
Confirmação das tarifas derrubou os índices de ações das bolsas de valores dos EUA. Presidente dos EUA também prometeu também aplicar tarifas de importação a produtos agrícolas a partir de 2 de abril. Trump assina decreto na Casa Branca
Reuters/Elizabeth Frantz/File Photo
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta segunda-feira (3) que as tarifas de 25% de produtos importados de México e Canadá serão impostas a partir desta terça-feira (3).
“Amanhã — tarifas de 25% sobre o Canadá e 25% sobre o México. Vai começar”, disse Trump.
“Eles vão ter que ter uma tarifa. Então, o que eles têm que fazer é construir suas fábricas de automóveis, francamente, e outras coisas nos Estados Unidos, caso em que não haverá tarifas.”
No fim de janeiro, Trump anunciou que produtos de Canadá e México iriam pagar 25% de tarifas de importação para entrar nos EUA. Chegou a suspendê-las por 30 dias, mas reafirmou que as taxas de 25% entram em vigor amanhã.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que seu governo “tem planos A, B, C e D” para lidar com as tarifas de Trump. A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joly, disse há um nível esperado de “imprevisibilidade e caos que sai do Salão Oval”, e que o país vai lidar com isso.
A confirmação das tarifas a dois dos principais parceiros comerciais dos EUA derrubou os índices de ações das bolsas de valores dos EUA. O Dow Jones Industrial Average caiu 1,58% no dia, o S&P 500 caiu 1,78% e o Nasdaq Composite caiu 2,47%. (entenda melhor abaixo)
Desde a campanha, o presidente tem indicado que quer favorecer e dar prioridade à atividade doméstica dos EUA, limitando a concorrência estrangeira. Trump mirou produtos — como aço, alumínio, veículos, entre outros — e países.
O presidente dos EUA também elevou duas vezes as tarifas da China, e anunciou que pretende fazer o mesmo com a União Europeia, com taxas que também devem ser de 25%.
Novas tarifas em abril
Também nesta segunda-feira (3), Trump prometeu aplicar tarifas de importação a produtos agrícolas a partir de 2 de abril. O presidente dos EUA pediu aos agricultores americanos que se prepararem para vender seus produtos no mercado interno, suprindo uma possível queda de oferta de importados.
“Para os grandes fazendeiros dos Estados Unidos: preparem-se para começar a fabricar uma grande quantidade de produtos agrícolas para serem vendidos DENTRO dos Estados Unidos. As tarifas serão aplicadas ao produto externo em 2 de abril. Divirtam-se!”, disse o presidente Trump nas redes sociais.
Na mesma data, os EUA iniciam a cobrança de tarifas recíprocas a países que cobram taxas de importação de produtos americanos. Nesse caso, não há uma tarifa específica, mas uma orientação geral de reciprocidade aos países que impõem dificuldades ao comércio com os EUA.
A ideia é “corrigir desequilíbrios de longa data no comércio internacional e garantir justiça em todos os aspectos”, segundo um memorando da Casa Branca. Entre os exemplos para a política de tarifas recíprocas, o governo dos EUA citou o etanol brasileiro.
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Tarifaço de Trump
A imposição de tarifas pelos EUA está alinhada com as promessas do presidente Donald Trump de taxar seus principais parceiros comerciais. São países e produtos que os EUA têm déficit na balança comercial, ou seja, gastam mais com importações do que recebem com exportações.
Segundo Trump, a aplicação de tarifas visa lidar com déficits comerciais e problemas nas fronteiras, como a travessia de migrantes sem documentos e o tráfico de fentanil.
Medidas como o aumento de tarifas de importação e a política anti-imigração de Trump podem gerar mais inflação nos EUA. Além disso, a renúncia de impostos para favorecer as empresas norte-americanas é vista como um risco para as contas públicas do país.
Esses fatores indicam que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, terá mais dificuldade de controlar os preços, mantendo os juros elevados no país no país e prejudicando o investimento em bolsa de valores.
O cenário afeta o Brasil porque juros mais altos nos EUA fazem os títulos públicos norte-americanos renderem mais. Isso atrai investidores, que levam recursos para os EUA, valorizando o dólar frente a outras moedas. Esse conjunto de eventos altera o fluxo de investimentos no mundo todo.
A fuga de capital pode levar o Banco Central (BC) a elevar a taxa Selic no Brasil, impactando negativamente a atividade econômica brasileira. Além disso, o Brasil pode ser afetado por uma desaceleração da economia chinesa caso Trump confirme taxações elevadas contra os asiáticos.
Outro reflexo para o Brasil é o possível aumento de oferta de produtos chineses. Com os EUA importando menos do país, itens manufaturados asiáticos (com preços muito mais baixos) tendem a buscar outros mercados.
Fonte da Máteria: g1.globo.com