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Paixão psicótica: stalking de famosos pode ter elo com saúde mental, mas condição não é igual em todos os casos


Atriz Débora Falabella revelou que convive há mais de 10 anos com uma história de perseguição. Por se sentir próximo ao famoso, o perseguidor pode misturar realidade com fantasia e acreditar que tem um relacionamento com a vítima. Mulher persegue a atriz Débora Falabella há quase 10 anos
Reprodução; e João Miguel Júnior/TV Globo
Um telefone que não para de tocar. Mensagens que não param. Comentários, principalmente com teor negativo, nas redes sociais. Uma perseguição que pode durar dias, semanas, meses ou anos. Estamos falando do stalking, prática que se tornou crime no Brasil em 2021.
Stalking (perseguição, em português) é o crime por perseguir uma pessoa, seja no mundo on-line ou físico. O tema voltou ao debate neste fim de semana, quando a atriz Débora Falabella revelou que convive há mais de 10 anos com uma história de perseguição.
O primeiro encontro da stalker com a atriz aconteceu no Rio de Janeiro, em 2013. Quando a mulher – moradora de Recife – era somente uma fã, encontrou Débora no mesmo elevador e pediu uma foto (veja a cronologia dos eventos nesta reportagem).
A perseguidora da atriz foi diagnosticada com esquizofrenia, mas a prática de stalking pode ou não ter relação com transtornos mentais, explica Daniel Barros, psiquiatra e professor do Núcleo Forense do IPq – Instituto de Psiquiatria da USP.
“Quando a vítima é uma pessoa famosa, o stalker pode ter algum transtorno mental. A pessoa acredita, de uma forma psicótica, que alguém está apaixonado, que tem uma possibilidade de envolvimento. Já no stalking com anônimos é diferente. Pode ser uma questão de gênero, um término de relacionamento, sensação de injustiça, desejo de vingança”, diz.
Por se sentir próximo ao famoso, o perseguidor pode misturar realidade com fantasia e acreditar que tem um relacionamento com a vítima, que a admiração é recíproca. “Quando ela faz motivada por transtorno mental, ela perde o controle. Ela está doente e precisa ser tratada”, completa.
Stalking: entenda o que é esse crime, saiba identificar e veja como denunciar
Anny de Mattos Barroso Maciel, psiquiatra e terapeuta interpessoal pela Unifesp, lembra que todos nós somos “curiosos” e que está tudo bem ser um “stalker circunstancial”.
“É comum acompanhar um ídolo, a vida de um famoso, sob circunstâncias que não trazem prejuízo. O problema é quando ultrapassa limites, quando a pessoa vive uma realidade delirante, acredita que é próximo do famoso. Vira uma realidade que ninguém compartilha, realidade dele com ele mesmo”, aponta a psiquiatra.
Os especialistas alertam que a vítima de stalking pode desenvolver quadros de ansiedade importantes, estresse pós-traumático, depressão.
“O desgaste emocional é muito forte. A vítima adoece em função da situação de medo, fica o tempo todo tensa”, ressalta Daniel Barros.
“Por ser um fator emocional grande ao qual a vítima está submetida, ela pode romper na sua saúde mental o seu aspecto mais frágil. Se ela tiver um quadro ansioso, ele pode piorar, pode desenvolver um quadro de ansiedade generalizada, fobia social ou mesmo um quadro de pânico”, completa Anny Maciel.
Daniel Barros diz que o mais importante é não falar com o perseguidor e levar a sério a situação. “Falar com o perseguidor tente a aumentar esse comportamento. Avise a polícia, a família, amigos próximos. Deixe as pessoas saberem o que está acontecendo”.
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Daniel Ivanaskas/G1

Fonte da Máteria: g1.globo.com