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Quadrilha criava sites falsos e enganava vítimas em todo o Brasil com vendas de produtos inexistentes

Grupo criminoso foi responsável por golpes que envolveram mais de 2 mil vítimas em todo o país, criando lojas virtuais falsas. Polícia de São Paulo prende quadrilha especializada em golpes nas redes sociais
O Fantástico deste domingo (17) revelou que a polícia de São Paulo prendeu uma organização criminosa especializada em golpes nas redes sociais, responsável por enganar mais de 2 mil vítimas em todo o Brasil.
Os criminosos criavam propagandas falsas de produtos e as veiculavam no Facebook e no Instagram. O Fantástico conversou com Humberto de Alfredo Marcondes, que acreditou estar comprando um eletrodoméstico, mas acabou caindo em um golpe.
Ele acreditava estar comprando no site de uma das maiores redes varejistas do país, mas, na realidade, estava acessando uma das páginas falsas criadas pelo grupo criminoso.
“Me interessei por um preço de uma mercadoria, uma Airfryer. Adquiri, passando dados meus do meu cartão de crédito. Logo em seguida, esse fornecedor informou-me que pelo cartão de crédito não poderia ser possível, que eu fizesse um PIX”, contou.
Humberto disse que, no momento, não estranhou. “Durante os dois próximos dias, o criminoso fez contato comigo. Depois, passados esses dois, três dias, não tive mais o contato dele. Aí, estranhei tudo”.
Sites são idênticos aos oficiais
“Tratavam-se, na verdade, de sites clonados, fakes criados de maneira muito idêntica, a mesma página oficial era copiada nessa fraude”, contou o delegado que investiga o caso.
As mesmas fotografias de promoção, os mesmos produtos, exatamente a mesma camisa, a mesma calça, o mesmo fogão, a mesma geladeira, a mesma cor da página, tudo igual”, completou.
Os investigadores prenderam 20 pessoas em diferentes estados; sete ainda seguem foragidos.
A Polícia Civil de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, iniciou a investigação após uma denúncia. “Fomos procurados por um empresário da cidade. Ele dizia que vários consumidores entravam em contato com o seu site, o seu SAC, reclamando de produtos comprados e que jamais chegaram ao seu destino”, disse o delegado.
A polícia obteve capturas de tela do chefe do grupo criminoso, que mostram a montagem do clone de um desses sites. Segundo a polícia, o chefe dessa organização é Lucas de Giovani Garcia, de 22 anos.
No dia 6 de novembro, Lucas foi preso em Santo André, na região metropolitana de São Paulo. O jovem monitorava a quantidade de acessos aos sites clonados que ele criava — mais de mil pessoas entraram na loja falsa.
O segundo escalão do grupo, de acordo com a polícia, era composto por recrutadores responsáveis por convencer pessoas a “emprestar” suas contas bancárias para que o grupo movimentasse os pagamentos via PIX. A polícia se refere a essas pessoas como correntistas.
Se a vítima reclamasse, recebia respostas ofensivas: “Você é feia. Seu prejuízo foi quando você nasceu”, respondeu Lucas.
Assim que foi preso, ele confessou que era o responsável por orquestrar a fraude, conhecida como “falso site da internet”. “Estamos falando aí de somas que superam dezenas de milhões de reais”, disse o delegado.
Com parte do dinheiro roubado, Lucas viajava para assistir aos jogos do Corinthians. A defesa disse que ainda irá analisar o conteúdo das provas.
‘Plataformas também são responsáveis’
Para o diretor do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), as redes sociais que veicularam esses anúncios são diretamente responsáveis.
“Especialmente porque elas têm ganhos com esses anúncios. Quando está na rede social a pessoa fica mais vulnerável, porque aqueles anúncios aparecem como patrocínio. Para o consumidor comum, aquele anúncio passou por um crivo de legitimidade”, disse.
Durante a investigação, a polícia alertou a Meta, dona do Facebook e do Instagram, sobre um dos anúncios falsos. Dois dias depois, a empresa tirou a propaganda do ar.
Durante a investigação, a polícia alertou a Meta, dona do Facebook e Instagram, sobre um dos anúncios falsos. Dois dias depois, a empresa removeu a propaganda da plataforma.
Em nota, a Meta afirmou que atividades com o objetivo de enganar, fraudar ou explorar terceiros não são permitidas em suas plataformas e que a empresa está constantemente aprimorando sua tecnologia para combater atividades suspeitas.
“É importante sempre usar a própria internet, que foi o canal que você escolheu para efetuar a sua compra, como um canal de pesquisa prévia, verifique esse produto, verifique a loja”, orienta Rodrigo Bandeira, da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM).
“O Pix é uma transferência tão imediata que proporciona que esse dinheiro vá para uma conta, às vezes, não rastreável, não identificada. A grande maioria absoluta de lojas virtuais do Brasil trabalha com várias formas de pagamento”, completou.
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Fonte da Máteria: g1.globo.com