empresas destacam que monitorar secretamente seus funcionários pode ser perigoso para os empregadores.
“Descobrimos que os funcionários vigiados são muito mais propensos a realizar pausas sem consulta, danificar bens no escritório, roubar materiais e trabalhar de forma deliberadamente mais lenta” do que aqueles que não são sujeitos a este tipo de prática, segundo a revista.
Para A.J. Mizes, diretor de uma empresa de consultoria trabalhista, o uso de simuladores de atividades demonstra a existência de uma “cultura de trabalho focada muito mais em indicadores de desempenho do que na produtividade construtiva e nas relações humanas”.
“Em vez de estimular a inovação e a confiança, esta abordagem de vigilância não fará mais do que levar os funcionários a encontrar novas formas de parecerem ocupados”, disse o executivo, criticando uma “tendência preocupante de vigilância excessiva”.
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Fonte da Máteria: g1.globo.com