Mais de 30 pessoas lotaram o espaço de eventos do Departamento dos Direitos da Pessoa Com Deficiência (DPCD) da Prefeitura, nesta sexta-feira (14/6), durante a 1ª Roda de Conversa Anticapacitista. Pessoas com deficiência e familiares, servidores públicos e profissionais de saúde e educação estiveram no grupo.
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“A ideia foi conversar sobre a cultura da reclusão, do asilamento, uma herança do superado modelo manicomial e que se opõe à política de inclusão pela qual trabalhamos”, disse a diretora do DPCD, Denise Moraes, que fez a abertura do evento que, durante três horas, proporcionou a troca de experiências sobre ser e conviver com quem faz parte do segmento.
A psicóloga do órgão, Fernanda Primo, coordenou o bate-papo e observou que a cultura de institucionalização perderá espaço à medida em que o capacitismo contra pessoas com deficiência for desconstruído. “Ele foi construído a partir das barreiras sociais opostas à inclusão de toda diversidade funcional. Não só a falta de rampas e banheiros adaptados são barreiras, mas também as atitudes excludentes”, frisou.
Segundo o Censo 2022, Curitiba tem 1,77 milhão de habitantes. Destes, cerca de 400 mil (pouco mais de 20%) têm algum tipo de deficiência.
Vivências e oportunidade
Para o professor de Educação Física e palestrante João Vítor Mancini, a roda de conversa foi “cativante e enriquecedora”. “O capacitismo está aí, por toda parte. É não acreditar no potencial de uma pessoa com deficiência como eu e a resposta a esse descrédito vem com a inclusão. É isso que possibilita dar o nosso melhor”, disse. O educador é formado há dez anos e, atualmente, dá aulas para crianças de 4º e 5º ano de uma escola de ensino regular.
Laura Franca é mecânica industrial mas está estudando Terapia Ocupacional para atuar com pessoas com deficiência. O interesse, contou, veio da convivência com pessoas do segmento. A irmã gêmea tem deficiência motora e o filho de uma grande amiga é autista. “Com o meu futuro trabalho, penso em ajudar as pessoas a terem autonomia, algo fundamental para a autoestima”, disse a estudante, que se emocionou com as histórias ouvidas dos participantes da roda. “Esperava algo sistemático, mas me surpreendi: foi uma oportunidade para expandir o entendimento sobre deficiência”, disse.
Luta diária
Zilda Aparecida Rodrigues é servidora municipal e trabalha em uma unidade de saúde. Surda, já enfrentou situações de preconceito no trabalho e no ambiente familiar. “Faço as pessoas entenderem que sou surda, uso aparelho mas posso dar conta das minhas obrigações onde quer que eu esteja”, afirmou. Para ela, oportunidades como a roda de conversa podem chamar a atenção da sociedade. “É muito importante combater o capacitismo e corrigir a ideia errada que fazem sobre nós”, completou.
Mãe de um menino de 9 anos que desenvolveu uma síndrome rara, a fisioterapeuta e influenciadora digital Letícia Fanini acredita que a troca de experiências sobre capacitismo foi importante também para entender como se dá a convivência com pessoas com deficiência em outras áreas de atuação. “É necessário para conhecer as dificuldades para a inclusão, seja na sala de aula ou na administração pública, e tentar ajudar a superá-las”, disse.
A próxima roda de conversa do Departamento dos Direitos da Pessoa Com Deficiência sobre capacitismo está sendo organizada para novembro.
Fonte da Máteria: www.curitiba.pr.gov.br