“…Agora preciso que as luzes do palco se apaguem por um tempo, pra que se acendam novos caminhos, novas ideias. E, no tempo certo, eu volto! Por enquanto, nos vemos por aqui. Me espera?”
♪ ANÁLISE – Com esse pedido, feito com a segurança de que será atendida pelos seguidores, Sandy confirmou em rede social na noite de ontem, 17 de junho, a pausa na carreira que anunciara em maio.
A atitude da cantora e compositora paulista é sensata e expõe a inteligência emocional da artista de 41 anos completados em janeiro.
Enquanto o irmão Junior Lima esboça tardiamente o primeiro real voo da carreira solo com o lançamento do primeiro álbum feito sem estar em uma banda, Sandy Leah precisa de fato de um tempo para se reciclar.
Com o fim da dupla Sandy & Junior, dissolvida em dezembro de 2007, a artista teve tempo para maturar um álbum solo entre 2008 e 2009. O álbum Manuscrito veio ao mundo somente em 2010 e, mesmo sem ousadias, Sandy começou a delinear uma assinatura própria no universo pop em movimento que seria alicerçado pelo EP Princípios, meios e fins (2012) e pelo segundo álbum de estúdio, Sim (2013).
A questão é que o mercado fonográfico foi mudando ao longo dos anos 2010 e os aplicativos de áudio se consolidaram como o principal meio de difusão de discos e músicas, impondo regras e algoritmos.
Apresentado por Sandy em 2018, o projeto colaborativo Nós VOZ eles foi a tentativa da cantora de se atualizar no mercado, experimentando parcerias e gêneros musicais até então inéditos na discografia da artista, além de aderir aos feats. cada vez mais exigidos pela indústria da música. O projeto teve um desdobramento em 2022, com mais parcerias e singles.
A questão é que, entre altos e baixos, Nós VOZ eles por vezes soou artificial. A alma de Sandy parecia diluída entre tantos duetos e flertes com ritmos nem sempre talhados para o canto delicado da artista. Não era a Sandy autêntica dos álbuns Manuscrito e Sim.
Talvez a artista tenha percebido essa artificialidade. Talvez vem daí – da necessidade de Sandy de se reconectar com uma essência que parece estar perdendo – a decisão de dar uma pausa na carreira para se reciclar, para que se acendam novas ideias. E para decidir se, no retorno, no tempo que julgar certo, a cantora seguirá pelo caminho indicado pela voraz indústria da música ou se voltará a trilhar uma estrada íntima e pessoal que lhe traga a satisfação artística.
Fonte da Máteria: g1.globo.com