‘Woman’s World’, faixa de estreia do novo álbum da cantora, estreou em 63º lugar no principal ranking dos EUA e não aparece entre as mais ouvidas do Spotify no mundo. Pop antiquado e participação de produtor acusado de abuso ajudam a explicar fracasso; leia análise. Katy Perry estreia nova era com discurso feminista e produtor acusado de abuso
Quase duas semanas depois do lançamento de “Woman’s World”, dá para dizer oficialmente que Katy Perry “flopou”. O single que marcou o retorno da cantora, quatro anos depois de seu último trabalho, acumulou fracassos nas paradas musicais:
“Woman’s World” estreou na posição 63 da principal parada de músicas dos Estados Unidos;
No ranking do Reino Unido, a música alcançou a colocação 47;
Nesta quarta-feira (24), ela não aparece na lista das 200 faixas mais escutadas do mundo no Spotify.
No VÍDEO acima, o g1 analisa “Woman’s World”, nova música de Katy Perry; assista
Katy Perry no clipe da música ‘Woman’s World’
Reprodução/Instagram
Divulgado no dia 11 de julho, “Woman’s World” é o primeiro single do “143”, sexto álbum de estúdio de Katy Perry e o primeiro desde 2020. O lançamento do disco está previsto para 20 de setembro, mesmo dia em que ela vai se apresentar no Rock in Rio 2024, na Cidade do Rock, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
A cantora se empenhou no marketing do lançamento, com aparições em eventos, entrevistas e transmissões ao vivo nas redes sociais. Em junho, para promover “Woman’s World”, ela foi a um evento de moda em Paris usando um vestido com a letra completa da música.
Críticas a produtor
Mas “Woman’s World” foi recebida com críticas. Para iniciar os trabalhos do novo álbum, Katy escolheu se apoiar no discurso feminista, com uma letra sobre a força das mulheres e um clipe com símbolos da luta contra o machismo. “É um mundo das mulheres e você tem sorte de viver nele”, diz o refrão da música.
Por trás da explanação, no entanto, há o nome do produtor Lukasz Sebastian Gottwald, conhecido como Dr. Luke, parceiro da cantora no “143”.
Em 2014, Luke foi processado pela cantora Kesha, por “abusos sexuais, físicos, verbais e emocionais”. Na ação, a artista afirmou que o produtor fez com que ela cheirasse uma substância antes de embarcar em um avião e, então, ele a violentou, enquanto ela estava dopada.
Em outra ocasião, segundo Kesha, Luke lhe deu pílulas e ela acordou nua na cama do produtor, sem se lembrar de como havia chegado até lá. Dr. Luke sempre negou as acusações e, em 2023, entrou num acordo com Kesha, que não teve os termos divulgados.
O compositor Lukasz Gottwald, que assina como Dr Luke, ao lado de Katy Perry
Reuters
Documentos revelados pela revista “People” em 2018 mostraram que Katy Perry chegou a depor à Justiça no caso, afirmando não ter sido estuprada pelo produtor.
Katy do passado
Antes da briga judicial envolvendo Kesha, Luke trabalhou com Katy nos álbuns “One of the Boys” (2008), “Teenage Dream” (2010) e “Prism” (2013). Alguns dos maiores sucessos da carreira da cantora — entre eles, “I Kissed a Girl”, “Hot n Cold”, “Teenage Dream”, “Last Friday Night”, “California Gurls” e “Roar” — tiveram a participação dele.
Luke ficou de fora dos créditos dos dois álbuns seguintes, os mais recentes lançados pro Katy: “Witness” (2017) e “Smile” (2020).
“Woman’s World”, a música de estreia do sexto disco, lembra mesmo aquela Katy do passado, não num bom sentido — o que também ajuda a explicar o fracasso nas paradas.
Katy Perry no clipe da música ‘Woman’s World’
Reprodução/Instagram
A faixa é um pop dançante, com referências dos anos 1980 e uma levada que parece legal no início, mas enjoa antes do primeiro minuto. A letra tenta ser política, mas é genérica, superficial. Todo o conjunto soa como um pop antiquado, sem ser nostálgico.
O clipe tenta recriar símbolos históricos através de uma perspectiva feminista. Mas o foco acaba sendo os corpos padrões de mulheres com pouca roupa. Sem diversidade e inovação, tudo parece meio deslocado no tempo.
Fonte da Máteria: g1.globo.com