Extrema direita pode sair vencedora das eleições e indicar primeiro ministro. Bloco de centro e de esquerda tenta impedir que isso aconteça. Ciclista passa ao lado de cartaz de frente de esquerda em Paris neste sábado (6), véspera das eleições do Parlamento
Sarah Meyssonnier/Reuters
O segundo turno das eleições para o Parlamento da França acontece neste domingo (7). Serão eleitos 577 deputados para a Assembleia Nacional, o equivalente no Brasil à Câmara dos Deputados. Entenda abaixo como funciona.
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Convocação antecipada: as eleições foram convocadas antecipadamente no início de junho pelo presidente francês Emmanuel Macron, depois do resultado ruim de seu partido e do avanço da extrema direita nas eleições para o Parlamento europeu —o Legislativo de todos os países da União Europeia, com sede em Bruxelas. Macron, então, tomou a arriscada e surpreendente decisão de dissolver o Legislativo francês e marcar uma nova votação.
Sistema político diferente do Brasil: pelo sistema político da França, semipresidencialista, os eleitores elegem os partidos que vão compor o Parlamento. A sigla ou a coalizão que obtiver mais votos indica então o primeiro-ministro, que, no país europeu, governa em conjunto com o presidente —este eleito em eleições presidenciais diretas e separadas das legislativas. A maioria na França é obtida com 289 cadeiras.
Como funciona
Como funcionam as eleições legislativas na França
Na França, a eleição parlamentar obedece a um sistema complexo, que divide o território em distritos e aplica a regra dos 50% mais um voto (semelhante ao que é usado na escolha dos chefes do Poder Executivo no Brasil) para definir quem vai ocupar cada cadeira ao longo da legislatura.
Os legisladores são eleitos por distrito. Um candidato parlamentar precisa de mais de 50% dos votos para ser eleito diretamente em primeiro turno.
Caso contrário, os dois candidatos mais votados do primeiro turno, juntamente com qualquer outro que tenha obtido o apoio de mais de 12,5% dos eleitores registrados, avançam para o segundo turno.
Neste domingo, há mais de 300 segundos turnos nos distritos.
Em alguns casos, três ou quatro candidatos chegam ao segundo turno, embora estes possam desistir para aumentar as chances de um concorrente e evitar a eleição de um adversário maior – uma tática frequentemente utilizada no passado para bloquear candidatos de extrema direita.
O desafio é que os eleitores dos desistentes compareçam para votar. Uma eventual ausência enfraquece as alianças.
Espera-se que os principais líderes partidários definam a sua estratégia (de criar alianças ou desistir em prol de um concorrente) no intervalo de uma semana entre os dois turnos. Isso torna o resultado do segundo turno neste domingo altamente incerto, dependente de manobras políticas e da forma como os eleitores reagem.
Chance da extrema direita
Os líderes da extrema direita francesa, Marine Le Pen e Jordan Bardella, em junho de 2024.
AP Photo/Thomas Padilla
O Reunião Nacional, de extrema direita, tem chance de obter uma maioria absoluta na Assembleia Nacional neste domingo —ou seja, pelo menos 289 dos 577 assentos.
O pleito, que havia sido convocado apenas três semanas atrás, teve recorde de participação em quase 40 anos — na França, o voto não é obrigatório — e concretizou o favoritismo do grupo político de Marine Le Pen. O resultado seguiu o que projetaram pesquisas de intenção de votos.
O presidente Macron sugeriu uma aliança ampla entre “candidatos republicanos e democráticos” para o segundo turno das eleições, que acontecem em 7 de julho. Já Marine Le Pen pediu aos franceses que deem a maioria absoluta no Parlamento à sua sigla no segundo turno.
O cenário pode tornar o governo de Macron inviável na prática.
Governo de coabitação
Caso o presidente e o primeiro-ministro sejam de partidos políticos diferentes, a França entrará em um chamado governo de “coabitação”, o que ocorreu apenas três vezes na história do país europeu e que pode paralisar o governo de Macron.
Isso porque, neste caso, o premiê assume as funções de comandar o governo internamente, propondo, por exemplo, quem serão os ministros.
O primeiro-ministro atual, Gabriel Attal, é aliado de Macron, mas, se as pesquisas se concretizarem, quem deve assumir o cargo é o Jordan Bardella, de apenas 28 anos, o principal nome do RN, partido de Le Pen.
A Assembleia Nacional – equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil é a mais poderosa das duas câmaras do parlamento francês. Ela tem a palavra final no processo legislativo do Senado, que é dominado pelos conservadores.
Fonte da Máteria: g1.globo.com